segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Histórias do Universo 25
IV - A prenda de NIA

Palácio Imperial, Júpiter [1:39:4]

21 de Dezembro de 2016 CO, 23h45m

O imperador, estava deitado na sua cama quando entrou a comunicação.
“ Sua magnificência! Usaram um tele-transportador na prisão de Phobos.”
A notícia era preocupante, e tirou-lhe o sono. Saber que o prisioneiro que fugiu não tinha sido um assassino qualquer deixou-o irado.
Levantou-se e ligou a Hamilton.
– Boa noite senhor.
– Receberam a notícia de Phobos?
– Sim senhor. “Boa noite” foi apenas um cumprimento senhor.
– Vou dar-te acesso a pesquisa secreta. Escolhe uma equipa de confiança. Quero que vocês me expliquem como foi possível essa fuga, e arranjem protecção para todo o império contra essa tecnologia.
– Entendido senhor. E a outra missão?
– Só parte assim que este problema estiver resolvido.
O imperador desligou a comunicação, levantou-se da cama. Aproximou-se do seu computador, e enviou toda a informação que tinha sobre tele-transportadores para Hamilton, no centro de pesquisas de Júpiter.
Depois foi até uma parede com um enorme monitor.
Pôs a mão numa pedra específica na parede, por detrás desse monitor e abriu-se um portal no meio do quarto. O imperador atravessou e foi ter a um enorme salão, muito maior do que qualquer dos seus palácios, iluminado artificialmente, sem portas nem janelas. O salão estava cheio de todo o tipo de objectos. Edifícios, Carros, brinquedos, naves espaciais, robots, computadores, estantes com livros, todo o tipo de transportes, enfim, um verdadeiro armazém de tudo o que se possa imaginar.
– Guardião! – chamou.
Um robot de dois metros e meio aproximou-se com um jet-pack debaixo do braço.
– Seja bem vindo senhor.
O imperador colocou o jet-pack às costas e afastou-se do guardião a grande velocidade.
Atravessou todo o salão até chegar a uma torre, perto da parede. Usando o jetpack, subiu até ao 144º andar, que ainda estava longe do topo do edifício. Entrou pela janela que estava aberta, numa sala vazia. Meteu uma chave na porta, abriu-a e foi ter a um pequeno corredor com um elevador numa ponta, escadas na outra e seis portas de cada lado.
Entrou no elevador e disse:
– Mil setecentos e vinte e oito..
Saiu num andar exactamente igual àquele onde entrou no elevador.
Foi até à sexta porta à sua direita, onde estavam várias estantes com livros. Livros como aqueles que se usavam há milénios na Terra original. Só que em vez de papel, o material era outro, sintético e muito duradouro.
Escolheu um livro na estante 12 .
Saiu e fez o percurso inverso até ao sítio onde o guardião lhe tinha dado o jet-pack.
Devolveu-lhe o jet-pack.
– Fecha-me a janela no 144º andar da torre dos tempos, se fazes-me favor.
O Guardião afastou-se, e o imperador colocou a mão no ar, no mesmo sítio ode tinha estado o portal que o levou ali, e o portal voltou a abrir-se. O imperador atravessou-o e regressou ao palácio em Jupiter.
Embora tenha levado quase duas horas, no relógio que tinha na parede, tinham-se passado apenas trinta e seis segundos.


Centro de pesquisas, Júpiter [1:39:4]


22 de Dezembro de 2016 CO, 00h15m

O comandante Lagrange estava uma sala de uma rede de salas, a um quilometro abaixo da superfície. Estava frente ao caixão de cristal fechado, onde estava NIA.
Com ele estava Itaca Troy.
– Já passaram três semanas David. Tens de regressar à vida activa. Com o nosso nível de tecnologia, se em três semanas não conseguimos trazê-la de volta, temos de encarar a possibilidade de que talvez isso não aconteça durante as nossas vidas.
– Eu sei. Se me prometeres que guardas segredo, mostro-te uma coisa.
– Segredo? Sim, sabes que podes contar comigo.
– Esta sala, tal como muitas por aqui, não tem câmaras de segurança.
– Porquê?
– O imperador quer o máximo segredo sobre certas tecnologias. NIA e este caixão não são excepção.
– Existe tecnologia no caixão?
– Olha para o pulso dela.
Troy olhou...
– Um relógio de pulso parado?
– Não, não está parado. Eu estava aqui quando o próprio imperador lhe pôs o relógio.
– Estou a olhar para ele e está parado.
– Dentro do caixão, o tempo está muito desacelerado.
– Eu não sabia que tínhamos dessa tecnologia.
– Não temos. Foi o próprio Imperador que me pediu dois minutos a sós com ela. Esperei lá fora, mas quando voltei, ela já estava dentro da caixa. Vi-o a por-lhe o relógio e a fechá-la. Notei que o relógio parecia parado, e então ele explicou-me, que aquela caixa ia impedir que NIA se degradasse.
– Como foi que o caixão chegou aqui sem passar por ti?
– Eu já vi tanta coisa estranha que posso imaginar várias alternativas... Sabes, estou a pensar em pedir ao imperador uma caixa daquelas para mim, que só seja aberta quando NIA estiver curada.
– “Curada”.. como sabes que não é definitivo? E como é que tens descendência biológica se passares o tempo num caixão de cristal?
– Doo material genético..
– Estás disposto a abandonar a tua vida, e os teus amigos?
– Ela é a minha vida.
– Sabes sequer se o imperador tem mais caixas daquelas? Sejamos francos David, há três semanas quando tu e ela me consultaram, sabiam que um dia iam separar-se. Mas não serei eu a impedir-te de ser feliz.
– Desculpem-me ter estragado as vossas férias.
– O imperador compreende e deu-me a mim e a Solo um novo período de férias, portanto, não tens nada que pedir desculpas.

Entretanto, a porta abriu-se e o Imperador entrou.
– Boa noite. Troy, dás-me uns minutos em privado com o comandante?
– Sim senhor.
Troy saiu.
– Comandante, tenho aqui um livro para si.
O Imperador estendeu-lhe o livro
– Perdoe-me a ousadia senhor. Não tem mais um caixão destes... para mim?
David tomou o livro.
– Não, comandante, o caixão é único, e, como lhe disse deve ser-me devolvido assim que NIA estiver novamente funcional.
– Devolvido?
– Decidi aprovar o seu pedido. Está pronta uma pequena frota que estará sob o seu comando. A sua missão é tentar trazer NIA de volta à vida e trazer para o império todo o conhecimento e tecnologias que adquirir no processo. NIA, irá no seu cruzador.
– Não sei o que dizer... muito obrigado senhor.
– Não me agradeça ainda. Será avaliado psicologicamente, e só quando estiver apto ao serviço lhe passarei a frota para as mãos.
– Sim senhor.
– Passa os olhos pelo livro e diz-me o que achas.
– Sim senhor.
O Imperador aproximou-se do caixão e olhou para a cara de NIA.
Lagrange olhou para a capa. Era uma história muito antiga, “O homem Positronico”. Na primeira página. Havia uma dedicatória manuscrita.
“De N.I.A. Para David Lagrange, o homem da minha vida”.
– É da NIA!
– Sim, é.
Na segunda página estava desenhada uma mão direita. Lagrange pôs a sua mão sobre o desenho e as nanites que corriam nas veias do seu corpo receberam informações. Foi activado um programa na mente de David.
Num enorme jardim, estava NIA.
– Olá David.
– NIA!
Lagrange correu para junto dela
Esta mensagem foi gravada em 2015 CO. Eu não estou realmente aqui.
Se recebeste o livro, é porque eu devo ter sido desactivada. Lamento que isso tenha acontecido. Neste livro existe um cartão com nanites iguais às minhas nanites originais. No teu organismo, elas criarão uma cópia da minha IA original, e se quiseres terás uma nova N.I.A. Não serei eu, nem terá as minhas memórias.

