quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

As aventuras de Capitão Lagrange
Capítulo IV
Os Piratas
( Parte 9 )

Continua daqui. Pode ver um resumo da história até agora aqui.
No hospital, os piratas revistavam todos os doentes, médicos, enfermeiros.
O computador central estava desactivado. Assim que viu o hospital a ser invadido, o próprio Ross deu a ordem de despejar o stock de protanerobacters existente no laboratório em cima do CPU central e nos sistemas de backup.
Não se podia entrar nem sair do hospital.
Perguntaram a PéNaCov, se tinha visto Lagrange. Respondeu que não o via há dias, desde o bombardeamento.
A Ross foi apontada uma arma.
– Temos aqui algumas centenas de pessoas. Algumas chegaram cá desfiguradas. Ele pode ser qualquer um deles. Eu sinceramente não tenho memória para me lembrar de toda a gente, nem posso garantir se ele é ou não um dos desfigurados.
– Sabe, eu posso acabar com os seus pacientes todos e o caso fica resolvido.
– Mas não fica com a certeza de o ter eliminado.
– Não se preocupe... Se dentro de cerca de 11 horas ele não aparecer, toda esta região é bombardeada e destruída, começando pelo seu hospital, com os seus preciosos pacientes..
– Posso perguntar porque procuram esse homem?
– Porque o queremos morto! Aqui quem faz as perguntas sou eu!
O pirata empurrou Ross para o chão.
– Está bem chefe? – Perguntou-lhe o dr. Joaquim
– Não, não estou bem, mas vou sobreviver. Precisamos de pedir à Cristina para esconder o paciente num sítio seguro e pouco provável de ser encontrado. Acabo de partir o meu comunicador – sussurrou Ross.
– Encontrei o Rui inconsciente com o comunicador dele destruído.
– Temos de salvar o paciente... avisa a Cris.
O Joaquim levantou-se e foi para uma cabine já revistada.
Vários piratas armados estavam nos corredores.
Ross levantou-se e foi em direcção a PéNaCov, que estava na sala de espera. Sentou-se ao lado dele.
– Este senhor Lagrange parece ser muito importante. Tive o sr. Óxinol a perguntar-me por ele, depois houve a história que me contou e agora isto.
– Ele está aqui?
– Está em coma, lá em cima numa sala de acesso limitado.
– Em coma?
– Levou uma valente sova.
– As nanites dele não funcionam?
– O senhor também sabia que ele tem nanites?
Usando o seu comunicador, Joaquim pediu a Cristina que escondesse Lagrange e que não deixasse os piratas que deviam estar a aproximar-se saber que ele estava ali.

Alguns minutos depois, os piratas armados chegaram ao quarto e não viram ninguém. A cama estava feita, e o equipamento desligado..
– Com esta nave sobre-lotada esta cama está num sítio de acesso reservado e vazia. Aqui há gato...
– Gato nenhum. Este quarto está reservado a doentes que tenham necessidades especiais. – respondeu Cristina.
– E onde estão eles?
– O último paciente que tivemos aqui faleceu há dois dias.
Os três piratas que ali estavam revistaram tudo, não encontraram nada e saíram.
Cristina enviou mensagem escrita para Joaquim.
“Paciente está salvo. Aguardo novas instrucções.”
Os piratas continuaram a vasculhar o destruidor.
Ross continuava sentado ao lado de PéNaCov
– Disse que Glorie é bisneta dele?
– Sim é.
– Suponho que não seja uma coincidência ela e ele estarem cá?
– Não é. Ela veio cá sabendo que iria se encontrar com ele.
– Como é que se consegue vir até cá propositadamente mas não se consegue sair daqui?
– Não sei. Não sou cientista... Sou apenas um agente que perdeu a mão direita.
– Pode me dizer alguma coisa sobre as nanites dele?
– São nanites imperiais avançadas.
– São exclusivas para o pessoal que trabalha com um imperador?
– A partir de 2030CO são recomendadas a todos os cidadãos dos impérios. A partir de 2070CO são raros os humanos que não têm.
– Como é que sabe disso? É de que época?
– Sou da sua época. Sei porque antes da Hara ter sido nomeada rainha, tive acesso a bases de dados de várias épocas. Depois entreguei-lhe todas .. mas não esqueço o que li. Recentemente tive acesso a um outro texto com cerca de dez mil anos que conta a nossa história.
– Isso é de doidos. Espero que lhe façam avaliações psicológicas regularmente.
– Sim, é obrigatório na minha profissão.
Joaquim chega e senta-se ao lado de Ross.
– Senhor, parece que o paciente está seguro por enquanto.
– Agora precisamos de decidir o que fazer até acabar o prazo..
O pirata responsável pela invasão do hospital aproximou-se de Ross.
– Como eu não nasci ontem saber porque foi que inutilizaram todo o sistema informático da nave.
– Não sei do que fala – Respondeu Ross.
– É verdade senhor. Os computadores estão doidos. – Interrompeu Joaquim – E já estão assim há algumas horas.
– E só me dizem isso agora?
– Deixem-se de teatro.– interrompeu o pirata, sacando da arma e apontando-a à cabeça de Ross.
Os outros piratas olharam para Ross.
– Eu sou o chefe médico, mas não passo de um médico. Falem com o pessoal do sector de informação. Eles podem dar-lhes respostas que eu não tenho
– Não me vou vou dar a esse trabalho. Se o tal Lagrange não aparecer, dentro de algumas horas isto é tudo destruído e não me faz diferença. Só quero que vocês saibam que eu sei que me estão a esconder alguma coisa, e por isso mesmo, vou manter um pequeno grupo de homens aqui.
Guardou a arma, e foi falar com outros piratas.
– Onde está o Rui? – Perguntou o Ross
– Estava deitado no chão, frente a um comunicador na sala de reuniões. Um dos terroristas deixou-o inconsciente, mas não tem danos permanentes – Respondeu Joaquim.
– E o nosso paciente?
– A Tina escondeu-o na tubagem do sistema de ventilação e tapou a entrada com um armário vazio.– Sussurrou Joaquim.
– Agora só temos de resolver a situação de os tipos nos irem bombardear se o homem não aparecer..
– Entreguem-lhes Lagrange – respondeu PéNaCov.


