sexta-feira, 19 de julho de 2013

Histórias do Universo 25
VI - O Almirante
( Parte 3 de 6 )

Quando os médicos estavam a fazer uma verificação ao teu estado de saúde notaram algo estranho no teu cérebro.. foram verificar e perceberam que tinha havido uma alteração na tua memória. O caso foi-me reportado e pedi a um dos nossos especialistas que verificasse.
Ele disse-me que a tua memória foi apagada por um processo tipicamente nosso, da frota real, e que isso significava que muito provavelmente tínhamos sido nós a apagar-te a memória.
Fui a uma das nossa bases de dados, e foi assim que descobrimos quem tu és de facto.
– Mas, o que foi que me apagaram da memória?
Protocolo Fénix Negra. A documentação tem um sistema de multi-encriptação real.
Céus... em que é que eu estive metido? Tu deves saber qualquer coisa para dizeres que foi a mania de que o mundo gira em torno do meu umbigo.
Sim, sei. Protocolo Fénix Negra.
Ou seja, não me vais dizer mais nada. Esclarecimento interessante.. estás a por-me com mais questões do que as que eu tinha.
– “Protocolo Fénix Negra” devia ser suficiente para ti.
Saber que fui recuperado após lavagem cerebral efectuada por inimigos não me deixa muito feliz.
Bem, foste apanhado porque ignoraste ordens e quiseste fazer tudo à tua maneira.
E vocês aceitaram um fénix negra?
A tua memória foi limpa. O almirante não gostou de ter-te entre nós. Considerou-te “uma variável aleatória a mais”.
Como é que eu vim parar às câmaras AS?
Quando te limparam a memória, devias ficar dois anos em animação suspensa.
Só que as coisas precipitaram-se e
estávamos a perder a guerra com Ferdol.
Foi então que o almirante teve de por o plano em marcha. Ainda não percebemos como é que a tua câmara foi trazida para junto das nossas.
Estou a ver... Posso saber como é que um civil chegou a almirante? E o porquê de me contares essa história da IA nivel H?
Vou resumir-te assim: conseguiram tornar a Mat3mática num ser humano. Não como robot ou IA... Ele foi o marido dela até ao dia em que a guerra a levou outra vez. Conseguiram salvá-la como ciborgue, mas ela acabou por ter de recorrer ao seu antigo corpo e voltou a ser uma IA.
A I.A. Nível H de nome Matemática que está lá em baixo. O título “Matemaníaco” é uma homenagem a ela.
Um homem e uma IA? Pá... isso...
Há cerca de um milénio que não tínhamos um caso destes. Mas agora que sabes que és um fénix negra, vais deixar de fazer perguntas?
Só uma: Antes de me terem apagado a memória... qual a gravidade do que eu fiz?
– Protocolo Fénix Negra.
Se calhar é melhor eu não saber... Mas não me respondeste como é que ele chegou a almirante.
Só precisas de saber que ele é o melhor homem para o lugar.
MC calou-se e olhou Isaacov nos olhos.
Obrigado comandante.
E saiu.
Entretanto, uma pequena nave, um caça, entra no Hangar de Ganymede.
A piloto, uma andróide, sai a correr em direcção ao almirante, e abraça-o.Este abraça-a de volta.
Tive muitas saudades tuas. Muitas vezes desejei vir cá tirar-te da câmara.
Para mim... só passaram uns meses. Ainda me custa a acreditar como vim me envolver nesta história maluca.
Sabes... salvámos um planeta.
– Tenho saudades do teu corpo humano.
Pode ser que um dia eu volte a ter um.
– Podes fazer melhor do que isso... previste toda esta catástrofe há séculos.. e ajudaste-nos a sobreviver..
Não conseguimos salvar toda a gente...
Se não nos ajudasses, não teria sobrevivido ninguém.
– Temani … eu não vou voltar a ter um corpo humano. Eu vou morrer.
– Hã? Eu tenho saudades dele. Não preciso dele. Preciso é de ti.
Eu sei – sorriu ela – mas não é isso. Quando eu previ tudo isto, também previ a minha morte.
Mática … Já morreste antes. Vais voltar?
Temo que desta vez possa ser definitivo...
Como vais morrer afinal?
Como da outra vez... de repente. Mas desta vez, não sobrará nada meu.
– Nem um backup? Nada? Eu não quero perder-te... Não estou preparado para isso.
Após a minha morte, serás imperador. Terás muitas mulheres...
– Não... se morreres, eu não quero mais ninguém.
Recordar-me-ás... nenhum desses relacionamentos sobreviverá à minha memória.
– Eu acho que dispensava saber disso...
Não dispensas não.
– Não?
Porque tu podes trazer-me de volta. E só tu me trarás de volta... um dia, se ainda me amares.


Continua, em breve.

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