É a última prenda que te dou, junto com este livro.
Obrigado pelos bons momentos da minha curta vida. Obrigado por teres estado comigo nos maus momentos. Por teres feito com que me sentisse humana quando muita gente me fazia sentir como uma boneca descartavel. Obrigado pelo teu amor. Peço desculpa por ter levado tanto tempo a corresponder-te e por ter-te abandonado tão cedo.
Não sei se algum dia voltaremos a encontrar-nos, mas quero acreditar que sim. Quero acreditar que existe um Deus neste universo que permitirá que eu e tu nos reencontremos.
Adeus, Lagrange.
Tem uma vida longa.
Adoro-te.

Lagrange viu que a imagem de NIA chorava enquanto se despedia, e abraçou-a.
O programa desligou-se.
– Obrigado senhor.
– Tenciona usar a nova N.I.A. que está no cartão desse livro?
– Não sei. Como sabe da existência de uma nova N.I.A.?
– A primeira NIA disse-me, quando me pediu que guardasse o livro. Também explicou-me que o seu corpo e essas nanites são tecnologias muito distintas.
– Muito obrigado senhor.
– Se decidir não utilizar esse cartão. Vou pedir-lhe que mo dê para guardar num local seguro.
– Vou pensar no assunto.

...E você caro leitor, aceitaria ter uma nova N.I.A. na sua mente?
Tenha um excelente 2013
Até à próxima.
Matemaníaco

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Histórias do Universo 25
III - O Fanático

Colónia Prisional de Phobos [1:40:8]

21 de Dezembro de 2012 CO, 10h00 (hora local)

      Um cargueiro de transporte de prisioneiros acopla-se ao edifício prisão.
120 prisioneiros são transferidos do cargueiro para as celas.
Embora o processo seja automático, frente a um computador, no centro de controlo espacial de Phobos está um guarda que supervisiona todo o processo
– Deixa cá ver se temos prisioneiros especiais... E sim, temos uma estrela!
É mostrado um dossier de Saúl Ardal, membro dos DRH (defensores da raça humana), oficialmente acusado de uso de tecnologia proibida, e com um nota do próprio imperador a condená-lo por assassinato.
Desde que ali estava era a primeira vez que o guarda via uma condenação assinada pelo próprio imperador.
O dossier não dizia quem tinha sido a vítima. Apenas que a tentativa tinha-se dado a bordo do cruzador CRZMAT27112012-001, durante um transporte inter-imperial.
A restante informação estava encriptada, e só pessoas com permissões especiais tinham acesso ao resto.

Cabine de projectos TS-132. Hangar imperial, Marte, [1:40:8]
Um comandante está a falar com um almirante sobre a sua próxima missão.
– Gosto da nave. E a tripulação?
– A tripulação será escolhida em função da missão que escolher.
– Isso é invulgar. Sendo um protótipo...
– Sim, mas serão feitas duas naves destas. Uma terá uma missão de testes durante uma semana. A outra, partirá em missão secreta. Foi-lhe dada a hipótese de escolher qual das duas quer.
– Não posso saber nada sobre a missão secreta antes?
– A missão é secreta. Só sei que para este tipo de missões, os comandantes são muito bem selecionados. Não sei dizer mais nada.
– Estou a ver. E posso ver a lista das tripulações de ambas as naves?
– A da missão secreta, não pode.
– Também são escolhidos?
– Faz todo o sentido acreditar que sim, mas nem eu sei.
– Está bem. Vou pensar no assunto. Dou-lhe a resposta dentro de uma hora.
– Até já, comandante Nakamura.
– Até, já Almirante Ano-Luz.
O comandante sai, e tem o subcomandante Mandado à sua espera.
– Paul, há novidades?
– Sim senhor, acabaram de me transferir para o comando de uma nave de batalha.
– Muitos parabéns pela promoção Pau, vamos ali ao bar celebrar. Pago eu!
Chegados ao bar, encontram-se com Deanna Liran, psicologa-conselheira na anterior nave do comandante Isamu Nakamura.
– Olá comandante, olá subcomandante...
– Agora somos ambos comandantes. O Paul foi promovido.
–Muitos parabéns sub...perdão, comandante Mandado. Eu fui destacada para a colónia prisional de Phobos, vou tratar de casos especiais.
– Parabéns conselheira. Toma qualquer coisa connosco?
– Obrigado senhores, mas vai ter de ficar para a próxima. Tenho mesmo de me dirigir ao transportador civil que parte para Phobos.
– Até à próxima, então.
Deanna saiu.


Colónia Prisional de Phobos [1:40:8]

21 de Dezembro de 2012 CO, 14h00 (hora local)
Deana aproximou-se da cela de Saúl.
– Boa tarde. O meu nome é Deana Liran.
– Boa tarde só se for para si.
– DRH, Tecnologia proibida e assassinato.
– Não insulte a minha inteligência menina. Eu só estraguei um brinquedo de um comandante, e ao que parece, também do imperador.
– O imperador descreve como assassinato.
– O imperador é um idiota.
– Não quer contar-me o que se passou?
– Já sabe o que se passou, ou não estaria aqui.
– Sei o que dizem os documentos que temos a seu respeito. Não conheço a sua versão.
– A minha versão?
– Não gosto de histórias só com uma versão.
– O que espera conseguir com isso? A minha simpatia?
– Não. Apenas a sua versão. Quero compreendê-lo.
– Está bem. Prometo contar-lhe a minha versão um dia. Vou estar aqui imenso tempo. Fale-me de si.
– Não sou eu que estou presa por detrás de grades e um campo de forças.
– “Campo de forças”!...nome muito mal escolhido. Isto é uma coisa muito mais complexa.
– Porque foge ao assunto?
– Estraguei um electrodoméstico, chamam-lhe assassinato, prendem-me e quem tem de consultar um psicologo sou eu?
– Não se esqueça que também usou tecnologia proibída...
– Proibida por estupidez dos imperadores desta galáxia. Mas já agoea, sabe onde obtive essa “tecnologia proibida”? Num armazém por baixo do palácio imperial em Jupiter.
– Uma coisa de cada vez. Porque foi que assassinou NIA?
– Avariei uma máquina. Não lhe chame assassinato! Não insulte a minha inteligência!
– Porque o fez?
– Andava entre os humanos como se fosse um deles. Era difícil não reparar nela. Muito bonita, inteligente, única, mas não era humana.
– Como percebeu isso?
– Não percebi. Era um disfarce perfeito. Um androide entre nós. Nem os sensores biométricos do palácio detectavam. Só mesmo um exame médico poderia acusar.
Muitos tentaram aproximar-se dela, sem grande sucesso. Só um capitão da Aliança, ao que parece, amigo de longa data, conseguia passar imenso tempo com ela. Eventualmente um dia, começaram a namorar.
– Como a conheceu?
– Há cerca de quatro anos, começou a trabalhar na biblioteca imperial do palácio.
– Biblioteca?
– Sim, os nossos armazéns de conhecimento?
– Sim, eu sei o que são, mas desde há milénios que, para aceder a uma biblioteca, ninguém se desloca-se fisicamente até ela. Como se cruzou com ela?
– A biblioteca do palácio não está ligada à Internet-U. Temos mesmo de nos deslocar fisicamente até lá.
– Está bem. Então, como foi que descobriu que a rapariga era um androide?
– Um dia, o próprio imperador mostrou-nos um holo-esquema dela. Pediu-nos que estudássemos a tecnologia. Para mim foi um choque.
– Como assim?
– Ela representava tudo aquilo a que eu me oponho. Revolta-me saber que um ser humano que poderia estar a namorar uma mulher namorava uma coisa.
– Até saber, você também a considerava uma pessoa.
– Mas ela não era uma pessoa! Não era um organismo natural!
– Em todo o universo existem pessoas que usam todo o tipo de próteses e mecanismos...
– É anti-natura!
– E usar um tele-transportador para cometer um assassinato não é?
– Eu não assassinei ninguém! Usei um teletransportador para avariar uma coisa! Fiz um serviço à minha causa e à raça humana!
– Isso não lhe parece um pouco arrogante?
– E não lhe parece arrogante haver um Imperador que nos diz que tecnologia é proibida ou não, mas deixar uma andróide mais sofisticada do que qualquer coisa que já tenha passado pelas mentes dos melhores cientistas e engenheiros do Império, e quem sabe do universo?
– É diferente.
– Sim, em quê? Nem sequer foi o povo que o pôs naquele lugar!
– Os átomos do seu corpo tiveram escolha quando foram colocados no seu organismo? Você decide as acções do seu organismo, mas a maioria dos átomos do seu organismo nem teve voto na matéria.
– Que exemplo mais estúpido, os átomos não têm vontade própria.
– A vontade própria é importante? Você matou uma antroide que tinha vontade própria.
– Vontade própria o tanas.. tudo programado.
– Tem a certeza? Percebeu os holo-esquemáticos dela?
– Não. Só percebi que, como mesmo internamente ela era muito semelhante a um ser humano, bastava-me fazer-lhe buracos no pseudo-cérebro, no pseudocoração e nos pseudo pulmões. Mas ainda hoje aquele holo-esquema está a ser estudado.
– Então como pode garantir que ela não tinha vontade própria?
– Ela tem pseudo-vontade própria, implementada por processos e algoritmos bioquímicos e computacionais.
– Ainda não percebi, como é que foi um serviço à raça humana, nem à sua causa.
– Homens devem relacionar-se com membros da sua espécie. Ponto!
– Está bem, percebo...
Pelas 16h00m, Deanna saiu e regressou a Marte.