(continua)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

As aventuras de Capitão Lagrange
Capítulo IV
Os Piratas
( Parte 8 )

Continua daqui. Pode ver um resumo da história até agora aqui.

– Escute! Se pudéssemos fazer mais alguma coisa por si já teríamos feito. Qualquer coisa que me diga não vai mudar isso. Olhe à sua volta. Com a quantidade de pacientes que temos acha mesmo que temos material para tudo? Nós temos feito o que podemos! Se algum dia regressarmos à civilização, qualquer hospital reconstroi-lhe a mão e esse pequeno bocadinho que perdeu do braço. Nem vai notar diferenças com a mão que perdeu. Aqui, não conseguimos mesmo fazer melhor do que aquilo que já tem.
– Eu sei que você, não consegue! Eu quero a opinião da Dra. Boavida.
– A Dra Boavida não se encontra cá. Mas se isso o fizer feliz, assim que ela voltar cá eu aviso-o.Depois de eu falar pessoalmente com ela.
– Está bem, mas exijo ser eu a falar primeiro com ela. Vou sentar-me aqui à espera.
– Por mim, se isso o fizer feliz, espere. Eu não sei quando é que ela volta. Pode demorar. Só peço que esteja preparado para ouvir uma resposta semelhante à que lhe dei.
– Eu espero.
Serguei sentou-se num banco frente à sua cama, olhando para Ross.
Ross encolheu os ombros e saiu.

Entretanto, longe dali, Laura e o pequeno grupo tinham parado para descansar num corredor iluminado artificialmente.
– Sem NIA, acha mesmo boa ideia prosseguirmos? – Perguntou Gonzalez.
– Neste preciso momento não temos nada a perder. – Respondeu Jovian.
– Eles disseram-nos que monitorizavam as nossas comunicações. – observou Gonzalez.
– Se monitorizam, até agora não moveram uma palha para nos ajudar. – disse Tretus.
– Não nos precipitemos. Nada de tirar conclusões sem conversarmos com eles. – Pediu Laura.
– Eu estaria mais confiante se tivéssemos um um caça e a rapariga robot. – Desabafou
– Sei que a pergunta parece estúpida. Por aqui vamos ter à cidade dos robots? – Perguntou Hic
– Não, temos um cruzador escondido lá em baixo. – Respondeu Laura
– O quê? Vocês tiveram uma nave escondida este tempo todo? – Perguntou, chocado Gonzalez.
– Se não tivéssemos esta nave guardada e abastecida, era muito improvável que chegássemos a Robótica.– Respondeu Laura
– Espere... já sabia que íamos precisar dela? Teve informações do futuro? Seja lá o que “futuro” significa nestes dias. – Perguntou Jovian
– A ordem de guardar esta nave veio da própria rainha. E antes que perguntem, PéNaCov tem conhecimento da existência deste cruzador, só não tem as autorizações necessárias para o por a andar.

Entretanto, em sua casa, Glorie dormia quando o comunicador começou a apitar e a acordou.
Olhou para NIA que dormia, e atendeu o comunicador, e deixou em modo de apenas audio.
– Sim?
– Sou eu, o Rui. Tenho más novidades para ti.
– Começo a habituar-me. Que se passa?
– O paciente PéNaCov teve alta mas recusou-se a sair. Disse ao chefe que quer a tua opinião porque sabe que tu és do futuro.
– Eu nem conheço o homem de lado nenhum. Só sei que aqui era comandante das forças de segurança. Onde foi que ele arranjou essa informação?
– Ele trabalhava para os serviços secretos da aliança. Sabe-se lá o que ele sabe.
– Estou a ver...
– Mudando de assunto, a rapariga que foi violada, está contigo? A Natália contou-me que é um andróide.
– Sim, é. Estava agitada. Dei-lhe um calmante e ela adormeceu.
– Deste um calmante a um andróide?
– Esta andróide não tem nada a ver com os andróides a que nos habituámos. Tem sentido de humor, ciúmes, se lhe fizeres um corte ela sangra, se ela correr, transpira. Se a magoares ela sente e chora. É … humana!
– Incrível.
– Há milénios que não tínhamos violações. Não sei como lidar com isto.
– Pelo que percebi, és a melhor pessoa para tratar do assunto. Nenhum de nós saberia o que fazer.
– Estão a bater-me à porta. Espera, vou ver o que se passa.
Glorie vai à porta.
Era um dos seguranças do edifício.
– Boa noite doutora. Os terroristas fizeram-nos um ultimato. Querem que lhes entreguemos este homem até amanhã, vivo ou morto ou bombardeiam todas as nossas instalações, começando pelo hospital. Peço desculpa, mas temos de revistar a sua casa.
E mostra-lhe uma foto de um Lagrange uns anos mais velho.
– Eu aqui só tenho uma amiga que não está bem, podem revistar à vontade. Por favor não a acordem.
– Com a sua licença.
Os homens entram e revistam tudo.
Glorie volta ao comunicador.
– Ouviste?
– Sim, ouvi. Deve ser por isso que estamos a ser invadidos pelos terroristas
“Eh tu! Desliga isso. Bzzz..”
A chamada caiu.