Espaçoporto imperial de Marte; Hangar, [1:40:8]

Ao chegar ao Hangar, ainda na nave de transporte, Deanna assistiu à fase final da montagem do destruidor DSTMAT21122012-PRT, o “fim-do-mundo”.
Á sua espera, à chegada estava o comandante Mandado.
– Olá outra vez Deanna.
– Olá Paul. Aquela é a tua nave?
– Oh, não, é a do comandante Nakamura. A minha vai ser construida logo depois. Estás livre para um café?
– Um café?
– Sim, aquela bebida famosa da Terra original...
– Não é isso, eu sei o que é um café... que se passa?
– Prefiro, falar fora daqui se não te importas.

Estação de Hipercomboios, pouco depois.
– Que se passa?
– Chegou ao meu conhecimento que um amigo meu está preso e foi transferido para a prisão em Phobos. Sei que agora tens alguns casos lá. Podias passar pela cela dele e ver como ele está de vez em quando? Ele não tem muitos amigos por aqui.
– Se ele está em Phobos, deve ter cometido um crime imperial. Que crime cometeu ele?
– A ficha dele diz que cometeu um assassinato com tecnologia proibida. Chama-se Saúl Ardal.
– O teu amigo é um fanático dos DRH.
–DRH? Tens a certeza? Tu conhece-lo?
– É um dos meus casos. Não posso discuti-lo contigo, nem com ninguém abaixo de almirante. Aliás, eu nem devia dizer-te isto.
– Ardal nos DRH? Custa-me a crer...
– Acredito que sim.
– Há alguma coisa que possas dizer-me que não viole o teu sigilo profissional?
– Sim, que ele está bem.
– Fomos colegas na academia Imperial, há muitos anos...
– Paul, não te preocupes, ele está bem entregue, e sairá dali outro homem. Quem sabe, o amigo que conheceste.
– Fico feliz por seres tu.

Ao fim do dia, já em casa, Deanna recebe uma comunicação vinda de Phobos.

“Dra. Liran, o prisioneiro Ardal escapou da prisão, se não o encontrarmos vamos ter de cancelar a consulta da próxima segunda-feira!”.
– Como foi que ele escapou de uma prisão de segurança máxima com vários escudos protectores?
"Por mais incrível que pareça... com um tele-transportador!"

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

As aventuras de Capitão Lagrange
Capítulo IV
Os Piratas
( Parte 4 )

Continua daqui. Pode ver um resumo da história até agora aqui.

O raio atingiu Lagrange, mas não teve o efeito desejado.
Num ataque de fúria, o pirata atirou a arma para longe e, Lagrange deitado no chão, com tonturas e sem conseguir se mexer, foi esmurrado repetidamente durante minutos, até o pirata cair inconsciente sobre ele.
Os outros piratas aproximaram-se a correr , socorreram o pirata caído, e levaram-no para o interceptor.
Assim que se afastaram, a mulher encapuçada com máscara aproximou-se de Lagrange. Ajoelhou-se ao lado direito dele. Encostou o indicador e o dedo médio da sua mão direita à carótida .
Natália chegou num carro flutuador.
– Ele está … vivo, … mas precisa... de cuidados ….médicos.– disse-lhe a mulher encapuçada.
Natália, usa nanocom, e avisa Glorie.
A mascarada, aponta para um dardo no chão.
– Eles … atingiram-no … com aquilo.... Penso … que ...lhe desac...tivaram as nanites.
– Como sabes que ele tem nanites?
– Vi-o … a … tirar a ...arma ao ...pirata...... a uma velo...cidade sobre....-humana.
Natália tira uma maca do carro.
– Ajuda-me a levá-lo para o carro...
Pegaram nele puseram-no na maca e meteram-no na ambulância improvisada.
Ao colocarem Lagrange no carro, Natália notou uma mancha negra no pulso direito da mascarada.
– Chamo-me Natália. E tu, como te chamas?
– Prefiro … manter-me ...anónima.
– Eu preciso de levá-lo urgentemente ao hospital, mas eu vi o teu pulso, a forma como falas e estás a ocultar-me a tua face. Que se passa contigo?
– Fui … violada. E n.... não... foi pelos recem-chega...dos pir...atas.
– Entra no carro. Eu posso ajudar-te. Abrigo-te em minha casa. E por favor decide rapidamente se vais entrar ou não.
Ela entrou e Natália acelerou.
– Há quanto tempo foi isso?
– ..Pouco mm..mais de doooo..ze hoooras ..
– Até estás muito calma... por favor diz-me o teu nome.
– Só..ó ...nia
– Sónia, Quando chegarmos ao hospital, conta o que te aconteceu a uma dra. minha amiga.
– Não ...acre...dito que é....ela possa me...me ajudar..., nem mu....mudar o que m..aconteceu.
– Porque foi que te encontrei ao pé dele?
– Eu … queria … ajudar.
– Conhece-lo?
– É ...um ve...e...lho am..iigo. Não se de..ee ve lembra..r de mim.
Natália fez silencio por uns minutos enquanto contactava Glorie.
“Dra Boavida, devo estar a chegar com o sr. Lagrange e uma mulher que diz ter sido violada há menos de doze horas por sobreviventes, ela estava a tentar ajudar o sr. Lagrange. Ele aparenta ter vários hematomas, várias costelas partidas, ferimentos balisticos nos joelhos braços partidos...”
“Estou a ver.. e ela?”
“Está estranha, tem uma máscara a cobrir-lhe a face, parece estar afásica, só consegui observar um hematoma no pulso no direito.”
Chegados ao hospital, estavam lá à porta Glorie mais dois enfermeiros e três médicos. Os médicos levaram Lagrange. Glorie e Natália levaram a Sónia para uma sala à parte.
Glorie pediu a Sónia que tirasse a máscara.
Ao tirar o capuz e a máscara, Natália fica chocada.
Vàrios cortes na testa e na cabeça revelavam um organismo artificial. Tecido muscular que parecia polimérico, uma orelha cortada.
Glorie surpreendida, pediu–lhe que repetisse o seu nome.
– N..I..A..Só... NIA.
– Natália, tranque todas as portas. Ninguém pode saber disto.
– NIA, reconhece-me?
– Gloooorie...
– Como é que está o seu sistema de manutenção interna?
– Proootaneeeerrabacccteeeer...
(continua)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

As aventuras de Capitão Lagrange
Capítulo IV
Os Piratas
( Parte 3 )

Continua daqui. Pode ver um resumo da história até agora aqui.

Em poucos minutos, Lagrange estava a passar ao lado do destruidor-hospital. Ligou as nanocomunicações.

“Natália? Estás no hospital”
“Estou mesmo a sair. Se queres armar mais confusão, não te deixo entrar.”
“Não, não quero entrar. Já sabes dos terroristas que aterraram?”
“Tenho tido as mãos cheias. Para além de saber que aterraram naves, não sei mais nada.”
“As naves vêm com piratas, que já executaram publicamente três reféns e, entre outras coisas, querem que eu me entregue a eles. É possível que tentem fazer o mesmo comigo.”
“E tu vais entregar-te?”
“Eles matam mais reféns se eu não me entregar.”
“Tu acreditas mesmo que se te entregares eles não matam mais ninguém?”
“Acreditar, não acredito. Mas não quero ter esse problema na consciência.”
“Eu vou avisar a Dra. Boavida e o Dr. Matos. Boa sorte.”
Desligou a comunicação e continuou a correr.
Pouco depois, chegou às tendas e reduziu velocidade.
Notou um ajuntamento de pessoas. No centro, estava um velhote magricela, de barbas brancas, cabelo branco igualmente branco, despenteado, com um uniforme da frota imperial a falar.
– ...E é por isso que eu acho que não devemos ceder a estes terroristas! Tenho dito!
Algumas pessoas aplaudiram. Outras assobiaram..
Lagrange a muito custo conseguiu passar entre eles e chegou ao meio.
Lá, outro indivíduo tinha começado a falar, a incitar as pessoas a oporem-se.
Lagrange aproximou-se do homem que tinha discursado primeiro.
– Bonita fatiota. Serviu na frota destruída?
Ele olhou para Lagrange:
– O comandante Burrus Otárius dispensou-me. Agora acho que devia agradecer-lhe.
– A mim, parece-me que está a tentar convencer estas pessoas ao suicídio. Sou o capitão David Lagrange.
– Capitão de uma frota que já não existe!
Porque é que eles o querem? Irritou-os de alguma forma?
– Juro-lhe que não faço ideia. E você é?
– Tenente Kinas Roman da frota imperial de sua magnificiencia o imper...
– Eu sei quem é o seu imperador. Eu reconheço o seu uniforme. Eu quero que convença os seus amigos a organizarem-se e a fazer o que eles pedem. Vamos sobreviver hoje para lutar um dia.
– Amigo, eu já estou velho para ser irrealista e mentiroso.
– Não vai mentir. Eu e alguns amigos temos uns truques na manga. Por favor, nada de mortes desnecessárias e inúteis.
– Lamento, não acredito em si
Lagrange então interrompe o discurso do homem que falava.
– Desculpem-me amigos, estes senhores estão aqui a disparatar.
O homem, não gostou de ser interrompido, e empurrou Lagrange.
– Amigo, eu não gosto de violência desnecessária.
– Então volte para o seu lugar antes que eu seja desnecessariamente violento.
E deu mais um empurrão e Lagrange, mas desta vez, ao tocar em Lagrange sentiu um pequena descarga eléctrica e caiu redondo no chão.
A pessoas fixaram os olhos em Lagrange..
– Não se preocupem, ele vai ficar bem.
Meus amigos, vou pedir-vos que façam o que os piratas pedem. É por pouco tempo, e eu prometo-vos que vamos sair disto vivos. Para provar-vos isso, eu vou ali entregar-me a eles. Eu sou David Lagrange, o homem que eles pediram.
As pessoas começam a conversar umas com as outras.
Uma pessoa então pergunta:
– Porque é que eles o querem? Conhece-os?
– Que e me lembre, nunca os vi na vida. Podem ter vindo do meu futuro e querem evitar que eu faça qualquer coisa.
Uma mulher, encapuçada e com uma máscara a cobrir toda a face afastou-se das pessoas.
Um grupo de piratas é visto a aproximar-se. Assim que os vêm, todos fogem. Deixando Lagrange sozinho.
– Tu aí! Espera! – Gritou um deles.
Lagrange esperou.
– Que se passou aqui? Eu proibi ajuntamentos! Espera... Eu conheço a tua cara!
Muito rapidamente, ele leva a mão para sacar da a arma, mas.. não estava lá.
– Sabes quem eu sou, mas eu não sei quem és. – Diz-lhe Lagrange, apontado-lhe a sua arma à cabeça.
– Sou o gajo que vai acabar contigo!
Lagrange foi atingido com um dardo, disparado por um pirata que estava bem afastado, e arma saltou-lhe da mão, pois também foi atingida por um raio disparado por outro pirata...
– O que foi isto?
– Achas mesmo que eu ia vir para aqui desprevenido?
Lagrange começou a se sentir tonto.
– Que se passa? Já não te sentes tão sobre-humano?
Lagrange foi atingido nos joelhos caindo no chão.
– A melhor forma de acabar com um lenda, é matá-la antes de nascer!
O pirata pegou na sua arma, que estava no chão aponta-a à cabeça de Lagrange e disparou.

(continua)

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Histórias do Universo 25
II - A frota fantasma
( Parte 4 de 4 )

Olhando para os dois “fantasmas” caídos, o comandante notou as armas de ambos. Abriu o cacifo e tirou uma das suas pistolas. Disparou para a perna de um deles e viu que fez dano. Respirou fundo, abriu a porta e correu para a sala de tecnologia.
Pelo caminho disparou a arma várias vezes atingindo vários “fantasmas”. Ao chegar à porta, esta abre-se automaticamente e ele entra.
Lá dentro, aproximou-se de um caixão de cristal com uma mulher no interior. Suspirou, como se estivesse aliviado.
Aproximou-se de um comunicador:e tentou comunicar a ponte, sem sucesso.
Talvez fosse possível transmitir uma mensagem para todos os comunicadores de toda a frota:
– A toda a tripulação armada livre. Fala-vos o comandante David Lagrange, a partir da sala de tecnologia do cruzador de comando.. Estas formas de vida que tomaram conta do cruzador podem ser atingidas com armas de luz e de radiação. No meu caminho para cá não encontrei nenhum dos nossos. Vou manter-me aqui dez minutos à espera de noticias e depois vou à ponte de comando.
Passaram-se os 10 minutos, mas o comandante não recebeu qualquer comunicação.
Na sala de pesquisas, Reya e seus colegas ouviram, mas tinham as armas apontadas às suas cabeças.
Três robots de manutenção, na sala das máquinas seguiam para o hipermotor quando a comunicação foi feita.
Os “fantasmas” deixaram-nos passar. Nesses 10 minutos, os robots desligaram o hipermotor. A frota saiu do hiperespaço, e os “fantasmas” desapareceram. Reya aproximou-se da porta, que se abriu. Espreitou... e não viu “fantasmas” em lado nenhum.
Os outros cientistas correram para os feridos caídos no chão.
Reya, atravessou o corredor e chegou à porta da sala de tecnologia, que não se abriu.
Olhou para a porta... e de repente vê a porta abrir-se e o comandante a apontar-lhe uma arma. Vendo que não era uma fantasma, baixa a arma e pede-lhe que entre.
– Pensei que já tinha saído para a ponte.
– Não chegou ninguém, nem recebi comunicações.
Reya entrou e viu o caixão de cristal.,
Contou ao comandante o que sabia, e o que tinha aprendido nas reuniões na holosala.
Pouco depois, o comandante recebeu uma nanocom do comandante McNerd.
Passada uma hora, todos os sistemas de comunicações entre as naves estavam recuperados.
O comandante convocou uma reunião em ambiente virtual, na holosala com todos os comandantes, subcomandantes e possíveis peritos em “fantasmas” da frota.
Andrea Asimov e muitos dos atingidos foram hospitalizados nas instalações médicas do destruidor.