Glorie olhou para NIA. Um dos homens desabafou-a e voltou a abafá-la.
Glorie desligou o comunicador.
Passados alguns minutos, o chefe deles aproxima-se dela e diz:
– Mais uma vez peço desculpa.
– Porque é que os terroristas querem esse homem? E o que é que querem fazer com ele?
– Esta tarde eles mataram três homens à minha frente. Optei por não fazer perguntas. Mas eu não gostaria mesmo nada de estar na pele desse pobre coitado.
– Obrigado senhor Williams.
Assim que Glorie fechou a porta não conseguiu reter uma lágrima que saiu do seu olho direito.

(continua)

Reescrevendo ACL e HU25

Para evitar possíveis atritos legais com a GameForge, estou a reescrever os primeiros capítulos de ACL e HU25, limpando todas as possíveis referencias ao oGame, para poder submeter os textos para publicação.

Manterei a designação "Universo 25" para o universo e haverá uma explicação para a designação em ACL.

A 8ª parte do capítulo IV de ACL está quase pronta, e tenciono postá-la ainda hoje.
Existe uma nova sondagem na página de sondagens. Assim que me for possível trato das cores daquilo.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Acordo, ortografia e caos

Antes de mais, quando falo em caos neste blog, não me refiro à matemática teoria do caos .
O chamado Acordo Ortográfico tem gerado muito desacordo entre os cidadãos de expressão portuguesa, e a situação não é para menos. O Acordo está a impor uma evolução que não é natural na língua, e criou uma 3ª variante da Língua Portuguesa.
Já tínhamos O português de Portugal e o português do Brasil, mas agora, para além dessas duas temos o "Português acordês".

Pergunto se será normal sermos o único país no mundo com alfabeto latino onde se escreve "Egipto" sem p, ou seja, "Egito", como já vi em telejornais nacionais.

Este acordo tem vários problemas. Em vez de gerar uma unificação na língua está a fazer o contrário.
Não reconheço, em Portugal, autoridade a nenhuma instituição para nos impor uma nova grafia.
Ter o estado a impor o AO como obrigatório a mim parece-me uma decisão ditatorial.
E o estado português é um estado que tem sido mal gerido, mal governado e cometido erros bem graves ao longo dos últimos anos.
Serei obrigado a aceitar que queiram impor-me leis artificiais arquitectadas por supostos intelectuais que mais parecem pessoas que devem ter tido graves problemas com a disciplina de Português?
É o mesmo estado que me rouba diariamente, que me impõe um suposto acordo que foi mal cozinhado, em que parece que simplesmente atiraram os ingredientes para dentro de uma panela e esqueceram-se de a aquecer depois, dando-nos a comer os ingredientes crus.

Nas TVs, jornais e internet o "Acordo" muda conforme quem escreve. Isto é grave.
Sou matemático. O meu conhecimento da língua é limitado, visto que estou habituado a livros geralmente técnicos, e já raramente os leio em português, mas mesmo assim, há uma coisa que me incomoda. No Brasil, "Integral" (o conceito matemático) tem um substantivo feminino. Em Portugal, é masculino. Com o acordo, o Integral passa a ser hermafrodita?

Aqui, neste blog, quando escrevo histórias, confesso que não me importo muito com o português. O meu objectivo é apenas contar uma história.
À conta desse descuido, um leitor mais atento poderá encontrar alguns (ou mesmo muitos) erros de várias naturezas, que acabei por herdar do caos linguístico que foi gerado pela imposição mal pensada de um acordo, também ele mal pensado e mal divulgado.

Tenho corrigido e continuo a corrigir vários textos para a grafia e o português pré-AO, mas não o tenho feito no blog.
As versões corrigidas poderão ser lidas um dia no futuro, em livro.

Não tenho qualquer problema em reescrever as histórias em português do Brasil se for necessário. Mas não me imponham este AO por favor.

Agradeço a todos os leitores e visitantes habituais do blog as visitas e as opiniões.

PS:Penso que terei de alterar as previsões de datas dos próximos textos.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Histórias do Universo 25
V - O erro do Imperador
( Parte 4 de 4 )