Holo Sala de reuniões – ambiente virtual simulado a bordo do Destruidor “Fim do mundo”, DSTMAT21122012-PRT, 9h10m
Saúdo-vos a todos. Convoquei esta reunião para termos uma melhor noção do que se passou, de quem são estes “fantasmas” , porque nos atacaram. Vou começar por passar a palavra ao doutor Jack Hamilton, perito em Geometria-Física Transuniversal.
– Bom dia, a todos, dentro do possível. Os dados disponíveis mostram-nos que estes “fantasmas” estavam a ser projectados a partir da região do hiperespaço onde estavam, para a nosaa..e vice versa. Não haviam naves recentes, eram todos modelos antigos.. Pela nossa base de dados, foram reconhecidos vários fantasmas: Eram vários membros de impérios que já não existem, e muitos deles, sabemos que faleceram em batalhas no passado. Sei que estão a comportar-se como seres transdimensionais, mas não sei como é que isso é possível. Sabendo que se comportam como seres transdimensionais, estão neste momento a ser adicionados protocolos de protecção nos nossos motores geradores de hiperespaço. Em princípio, não devemos voltar a cruzar-nos com esta frota.
– Obrigado doutor.
Os nossos seguranças de toda a frota estão a estudar a forma como fomos dominados e a estudar uma forma de estarmos preparados para situações futuras.
– Desculpe lá Lagrange. Toda a frota viu-o a desancar cerca de trinta fantasmas sem sofrer um arranhão. Só precisamos do seu segredo. – Interropeu Dersh Shock, comandante do interceptor.
– Eu tenho umas nanites imperiais exclusivas. Não foram fabricadas neste universo, e de momento não são reproduzíveis, portanto, vamos deixar as equipas de segurança fazerem o seu trabalho
– Já agora, como saímos do hiperespaço?
– Comandante Shock, aqui o doutor Lagrange e mais dois dos nossos homens ligaram-se virtualmente a robots de manutenção da minha nave e usaram-nos para fazer colapsar o campo hiperespacial..
– E porque fomos atacados por esta “frota fantasma”? – Perguntou uma voz lá ao fundo.
– Aí está uma pergunta que ainda não tem resposta.
– Eu já viajo em frotas imperiais há trinta anos e nunca vi algo semelhante. É possível que esteja relacionado com a nossa missão? – Perguntou o subcomandante Jin Stewart, da nave de Batalha.
Não creio, mas não vamos ignorar essa hipótese. Mais alguma questão? Não?
Obrigado pelo vosso tempo. Estão neste momento a receber nas vossas naves, toda informação que temos sobre este episódio.

Minutos depois, o Comandante Lagrange, na sua cabine, tira o capacete virtual, guarda-o e sai.
Á sua espera, estava Reya.
– Desculpe a pergunta comandante... Suponho que a mulher na caixa de cristal não seja a Branca de Neve.
– O nome dela é NIA.
– Eu sei, fui informada. Neste momento, estão 131 pessoas na enfermaria do destruidor. Ela vale tudo isso? Podiam ter sido 131 mortos.
– Mas não foram.
– Comandante... sem querer faltar-lhe ao respeito. Aceita almoçar com uma mulher de carne e osso?
– Hoje não. Guarde o convite para outro dia.
O comandante afastou-se.
Reya voltou ao centro de pesquisas.
Sentou-se, e perguntou em voz bem alta:
– A relação do comandante com a Branca de neve, é só atracção física certo?
Os colegas olham uns para os outros.
Uma hora depois, toda a frota voltou ao hiperespaço

Noutro ponto , bem longe dali, a frota fantasma sai do hiperespaço, para o espaço normal.


Voltaremos a encontrá-la?

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Histórias do Universo 25
II - A frota fantasma
( Parte 3 de 4 )


Subcomandante, eles apareceram assim que colocou o capacete.
– Eu diria que eles sobrepuseram a frota deles à nossa...Alguém já sabe o que querem?
Um “fantasma” apontou-lhe a arma e levou um dedo à boca pedido silencio. Depois apontou para um oficial inconsciente no chão.
Tentou ligar-se por nanocomunicações ao comandante. Para sua surpresa, não funcionavam.
No destruidor, Hamilton, no ambiente holográfico, não estava a usar capacete, e não teve problemas. nem “fantasmas” por perto. Ligou outro holograma que mostrava a posição da frota fantasma e viu-a sobreposta à sua frota.
Tentou ligar-se por nanocom ao comandante do destruidor, mas não conseguiu. Alguma coisa estava a interferir no sinal. Então, de repente reapareceram três pessoas holográficas na sala. Pessoas que nas suas naves, recorrendo aos capacetes, tinham regressado à Holosala de reuniões.
– Acabei de ver no nosso simulador que toda a frota deles está sobreposta à nossa.
– Eu estou colocado no interceptor. Quando tirei o capacete vi um fantasma a apontar-me uma arma e três membros da minha equipa no chão.–
Disse um dos homens, cuja identificação dizia Drefon
Saquei da minha L-10KW, disparei-lhe para o peito e ficou deitado no chão. – Continuou Drefon.
Eu ... – Começou a falar uma rapariga, mas desapareceu, como se tivesse sido bruscamente desligada.
Eu estou num caça pesado. O meu colega deu cabo deles antes de eu ter tirado o capacete. Usou uma arma de raios, modelo standard imperial. – Disse o tenente Clarke.
O nosso destruidor é um protótipo, muita tecnologia é nova. Vou sincronizar este ambiente virtual com o nosso previsor holográfico, e já temos actualizações em tempo real.
– Não teria sido mais inteligente ter tido isso ligado durante a reunião?
– Perguntou Drefon.
– Curioso. Eles não entram na sala onde eu estou.
– Como assim?
– Perguntou Clarke.
– A sala onde eu estou com o capacete virtual! Eles não entram aqui.
– Consegue ver se há mais salas nessas condições na sua nave? Ou na frota?

Passados vários segundos, Hamilton responde:
– Salas onde eu notei que não conseguem entrar: HiperGerador de realidade holografica virtual aqui. Sala de tecnologia no cruzador e motor de hipersalto em todas as naves pesadas.
Hamilton parou pensativo.
– Por mim, eu fazia a nossa frota sair do hiperespaço, e tínhamos o problema resolvido. – Disse Clarke.
– Parece-me uma excelente solução.– Comentou Drefon.
Á falta de melhor solução, vou ter de concordar. Só que o campo hiperespacial que nos envolve está a ser gerado no cruzador.
– Eu pensei que cada nave tinha o seu próprio campo – disse Drefon.
– Para transportar uma frota, a nave principal gera o campo hiperespacial, e todas as outras expandem-no à sua vollta. Perdendo-se o campo da nave principal, o campo da frota colapsa e saimos todos do hiperespaço. Isto é conhecimento geral de todo o astronauta, caro Drefon! – respondeu Hamilton.
– Eu estava a dormir na acção de formação. Foi um jet lag e logo depois uma directa.
– Conseguimos fazer a deles sair do hiperespaço em vez da nossa?
– Perguntou Clarke
– Não sabemos onde está a ser gerado o campo deles.
– Ao voltar ao hiperespaço, não há riscos de os reencontrarmos?
– Bem, eu acho que tenho uma solução para que isso não volte a acontecer. Mas uma coisa de cada vez senhor Drefon.
– Então, digam lá como é que vamos
desligar o campo hiperespacial da frota, se nenhum de nos está no cruzador. – diz Clarke
– Eu acho que tenho uma solução. Conhecem a lenda do Cavalo de Troia?
– Eu não costumo ver holo-novelas.
– O meu pai nunca me deu acesso a literatura infantil.

– Estou a ver que não...
Hamilton tinha notado que as comunicações de realidade virtual para a holosala da sua nave permaneciam normais e foi esse o ponto de partida para o seu plano.

Cruzador comandante CRZMAT27112012-001, 7h16m
O comandante tinha acordado e viu dois dos estranhos “fantasmas” aparentemente a falar, mas não ouvia nada. Voltou a fechar os olhos, e utilizou as suas nanites internas para tentar se ligar à IA da nave. Não conseguiu e percebeu que as nanocomunicações estavam desligadas. O diagnóstico interno mostrou-lhe que as nanites ainda funcionavam. Então, rapidamente abriu os olhos. Levantou-se. Os “fantasmas” apontaram-lhe a arma.
Ele tentou dar um pontapé nas armas deles, e viu seu pé atravessar as armas e os seres.
Eles dispararam, mas para sua surpresa,.o comandante, com uma velocidade sobre-humana, afastava-se dos raios. A cabine acabou por ficar internamente destruída, mas os fantasmas atingiram-se-se um ao outro.
– IAC estás on?
“Bom dia senhor. Sim senhor.” – respondeu a inteligência artificial central da nave.
– Identifica-me estes seres transparentes que estão aqui na cabine.
“Para além de si, não está mais nenhum ser na cabine, senhor.
O comandante olhou para os dois caídos no chão, inconscientes e responde:
– Estou a ver. Quero um diagnóstico rápido ao nano-espaço.
“Nanocom sobrelotada. Todos os outros sistemas a funcionar dentro dos parâmetros óptimos”
– É possível contactar a ponte?
“Negativo”.
– Porquê?
“Sem informações disponíveis. Sistema de autodiagnóstico com erros."
– Que me sugeres? Que fique aqui quieto?
"A decisão é sua senhor."
(continua)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Histórias do Universo 25
II - A frota fantasma
( Parte 2 de 4 )

Esteja à vontade e não peça desculpa. Esta deverá ser a missão mais invulgar das nossas carreiras. Começou já com um acontecimento insólito.
Obrigado senhor.
Reya abandonou o seu posto na ponte de comando e foi para a cabine de pesquisas.
Tinha sido recrutada para esta missão dois dias antes pelo chefe do centro imperial de pesquisas. Tal como muitos dos seus colegas, não era militar e nunca tinha servido o império numa nave militar.
Pelo caminho lembrou-se de algo e foi então, primeiro à sua cabine.
Ao chegar depara-se com um humano translucido a parado no ar e aparentemente a dormir.
Comunica à ponte de comando e sai a correr para a cabine de pesquisas.
Na ponte de comando, o subcomandante pede à equipa de seguranças que investigue as cabines do cruzador.
Pouco depois chega a informação, vinda do chefe de segurança:
Várias cabines à esquerda do corredor B, sentido alfa-omega têm humanos translúcidos, voltados de costas, a dormir no ar, cobertos em tecidos igualmente translúcidos.
O subcomandante ordena que a nave se desvie por forma a que a nave “saia do fenómeno”

Holo Sala de reuniões – ambiente virtual simulado a bordo do Destruidor “Fim do mundo”, DSTMAT21122012-PRT, 6h01m

Sentados à mesa estão versões virtuais de Patricia Asimov, de Reya Gahkov, de vários especialistas em várias áreas da ciência e tecnologia que trabalham na frota, e do subcomandante da frota..
Bom dia a todos. Estivemos a analisar os espectros de luz emitida pelas imagens humanas que têm nos aparecido nas naves da nossa frota e lá fora. A análise inicial revelou que a emissão está a vir do hiperespaço de um outro universo. – começou um homem que tinha, como identificação na bata, “Hamilton”
Uma perspicaz observação ali da menina Ruth Torres, deu-nos outra informação: muitos dos observados são pessoas que, de acordo com as nossas bases de dados, já faleceram. Foram identificadas pessoas de há quatro séculos, há dois e há um – prosseguiu – No caça ali da tenente Patrícia Asimov percebeu-se que eles também nos vêm. Na nave de batalha onde eu estou colocado, o comandante observou que as imagens humanas se distribuíam como se estivessem num interceptor invisível. Uma rápida análise dos dados que temos parece concordar com ele e sugerir que estamos a ocupar o mesmo hiperespaço que uma grande frota de interceptores e naves de batalha.
Resumindo, estamos no meio de uma frota fantasma, de fantasmas? – Perguntou o subcomandante.
Simplesmente apresentei os dados que temos. Não salte para conclusões.
Se eles conseguem ver-nos, podemos comunicar com eles.– Sugeriu Patrícia.
Sim, podemos, mas a nossa missão não é falar com fantasmas. Vamos registar o ocorrido e deixar essa missão para outra frota de investigação. – Ordenou o subcomandante.
Ao tirar o capacete virtual no seu caça, Patrícia vê que o caça está dentro de um interceptor fantasma. Não encontrando Andrea, vai às traseiras e encontra-a deitada no chão, inconsciente, e com um “fantasma” a apontar-lhe uma arma e a sorrir.
Patrícia tenta aproximar-se de Andrea para a socorrer, mas vê a arma apontada à sua cara.
Agora gostaria de saber o que tem o subcomandante a dizer disto!
No cruzador, Reya tira o capacete, e está na sala de pesquisas, rodeada pelos seus colegas, e vários fantasmas a apontar-lhes armas.
As armas deles causam estragos reais. – Disse um dos homens.
Na ponte de comando, passa-se algo semelhante quando o subcomandante tira o capacete.

(continua)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Histórias do Universo 25
II - A frota fantasma
( Parte 1 de 4 )

Espaçoporto Imperial, Planeta Júpiter [1:39:4], 12 de Janeiro de 2017 CO, 2h22m

Uma pequena frota imperial preparava-se para sair do hangar, em direcção a uma das missões secretas mais estranhas ordenadas por um imperador.
Dez caças pesados, doze cargueiros grandes, um cruzador, uma nave de batalha, um interceptor, um bombardeiro e um destruidor comandados por um comandante, com apenas duas missões registadas na ficha de serviço.
Andrea e Patricia Asimov eram irmãs e as únicas tripulantes do novo caça CPMAT12012016-301, um dos caças desta missão.
Assim que chegaram a órbita, a frota entrou no hiperespaço, como nas restantes naves, puseram a nave em piloto automático.
Andrea foi dormir. Patrícia ligou-se ao terminal de realidade virtual da frota. Estava vazio.
Desligou-se e voltou ao cockpit. Pos um capacete virtual e um holofilme a passar.
Acabou por adormecer, de costas para os visores..

Caça Pesado CPMAT12012016-301, 12 de Janeiro de 2017 CO, 5h32m
Andrea, exaltada, tira o capacete a Patricia e acorda-a.
– Que se passa? Já chegamos?
– Olha!
Patricia olhou e viu um ser humano, transparente que flutuava e parecia estar a fazer manutenção a qualquer coisa.
Tentou tocar nele mas a mão atravessou-o.
– Deve ser alguma brincadeira holográfica de algum dos nossos colegas..
Andrea apontou para a janela... e lá estavam muitos outros humanos transparentes, lá fora, no hiperespaço, nas mais variadas funções.
– Não são hologramas. Não temos emissores cá dentro. Só gravadores. E tu passaste ali a mão. Parece-te um holograma?
– Está bem não são hologramas, que diz o comando?
– O comando da frota pede-nos que registemos holograficamente a ocorrência e enviemos para o cruzador comandante.
– Está bem, isso é trabalho meu.
Patrícia coloca o capacete, desliga o filme e activa o ambiente de gravação.
– Há quanto tempo isto começo?
– Não sei. Acordei há minutos com o ruído do comunicador de frota, e já estava isto aqui... Pat! Ele está a olhar para mim.
Patrícia tira o capacete e vê o homem a tentar tocar na sua irmã, tal como ela à pouco tinha tentado tocar nele.
– Mas, c’um raio?!
Ele aponta para elas e mexe a boca como se estivesse a chamar alguém, mas não ouvem nada.
Começam a aproximar-se outros homens transparentes, e mais dois tentam tocar nelas.
– Não sei tu Pat, mas eu não gosto de me sentir apalpada por desconhecidos transparentes e imateriais.
Andrea acelerou a nave e os estranhos humanos ficaram para trás. Fora da nave.
Patrícia voltou a colocar o capacete.
– Dados enviados.

Ponte de comando do Cruzador comandante CRZMAT27112012-001, 12 de Janeiro de 2017 CO, 5h37m

– Subcomandante. Um dos nossos caças afectado pelo fenómeno moveu a sua posição relativa, afastando-se das manifestações..
– Até termos uma explicação para o fenómeno, autoriza toda a frota a afastar-se dele.
Subcomandante. Não devíamos acordar o comandante?
A menos que me prove que estas imagens tridimensionais são uma ameaça, não vejo qualquer motivo para o acordar. Principalmente neste momento. 
– Sim senhor. Peço desculpa pela pergunta.

(Continua)

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

As aventuras de Capitão Lagrange
Capítulo IV
Os Piratas
( Parte 2 )

Continua daqui. Pode ver um resumo da história até agora aqui.