– Portanto, também tenciona ocultar essa informação ao imperador Poeta.
– Por favor, deixe a minha mente em paz!
– Não pense que gosto de fazer isto. Seja como for, obrigado pelo cumprimento.
– Cumprimento?!
– Acha-me atraente.
– Não faça isso! Por favor!
– Está bem. Se quer a minha opinião, é um erro pedir ajuda ao imperador Poeta e não lhe contar das nanites.
– Portanto, acha que eu errei ao ocultar isso do senado, e que é errado não contar ao Poeta. Permita-me discordar. A ignorância é uma felicidade!
– Para além de Lagrange, alguém naquela frota sabe disso?
– Espere lá! O David Lagrange sabe?
– Ele era o homem dela. Não é totalmente descabido pensar que ela lhe contou.
– Você sabe que ele era o homem dela?
– Se você não se roesse de inveja dele, provavelmente eu não teria visto isso nos seus pensamentos.
– Vamos parar com isto! – disse eu num tom enfurecido – A minha mente é privada. Não tem o direito de a invadir sem a minha permissão. Foi para isto que me pediu que viesse aqui?
– Como eu disse isto é um dom e ao mesmo tempo uma maldição. Em primeiro lugar tenho de deixar-lhe um alerta.
Até hoje o senhor foi o homem que li mais facilmente. Imagine se algum dos outros impérios metesse um espião telepata na sua corte.
Em segundo,compreendo que oculte coisas ao senado. Mesmo sabendo o que se passa na cabeça das pessoas, muitas vezes é muito complicado montar o puzzle. Compreendo que quer tentar salvar a sua amiga... e só agora percebi que precisa mesmo de ter a certeza que não é possível trazê-la de volta para poder permitir que a desmontem para estudo. E também compreendo como é que o império pode benificiar da tecnologia.
Em terceiro lugar. Eu ainda não estou preparada para estar no senado conseguindo ver as mentes de toda a gente. Achei que conseguiria, e que este dom seria um trunfo, mas agora vejo que as coisas podem não ser tão simples.
– Há quanto tempo tem esse … “dom”?
– Desde que nasci.
– E ainda está assim tão indisciplinada em relação a ele?
– Eu nasci e cresci na ilha da mancha vermelha. Lá as pessoas são mais simples e honestas. Aqui na capital é que as pessoas escondem o que sentem, mentem, manipulam.
– Agora compreendo. O sistema achou que eras perfeita para o cargo. Pelo que vi lá dentro e aqui, não vou discordar. Vou pedir a uma amiga minha, a minha conselheira Ítaca Troy que passe por cá e a ajude a orientar-se. Pode contar-lhe tudo. Ela é de confiança.
– Troy... também gosta muito dela.
– Por favor, tente não ver tanto o que está na mente das pessoas.
– Desculpe. Não foi por mal.
– Como é que lida com as outras pessoas?
– Eu mantenho-me isolada o máximo que posso. E esforço-me por ignorar o que vejo. Sabe... Este grupo de senadores tem as pessoas mais honestas da cidade.
– Obrigado por partilhar isso. Está a dizer-me que o sistema faz aquilo para que foi criado!
– Por isso é que acho que é errado ocultar-lhes informação dessa natureza.
– Está a dizer-me que não ocultou o seu dom deles?
– Eles sabem. Caius acha que eu estou preparada para o senado, mas não para a cidade.
Por favor, mande-me a sua amiga Troy. Pelo que a sua mente me mostrou, ela pode ser mesmo a pessoa ideal para me ajudar.


Andrómeda tinha sido nomeada para substituir Tiago, um senador que tinha atingido a idade da reforma. Era a primeira vez que havia uma substituição desta natureza no senado. Foi-me apresentada aquando da substituição, mas esta era a primeira vez que eu falava só com ela.

Quando regressei ao palácio, Tinha Troy à minha espera.
– Como foi o senado?
– O habitual. Quero pedir-te um favor.
– Um favor? Diga lá!
– Preciso que avalies psicologicamente uma telepata, e, se passar na tua avaliação, que a prepares para um dia ser minha conselheira.
– Tenciona despedir-me?
– Não, nada disso. Apenas dar-te uma colega de trabalho.
– Quem?
– A senadora Andrómeda.
Troy olhou-me.
– Está descontente comigo?
– Não! Só quero corrigir um erro meu.
– Um erro seu? Nunca me dei conta de erros seus.
– Andrómeda até me acusou de vários. Só que não os considero erros. São riscos necessários.
– Acusou-o? É ousada!
– É uma telepata indisciplinada. Preciso que a ajudes a disciplinar a mente.
– E esse tal erro seu?
– Tenho estado a sobrecarregar-te de trabalho, que, mesmo estando habilitada, muitas vezes não faz parte das funções. Esse tem sido o meu erro. O incidente com NIA, fez com que tu e Solo perdessem as férias em Ria.
– Isso foi decisão nossa! NIA era nossa amiga!
– Sim, eu sei. Como funcionários da corte, e pelo bom trabalho realizada vão ter direito a mais tempo livre. Se Andrómeda passar na tua avaliação estarás a treinar uma futura colega de trabalho.
– Ela vai ser simultaneamente conselheira e senadora?
– Ela ainda não sabe. Mas quando abandonar o senado será minha conselheira.
– Como pode ter tanta certeza?
– Eu sou o imperador.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Histórias do Universo 25
V - O erro do Imperador
( Parte 3 de 4 )