Bolas! O que será que se está a passar?– pergunta Gonzalez.
–Espera, eu já vejo.
Laura liga-se via nanites a uma colega.
Lagrange tentou mais uma ver ligar-se a NIA, mas sem sucesso.
– A Jo vai dar-me áudio e imagem via nano-comnunicações. Vou ver e ouvir o mesmo que ela.
– Brinquedos giros os destas meninas. – Observou Gonzalez.
Hic e o segurança Dorn sairam dos carros e aproximaram-se do carro de Laura.
– E agora? Isto não estava nos nossos planos. – Disse Hic
– Chiu. A Laura está a usar nanocom para saber o que se passa.–Respondeu Lagrange
– Chiça! Vocês estão cheios de engenhocas.
Laura continuou agarrada ao volante por vários minutos enquanto recebia a comunicação.
Lagrange pegou nuns binóculos e observou o território à volta.
Jovian e Gonzalez saíram do carro e foram conversar com o pessoal dos outros carros.
Passadas duas horas. Laura chamou-os a todos.
– Isto não está nada bom... vi-os matar três homens da Esperança .
A nave aterrou, saíram vários homens e mulheres à civil armados.
Aproximaram-se do centro da Cratera, da zona das tendas. Um tipo careca de barba branca e com uma orelha electrónica no lugar da esquerda disparou para o ar e disse que se não aparecesse ninguém que eles iam voltar para o interceptor e destruir tudo.
As pessoas começaram a aproximar-se, e ele pôs 3 oficiais amarrados e amordaçados à frente dele.
Identificou-os como sendo da tripulação de uma nave de batalha que estava “lá em cima”.
Exigiu quantidades de metal, deutério e cristal.
Disse que se não pagássemos alguém morria. E deu um tiro na cabeça do primeiro.
Que se tentássemos algum truque.. Ligaram um escudo protector à volta do segundo, mostrou que o escudo resistia às nossas armas e depois disparou.a arma dele. O tiro atravessou o escudo e atingiu o coração do homem.
Dsse que um exemplo vale mais do que mil palavras...
Matou o terceiro porque alguém tinha de pagar por estar ali tão pouca gente.
Virando-se para as mulheres disse que como ele tinha perdido três reféns, precisava de outros três. Fez sinal, e os homens dele apanharam seis pessoas. e levaram,
Disse que a matemática nunca foi o forte dele.
Ele também exigiu a entrega de todas as nossas armas de plasma. Disse que teve acesso ás bases de dados da nb que destruiu e que tinha conhecimento de todo o nosso armamento. Se faltassem armas na entrega... disparou para a cabeça do 2º cadáver..
Já percebemos a ideia – Interrompeu Jovian.
Incomoda-me ele ter feito três mortes só para transmitir a mensagem.– murmurou Gonzalez.
Ele nem é o comandante de uma nave nem da frota. Foi só escolhido para fazer isto.– Continuou Laura.
E agora? – Perguntou Tretus.
Eu acho que mais do que nunca, precisamos de ajuda. – Responde-lhe Lagrange.
Ele pediu que fosses entregue até amanhã David.
Eu? Porquê eu?
Não sei, mas deu mais um tiro no 2º cadáver quando falou em ti.
Ninguém vai morrer por minha causa. Eu entrego-me. Mais alguma coisa que devamos saber?
Eles vão manter naves na órbita do planeta e monitorizar-nos.
Vocês, prossigam. Eu volto a pé para a cratera.
A pé? Isto ainda é um...
Lagrange começou a correr e em menos de dez segundos desapareceu da vista deles.
...bom bocado– Disse Hic espantado a olhar para Lagrange enquanto corria.
Qual será o segredo dele? Pernas biónicas ?– Perguntou Jovian
Alguém fez-lhe um bom upgrade...– Respondeu Laura.
Meteram-se nos carros e prosseguiram viagem.
(continua)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

As aventuras de Capitão Lagrange
Capítulo IV
Os Piratas
( Parte 1 )

Pode ver um resumo da história até agora aqui ou aqui.


“O quê? A pirataria é ilegal quando é contra mim! - Respondeu o imperador”

Fernão Hopes, “O império de may”

Ao bombardeamento seguiu-se uma pequena chuva de destroços que atingiu vários edifícios e destruiu várias tendas.
As pessoas abrigaram-se como puderam, mas algumas foram atingidas.
As ambulâncias improvisadas espalharam-se pela cratera e vizinhança. Algumas também levaram com os destroços em cima, e ficaram pelo caminho.
Ouviam-se gritos.
Não se percebia o porquê destes ataques.
Sem frota, sem liderança e sem exército, nos dias seguintes o caos espalhou-se.
PéNaCov tentou, mas não foi capaz de unir a população.
O hospital-destruidor estava cheio de feridos e tinha uma grande falta de médicos e de equipamento.
As fontes de energia começaram a escassear e pequenos grupos organizaram-se para procurar comida.
Uma semana depois, no decimo primeiro dia do terceiro mês do ano 1, Lagrange encontrou PéNaCov acamado no hospital-destruidor.
– Onde está NIA?
– Começas a chatear-me com a tua boneca! Não sei!
– Robotica, pode ajudar-nos. Mas preciso de NIA para os contactar.
– Eles monitorizam as nossas comunicações. Se quisessem já tinham ajudado. Quem nos garante que não foram eles a bombardear-nos?
Lagrange agarrou PéNaCov pela camisa e insistiu:
–Não fujas ao assunto! Que lhe fizeram?
Lagrange notou que PéNaCov tinha perdido a mão direita. Até agora o braço direito tinha estado debaixo do lençol. Notou também que a perna esquerda era mecânica
– Estás mesmo obcecado por essa boneca!
– Que te aconteceu?
Lagrange largou-o.
– Acidente doméstico. Estávamos a ver o que é que podia se salvar dos destroços da frota, e havia lá um laser de um caça que disparou na minha direcção. Tive sorte em ter sido só a mão.
– E a perna?
– Perdi-a numa missão, muito antes de chegar aqui. O que foi que vieste cá fazer?
– Visitar-te.
– Sobre a tua boneca...
– O nome dela é NIA!
– Como eu ia dizendo, sobre a tua boneca,...
– Escuta aqui meu cabrão: Se não aprenderes a tratar as IAs como gente não estejas à espera de ter boas relações com Robótica.
Serguei olhou para Lagrange com o ar de quem o ia zombar.
– Certo. Tu podes querer pinar aquele eletrodoméstico, mas isso não faz dele gente.
– Nem vou comentar essa afirmação. Gente ou não, precisas de os tratar como se fossem humanos. Que te diz o tal blog sobre isso?
– O blog parece parar para no fim do terceiro capítulo, com o bombardeamento à nossa frota. Mas aprendi coisas que podem vir a ser-me úteis...
– Onde está NIA?
– Estás mesmo embeiçado por aquela andróide! Estás a insultar todas as mulheres da espécie humana.
– O que é que te interessa isso? Onde é que ela está?
– Pareces um puto birrento. Devias saber que nem sob torturma me arrancam o que eu não quero dizer.
– Ela é um risco para nós? Já fomos bombardeados! Lá fora é o caos. As pessoas querem sobreviver, e em segurança. Achas mesmo que revelar-me onde ela está vai piorar isto? Qual é o teu problema?
– Levamos poucas horas a visitar sistemas solares noutras galáxias, e vocês levaram mais de doze horas numa missão de busca de sobreviventes, e ainda por cima cometeram a maior estupidez militar da história: mostraram a um inimigo claramente superior onde tínhamos toda a nossa frota parada!
– Não fomos nós que os levámos à Esperança. Quem encontra a Esperança no meio do espaço facilmente encontraria a nossa frota parada num planeta.
– Falas em suposições. Eu falo em factos. Vens me chatear por causa de uma boneca quando morreram vários homens bons? Onde estavam as tuas teorias quando regressaram ao planeta?
– Eu não estava ao comando da Arquimedes, nem mesmo do meu caça, mas concordei com as decisões tomadas. Estávamos sem combustível. Seríamos apanhados de qualquer forma.
– Já agora, onde andaste toda a semana? Quem és tu para vir aqui me exigir seja lá o que for?
– Não te diz respeito.
– Não passas de um traidor à tua própria espécie.
Natália aproximou-se e pediu a Lagrange que saísse e a PéNaCov que se acalmasse.
Á saída, um pequeno grupo de 17 homens e mulheres esperava Lagrange. Entre os quais os seguranças que o tinham acompanhado quando saiu da Arquimedes, Jovian, Gonzalez, Muitus Tretus, Hic Silva, e alguns ex-membros da equipa de Serguei.
– Nada. Continuo sem saber de NIA.
– Sem ela, acho que não vale a pena regressar a “Robot City”- Disse Gonzalez.
– Continuamos como planeado?– Perguntou Laura , ex-agente de PéNaCov.
– Que remédio!
Os homens dividiram-se em 3 carros. Laura conduzia o carro da frente, os outros seguiam.
– Há uma coisa que me está a incomodar. Se vocês têm carros, porque é que pelo menos um não acompanhava os contentores de deutério que eram levados a pé por Serguei e os seus homens?
– Exercício físico?
– Vai gozar outro! Logo num carregamento de deutério?
– Os portais de salto terrestre emitem um pulso eletromagnético no raio de 1 quilómetro que inutilizam estes carros.
– Estou a ver. Até as minhas nanites foram desligadas na altura. E o contentor deixou de flutuar.
– É frustrante. Lá fora, temos tecnologia bem mais sofisticada e blindada contra estes problemas.
– Por falar nisso. Ali o nosso amigo Jovian tinha um teletransportador na Arquimedes! Porque não usavam isso para transportar o deutério?
A ionização-T estraga o deuta. Além disso, teletransportadores são tecnologia proibida.
Proibida lá fora. Por cá não temos uma lei que proiba.–Respondeu Jovian.
Hey. Parem os carros – gritou Tretus apontando para o céu.
Lagrange olhou para o céu.
Interceptores! Estão a descer interceptores!
Laura trava o carro. Os carros que a seguem param. Ao ver Tretus a apontar para o céu todos olham e vêm interceptores a descer e a aterrar.