Seguiu-se uma acesa discussão. Mesmo tendo  esclarecido que se tratava de uma missão não oficial do império, e portanto, fora das competências do senado, perguntaram-me se seria sábio deixar os homens de um império já tremendamente evoluído por as mãos em tecnologia daquela natureza. Era um risco que eu não só estava disposto, como precisava de tomar.
O pior é que, eu ainda sabia de uma coisa que não tinha lhes havia contado, nem contei.
Mas havia uma pessoa que passou a sessão toda com os olhos fixos em mim, que me olhava como se soubesse.
Assim que a sessão terminou, Andrómeda continuou a olhar-me fixamente e ao contrário dos outros senadores não saiu do local.
Ouvi a sua voz na minha mente.
“Eu sei.”
Pensei que fosse apenas a minha imaginação, sorri-lhe e saí. Ao chegar à porta, voltei a ouvir na minha mente.
“Volte para trás e enfrente-me.”
Virei a cabeça para trás. Ela continuava a olhar fixamente para mim.
Então, voltei para trás. Pedi aos meus guarda-costas para me esperarem.
Voltei a entrar no senado. Já todos tinham saído, excepto ela.
– Está tudo bem consigo?– Perguntei.
– Não estava a imaginar.– Disse-me ela em voz baixa.– Eu sou telepata. Eu sei o que não nos contou.
– Como?
Ela olhou-me nos olhos.
“Por favor. Aqui, tudo o que dissermos fica gravado...”
Ouvi-a claramente, mas sua boca estava fechada.
Olhei à volta e não vi mais ninguém.
“Não, não está mais ninguém aqui e não se trata de nenhuma forma tecnológica de nanocom. Por favor, vá ter ao meu gabinete.”
E saiu enquanto eu olhava para ela. Seria possível? Uma telepata no senado?
Tornei a sair e pedi aos meus guarda-costas que me levassem ao gabinete da senadora Andrómeda, que, para ser honesto eu não sabia onde era.
Levaram-me. Bateram à porta. Ela abriu, e eu entrei, deixando os homens lá fora.
– Aqui nada fica gravado. Nem mesmo com encriptação, e eu sinto-me mais segura.
– Como é que...?
– Eu sou mesmo uma telepata. O seu precioso sistema que escolhe as pessoas para o senado, seleccionou-me. E sim, eu sei o que nos ocultou.
– Sabe?
– Sim, eu sei das nanites do sistema de regeneração da sua amiga NIA.
– O que têm as nanites da NIA?
– Não se faça desentendido comigo. Eu estou a ver a sua mente enquanto falamos. Preciso mesmo de lhe dizer verbalmente?
– Por favor, faça-me a vontade.
– Num hangar suficientemente evoluído, aquelas nanites permitem construir frotas enormes e poderosas muito rapidamente.  As nanites de NIA, em número suficiente, num dos nossos hangares conseguem fazer com que se fabrique uma enorme frota de estrelas da morte em segundos, e... o corpo de NIA tem a capacidade de produzir essas nanites.
Sim! Ela sabia! Aquele era um segredo que apenas era conhecido por mim e por NIA. A equipa especial que passou três anos com os holo-esquemas dela, para a tentar evoluir a nossa tecnologia teve imensas dificuldades em compreender o funcionamento básico daquele andróide. Acreditar que os homens do Poeta passariam pela mesma dificuldade era uma aposta... Ou seja, a missão poderia ser um grande erro.
Andrómeda aparentemente, tinha simplesmente extraído a informação de mim.
– Talvez tivesse sido mais correcto destruir o que resta de NIA. Não é preciso ser uma telepata para saber que teve uma paixoneta pela andróide! Mas não está à espera de convencer o resto do universo de que não tem interesse naquelas nanites!
Eu estava mesmo sem palavras. E ainda incrédulo.
– Cometeu um erro grave! Contou-nos muita coisa, mas ocultou-nos uma informação fundamental.
– Eu não estou a confirmar nem a negar o que diz.
– Não precisa. Para mim é suficiente saber que lhe disse isto na cara. Você é o imperador, você faz o que quer e entende. Não gosto, mas aprendi a respeitar e até comecei a admirar o seu trabalho. Tem sido respeitável com todos nós e feito verdadeiros milagres na evolução do império.
– Essas nanites não foram capazes de a reanimar. Acho que não são assim tão especiais.
– Eu sei tudo o que lhe passou pela mente enquanto estivemos lá dentro. As horas que passou a decidir se devia ou não salvar NIA. Se não seria mais seguro para todos ter,  por exemplo, cremando o seu corpo ou tê-lo enviado para uma estrela. Até estou a ver que aquelas nanites são resistentes às protanerobacters de Cronos! 
Eu compreendo porque preferiu salvá-la, sacrificado o que lhe parecia ser lógico.
Mas, sendo eu uma cidadã deste planeta, um membro do senado, não posso concordar com a missão de salvamento.
– As suas habilidades telepáticas constam do seu processo?
– Constam sim senhor. Nunca as escondi.
– Gostaria de trabalhar como minha conselheira?
– Não seria apropriado. Eu estou no senado.
– Abandone o senado, eu preciso de uma conselheira com os seus talentos.
– Telepata?
– É a primeira telepata que conheço.
– Eu sei. Também sei que está a imaginar o potencial de uma telepata nos serviços secretos, na agência da aliança, entre os seus seguranças, ou mesmo como imperatriz.
– Como é que faz isso?
– É um dom. mas não fuja ao assunto. Porque é que não nos contou sobre as nanites?

Eu nem precisei de abrir a boca. Os motivos vieram-me imediatamente à cabeça e ela viu-os.
Eu era um livro aberto para esta mulher!


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Histórias do Universo 25
V - O erro do Imperador
( Parte 2 de 4 )

– Caros senhores, todas as vossas questões são relevantes. Não tenho respostas para tudo. As questões sobre os DRH a mim incomodam-me imenso, por eu próprio as ter colocado às nossas forças de segurança. A investigação está entregue aos serviços secretos da aliança, que estão a trabalhar em estreita colaboração com os nossos.
Assim que eu estiver na posse de um relatório com respostas, o presidente Arfen receberá uma cópia que partilhará convosco.
Senadora Andrómeda, a prisão em Phobos está munida de um escudo que devia ser seguro contra teletransporte, mas mesmo assim, o teletransporte foi efectuado. Pensamos que os DRH podem estar a usar uma nova versão da tecnologia. Temos os centros mais avançados do império a utilizar a nossa rede intergaláctica de pesquisas na exploração dessa mesma tecnologia.
Até termos mais informação, não há nada que possamos fazer a não ser esperar que os centros arranjem uma solução.
Senadora Belalinda! As naves enviadas não representam 0.01% da frota astral do nosso império. A verdadeira dimensão da frota é segredo da FAI. Como membro do senado já devia saber que, se lhes pedir essa informação, ela é-lhe dada.
Partilho da sua preocupação que vejam a missão como uma missão hostil, mas tendo em conta a tecnologia contida naquelas naves, recusei-me a enviar a missão sem protecção.
Senador Caius, a caixa de cristal, estava destinada a mim. Não é um mero caixão. É uma caixa de preservação temporal, que está na minha posse desde que uso o título de imperador. Após a minha morte um guardião colocará lá o meu corpo e levá-lo-á para uma pirâmide noutra dimensão.

Assim que disse estas palavras vários senadores levantaram os braços.

– Meus senhores, ainda não respondi a todas as questões colocadas. O segredo da caixa está bem seguro, e apenas Lagrange e Hamilton sabem dele. Mais ninguém sabe o que a caixa é, nem a conseguem sequer abrir.
Cedi a minha caixa porque pareceu-me ser a única forma segura de preservar NIA.
Senhores senadores, NIA é minha amiga pessoal, e admito que durante algum tempo estive fascinado por ela.
A missão, é o meu contributo numa tentativa de salvamento de uma amiga.

Andrómeda levantou o braço, enquanto todos os outros senadores começaram a conversar entre si.
Olhei para Arfen e fiz sinal afirmativo com a cabeça.

– O Imperador cede a palavra à senadora Andrómeda.
– Sua magnificiência, está a dizer-nos que usou a frota para motivos pessoais. Sendo imperador, tem toda a autoridade e legitimidade para fazê-lo. Poderia ter simplesmente nos enviado um comunicado.
Porque é que está aqui? Certamente não foi para dar-nos detalhes sobre o seu, esperemos que longíquo, funeral ou reapresentar-nos a NIA, pois já o tinha feito há dois anos, e mesmo a informação do uso de teletransportadores pelos DRH, poderia vir por mensagem holográfica encriptada. Mas não, teve mesmo a necessidade de vir cá. O que é que ainda não nos contou? É tudo senhor presidente.
Fez-se silêncio.
Arfen olhou para mim mas eu não lhe fiz sinal nenhum.
– Sua magnificiência, vai responder à senadora Andrómeda?
– Sim, Arfen, vou responder.
Cara Andrómeda, até hoje, vocês nunca me pediram satisfações sobre as movimentações da FAI. Esta missão, fê-los mudar isso. Alguma coisa vos chamou a atenção, e eu preciso de saber o quê.
Por outro lado, não quero que o senado se sinta como um organismo que não é respeitado pelo imperador.
Os DRH têm tecnologia superior à nossa. Isso torna-os assunto sério e merecedor da minha presença aqui.
Todos vocês conheceram pessoalmente NIA, e por isso esquecem-se de um facto: Ela tem uma IA aperfeiçoada a partir de uma construída no nosso futuro, e um corpo fabricado com tecnologia alienígena, por IAs extremamente evoluidas. Ela é tecnologia superior!
– Nos últimos milhares de anos já existiram biliões de andróides indistinguíveis de seres humanos. Até que ponto ela é tecnologia superior? – Perguntou Andrómeda.
– Senhora senadora antes de se dirigir ao Imperador, tem de seguir o protocolo – Interrompeu Arfen.
– Tenho holo-esquemas dela que foram examinados pelos melhores peritos do império. Em muitos aspectos ela tem um corpo superior ao nosso. Quem o fez conhecia muito bem a nossa anatomia e melhorou-a em NIA. Não temos tecnologia capaz de reconstruir as partes que foram teletransportadas para fora do organismo dela dentro do seu organismo.
É um pouco como se de repente lhe removessem esferas de massa do seu cérebro. Teria uma morte quase instantânea. Foi isso que aconteceu a NIA. Como se trata isso? Ainda por cima num corpo muito desconhecido pela nossa ciência e tecnologia?
Preocupa-me que o que foi retirado a NIA esteja a ser estudado pelos DRH.
NIA está longe de ser um mero andróide. Ela tem veias, artérias onde correm fluidos e nanites muito mais evoluídas do que qualquer coisa que tenhamos visto.
Assim que me calei fez-se silencio. Todos os senadores olhavam para mim.
Andrómeda olhou para Arfen.
– Mais alguma questão senadora?
– Obrigado presidente, Obrigado Imperador. Estou satisfeita com as suas respostas. Pode dar-nos então detalhes da missão? Se não temos tecnologia para a recuperar, em que é que consiste a missão de Lagrange?
– Levará NIA ao império cientificamente mais evoluído do nosso universo, o do imperador Poeta.
(continua)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Histórias do Universo 25
V - O erro do Imperador
( Parte 1 de 4 )


Sala de reuniões do senado Imperial, Júpiter [1:39:4]

15 de Janeiro de 2017 CO, 10h00m
– Bom dia a todos, está aberta a 7265ª sessão diária do senado imperial. Hoje, contamos com a presença de sua magnificência o Imperador Matemaníaco I.
Recordo aos representantes dos nove planetas que dada a natureza dos assuntos de hoje a sessão está a ser gravada com encriptação fractal multidimensional nível 20, como previsto no artigo XCIX da 1ª constituição do Império.
A presença do imperador foi pedida porque...
Eu sabia porque estava ali sentado.
Há precisamente 20 anos autorizei a criação do senado como um dos mecanismos de apoio na gestão de todo o território. Ao longo dos anos foram-se criando interesses e tive de impor-lhes algumas regras. Afinal, apesar de tudo o imperador era eu!
Para garantir um senado honesto e sem vícios e com amor à pátria todos eles que ali estavam tinham sido seleccionados entre as pessoas mais honestas do povo, dessa lista algumas foram eleitas pelo sistema justo concebido até hoje, sem qualquer campanha eleitoral. Os seus percursos de vida eram publicamente divulgados na Internet-U sem invadir a vida privada, e eram eles que serviam para os eleitores decidir quem queriam para representante.
Cada um deles recebia o salário mínimo, em regime de exclusividade. Todos seus os bens, movimentos e acções são constantemente monitorizados, tal como os das suas famílias, por uma rede de IAs, conhecido como o SAHI (Serviço Artificial de Honestidade Imperial ).
O SAHI mantém a privacidade e a lealdade dos 27 senadores, e de todos os seus antecessores, e age em caso de traição.
Chamaram-me porque autorizei uma missão num pequeno grupo de naves militares, numa situação anómala, e da qual sabiam muito poucos detalhes, tal como muitas outras antes. No entanto, era a primeira vez que me convocavam nestas circunstancias.
A notificação foi-me entregue antes de ontem e era clara. Eu podia responder por escrito, por video, ou holovídeo. Preferi vir cá pessoalmente e encriptar a gravação da sessão. O assunto era sério e tinha de se manter afastado do conhecimento do público

– Obrigado pela sua presença, magnificência. Decerto para dar-nos conhecimento do que está por trás do lançamento de uma pequena frota não havia necessidade de ter se deslocado cá. Poderia ter simplesmente enviado uma comunicação.
– Obrigado Arfen. Meus senhores, eu vim cá porque o assunto é sério, e está relacionado com um caso anterior. Está neste momento a entrar-vos no correio um email que auto apagar-se-á assim que esta sessão terminar.

O email que tinham recebido continha partes do processo imperial Mat20122012coA2Z3S5.
No centro da sala, surge um holograma de NIA, e uma voz artificial começou a ler o email.

“No dia 20 de Dezembro de 2012CO, a andróide NIA foi acolhida como cidadã do império.
Nasceu no planeta Cronos, no sistema Bertrixt, fora do espaço-tempo do nosso universo.
A IA é uma versão aperfeiçoada de uma IA construída no final deste século, mas ligada pela primeira vez, lá, em Cronos, na mente do Comandante David Lagrange da nossa Frota Astral.
O corpo que tem, foi-lhe construido pelos habitantes de Robótica, uma cidade em Cronos.
De acordo com os testemunhos de alguns sobreviventes encontrados à deriva numa das nossas explorações espaciais, mais tarde confirmado pelo centro de pesquisas de Achenar239, é uma combinação de tecnologia alienígena com tecnologia do nosso futuro.
Trabalhou durante dois anos na biblioteca do palácio imperial, em Achenar239, e depois com autorização do próprio imperador concorreu à academia astral, onde após apenas dois anos brilhantes graduou-se com honras. Foi colocada sob o comando de David Lagrange, no cruzador CRZMAT27112012-001, como oficial de tecnologia sem posto militar.
No dia 1 de Dezembro de 2016CO, durante uma viagem para Ria, sede do Império de Aivota foi vítima de uma tentativa de assassinato com teletransportador por um membro dos DRH.
Após o regresso a Júpiter, ainda no hangar, o próprio imperador cede um caixão de cristal onde a fecham, até ser encontrada uma solução.
No dia 11 de Janeiro de 2017CO o imperador cedeu a David Lagrange, uma pequena frota constituída por dez caças pesados, doze cargueiros grandes, um cruzador, uma nave de batalha, um interceptor, um bombardeiro e um destruidor.
A 12 de Janeiro, depois da nomeação e transporte dos últimos oficiais, a frota parte numa missão de natureza científica para tentar reconstruir NIA.”

O holograma desligou-se.
O senador Caius levantou o braço.
Arfen, presidente do senado olhou para mim, e eu “disse que sim” com a cabeça.
–Tem a palavra o senador Caius.
– Obrigado senhor presidente. Obrigado sua magnificência. O seu holovídeo responde a muitas questões mas deixou-me muitas outras. Porquê um caixão de cristal? E porquê cedido pelo imperador? Como entrou um dos DRH numa nave imperial? E desde quando têm eles acesso a teletransportadores? E finalmente, a informação que nos deu sobre a missão do comandante Lagrange sabe a pouco. Qual a importância desta missão para o império? Obrigado.
Haviam outros braços levantados.
Arfen olhou para mim, e eu acenei negativamente a cabeça.
– Peço a todos os senhores senadores que tiverem questões para por ao senhor imperador que mantenham os braços no ar.
Passo a palavra ao senador Julio César.
– Obrigado senhor presidente. Obrigado sua magnificência, pode dizer-os se neste momento os DRH representam uma ameaça significativa para o império, para a aliança, ou para o Universo?
E porque colocou a missão nas mãos de Lagrange e não de alguém mais capaz? Obrigado.
– Passo a palavra à senadora Andrómeda.
Obrigado senhor presidente, obrigado Imperador.
Não me agrada saber que os DRH usam teletransportadores como armas, e sei que recentemente, na colónia prisional de Phobos um membro dos DRH escapou, recorrendo a essa tecnologia. O que é que está a ser feito para controlar os ataques com teletransportadores? Obrigado.

Continuei a ouvir perguntas de mais dez membros do senado.
Todas pertinentes. Eu não era obrigado a responder a nada, e a algumas questões nem podia responder. A outras, não sabia como o fazer.
(continua)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

As aventuras de Capitão Lagrange
Capítulo IV
Os Piratas
( Parte 7 )

Continua daqui. Pode ver um resumo da história até agora aqui.

Várias horas depois, quando NIA acordou, Glorie estava encostada à parede, a dormir.. NIA acordou-a.
– Hum? Olá... Como te sentes?
– Melhor... Obrigado pelo que fez por mim.
– Fiz a minha obrigação.
– Isso inclui dormir aqui?
– NIA, sabes que és um ser único...e muito importante para o David.
– Como está o David?
– Está internado, mas desta vez não me dão acesso a ele porque deixei-o fugir da primeira vez.
– Eles sabem?
– Não. É procedimento normal por parte do chefe. Ele nunca deixa uma equipa ter a oportunidade de cometer os mesmos erros. Eu não gosto nem concordo, mas é ele quem manda.
– Pode sempre dizer-lhe que é bisneta do paciente.
– Sim, posso. Mas não devo. Não confio nele como pessoa. Mas ele é um excelente médico.
– A Glorie também deve ter os seus dotes? Como me livrou das bactérias tão rapidamente?
– Com um upgrade de instrucções às tuas nanites. Agora és imune. Precisas de um banho e de beber muita água nas próximas horas..
– Curou-me muito rapidamente, sendo eu um andróide. Poucos médicos saberiam o que fazer comigo.
– Desde a universidade que programo código de nanites médicas. As tuas não são muito diferentes.
– Eu ainda sei tão pouco sobre o meu corpo.
– É um corpo impressionante.
– E as minhas feridas?
– Respondem a regeneradores como os seres humanos. Nem sequer cicatrizes tens..
– Obrigado. O David tem várias... Não usaram regeneradores nele?
– Gostas muito dele, não gostas?
– Ás vezes penso que é o meu único amigo. Os homens do PéNaCov trataram-me como se eu fosse um objecto. O David fez com que eu me sentisse especial. Mas se calhar, ele tem razão. Eu sou um objecto. Uma máquina!
– Não NIA. O teu corpo pode ser uma máquina. Tu, és uma pessoa.
– Sou uma imitação de uma pessoa... você acabou de me conhecer, Não tem dados suficientes..
– NIA eu conheci-te durante toda a minha vida. A minha mãe adora-a... e eu também. És uma pessoa.
– Conhece-me do futuro?
– Sim, conheço. Estou proibida de te dar detalhes. Só que, eu preciso que tu acredites em ti como pessoa!
– Foste tu que deste as minhas nanites ao David. Conhecíamo-nos antes disso?
– As tuas nanites vieram da fábrica de nanites de Júpiter, e estiveram na minha posse, até finalmente a expedição ter-me trazido para aqui. Tu nasceste quando as nanites foram activadas pela primeira vez nele. A NIA que eu conheci, és tu, o teu futuro quando saires daqui.
NIA olhou Glorie nos olhos durante alguns segundos.
– Não sei como explicar... mas eu sei que falas a verdade. Quem te proibiu de me dares informações sobre o meu futuro?
– Departamento de geometria hiperespacial, secção de mecânica espacio-temporal no centro de pesquisas planetário de Júpiter. Não o planeta Júpiter original, o planeta sede do império.
– Mas pudeste dizer ao David que és bisneta dele!
– Eu tive de dizer-lhe! Não o queria a assediar a sua própria bisneta!
– Podes dizer-me se eu sou tua bisavó?
– NIA, tu e ele são pessoas de espécies distintas. Eu sou bisneta biológica dele.
– Isso é um não?
– Não é um sim.
NIA calou-se e olhou para Glorie...
– Ele gosta de mim.
– É normal. Foste feita “à medida” dele. Tu és nova neste mundo cá fora. Mas, porque perguntas?
Gostas dele?
– .. Um homem abusou de mim...
NIA começou a chorar.
Glorie Abraçou-a.
– Já passou. NIA.
– Podemos estar a viver no caos, mas prometo-te que vai ser feita justiça.
– O único homem que eu quero que se aproxime de mim... é o homem certo.
Glorie acabou por acalmar NIA, e saiu com ela.
Nessa noite NIA dormiu em casa de Glorie

No Hospital destruidor, Ross deu alta a PéNaCov..
– Neste momento, não temos forma nem de lhe regenerar esse braço e mão perdidas, nem mesmo com uma solução ortoprotésica. Estamos mesmo a precisar de pessoal para reparar o nosso equipamento.
– Eu compreendo senhor doutor. E os médicos do futuro, partilham da sua opinião?
– Médicos do futuro? Não, todo o nosso pessoal veio da faixa 2000co-2020co... Não sobreviveram médicos de outras eras.
– Então lamento informá-lo que há uma pessoa da sua equipa a enganá-lo. Há uma médica da sua equipa que é de um século mais à frente.
– Tem uma imaginação muito fértil..
– Acha? Glorie L. Boavida era médica do militar David Lagrange não era?
– Isso é informação confidencial...
– Sim, e a informação de que ela é bisneta dele e ajudou-o a fugir, injectando-o com nanites imperiais da época dela também deve ser secreta.
– Sei quem é o senhor. Só está aqui porque a sua equipa médica faleceu no bombardeamento! Tem a certeza do que diz?
– Sim tenho... Li num blog.
– Num quê?
– Eu e os meus homens tivemos acesso à informação. Acho que precisa de poder confiar no seu pessoal.

(continua)