(Continua)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Histórias do Universo 25
I - O comandante que se apaixonou por uma inteligência artificial
( Parte 4 de 4 )

Solo juntou-se ao seguranças da nave na procura por indícios de ionização ou de um teletransportador.
No centro médico, a dra Wolzin não sabia o que fazer com NIA.
dra Wolzin: Sra Troy,  toda ela é tecnologia muito além dos meus conhecimentos. Sabemos que faltam componentes, que estão a escorrer líquidos corporais lá dentro, e que as nanites estão todas desligadas, como se faltasse um centro de comando.
Troy: Não é possível que ela esteja em modo de auto-reparação?
dra Wolzin: Sem nanites? Mesmo que nos devolvam as componentes que faltam, duvido!
Troy: Assim que tivermos acesso a comunicações eu falo com o imperador.

Todas as cabines e zonas de carga foram investigadas. Não haviam sinais de ionização em lado nenhum.
Solo: Como é que alguém consegue esconder a ionização? É possível que o teletransporte tenha sido feito de fora da nave?
Chefe de segurança: Não tenho explicações para isto. Tecnologia proibida, uma andróide ultra avançada morta, e um espelho com uma mensagem. Somos uma tripulação nova, esta é a nossa primeira missão. O ataque foi demasiado específico. Só pode ser de alguém que a conhecia, ou sabia o que ela era.
Solo: continuem sem mim. Acabaste de me dar uma ideia.
Solo correu para a ponte de comando.
Solo: Subcomandante. Posso falar consigo?
McNerd: Sim capitão, que se passa?
Solo fez-lhe sinal com a cabeça na direcção da sala de reuniões. McNerd percebeu e foram ambos para lá.
McNerd: Que se passa capitão?
Solo: preciso de acesso às fichas pessoais da tripulação.
McNerd: Podias ter pedido isso ao chefe de segurança.
Solo: Preciso de uma autorização de subcomandante.
McNerd aproximou-se de um computador e deu-lhe a autorização.
McNerd: Agora posso saber porquê?
Solo: Porque o criminoso sabia onde atingir NIA.
McNerd: E?
Solo: Eu sei onde existe o único esquemático holográfico de NIA no universo.
Solo não precisou de muito tempo para ter um suspeito. Chamou os seguranças da nave e com eles dirigiu-se à sala das máquinas de propulsão.
Solo apontou o dedo a um dos técnicos, e os guardas apanharam-no. Solo aproximou um analisador perto dele.
O técnico chefe aproximou-se.
Técnico Chefe:Que se passa?
Chefe de segurança:  Este homem é suspeito do uso de um teletransportador para uso letal.
Técnico Chefe: Ele passou a viagem toda aqui.
Solo: Tem alguma explicação para ele ter ionização-T nas mãos?
Técnico-Chefe: Ionização-T? Valham-nos os deuses do universo!
Solo: Não dizes nada Saúl?
Saúl: Não tenho nada a dizer. Só falo com um defensor!
Solo: Defensor? Tu tentaste assassinar a namorada do comandante.
Saul riu-se.
Chefe de segurança: Prendam-lhe as mãos e revistem-no.
Solo abriu o cacifo de Saúl Ardal e encontrou um teletransportador portátil, escondido dentro de uma bota.
Saúl foi preso, o escudo da nave desligado e Troy usou um comunicador para falar com o imperador.
Saúl Ardal servia no palácio Imperial em Achenar239, quando NIA confiou o seu esquemático holográfico ao imperador. Esteve em várias equipas que analisaram tecnologia encontrada nas missões de exploração espacial. Aceitou a missão no cruzador "porque precisava de espairecer".
Muito mais tarde, percebeu-se que Saúl tinha sofrido uma lavagem cerebral por um grupo de fanáticos que se intitulavam DRH (Defensores da Raça Humana), para quem as relações de seres humanos com seres não humanos era vista como uma aberração a ser abatida. Saúl teletransportou partes do interior de NIA para o espaço... Essas partes nunca foram encontradas.
O imperador revelou a Troy que a tecnologia de NIA era tão avançada que provavelmente só dali a várias dezenas de anos se conseguiria gerar uma IA semelhante, e só dali a várias centenas de anos se conseguiria criar um andróide como NIA.
O cruzador regressou a Júpiter, comandado por McNerd.
 Lagrange passou a viagem toda frente a uma inanimada NIA.
 Troy e Solo desistiram das férias em Ria e também regressaram no cruzador.
À chegada Lagrange pediu ao imperador que lhe desse uma pequena frota para que pudesse procurar no universo uma solução para NIA.
O imperador hesitou, mas acabou por ceder.
NIA foi colocada numa caixa de cristal, a bordo do cruzador de Lagrange.
Na tripulação dessa frota foram colocados homens escolhidos a dedo por homens da confiança do imperador.
Homens que um dia referir-se-ão a Lagrange como "o comandante que se apaixonou por uma inteligência artificial".

Semanas mais tarde, Troy encontra o Imperador a olhar para um holograma de NIA.
Troy: Tem saudades dela?
Imperador: Sabes como sou eu e raparigas bonitas.
Troy: Ela não era uma rapariga bonita qualquer.
Imperador: Não. Tu também não.
Troy: Lagrange adorava-a.
Imperador: Se há alguém no universo capaz de tudo para a trazer de volta, é ele.
Troy: Como foi que Lagrange o convenceu a dar-lhe uma frota?
Imperador: Disse-me que queria consultar os peritos do maior império do universo, e se não obtivesse solução, que iria regressar ao local onde conheceu NIA.
Troy: Isso é possível?
Imperador: Aprendi a nunca subestimar a capacidade de engenho de um louco.
Troy: Infelizmente, desta vez eu não sou muito optimista.
Imperador: Ah não? Posso saber porquê?
Troy: Ambos sabiam que um dia iriam separar-se.
Imperador: Confias em mim Troy?
Troy: Sim, o senhor sabe que sim.
Imperador: NIA vai voltar à vida.
Troy: Porque é que me diz isso com tanta certeza?
O Imperador sorri, responde:
-Confia em mim
E afasta-se...
Troy olhou para o holograma de NIA, desligou-o.
Troy: Boa sorte David...


Acabou?











quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Histórias do Universo 25
I - O comandante que se apaixonou por uma inteligência artificial
( Parte 3 de 4 )

McNerd chamou o comandante, e pediu-lhe uma palavrinha em privado.
Entraram na sala de reuniões.
McNerd: Comandante, sei que serviu na aliança durante três anos e seis meses.
Lagrange:Sim, é verdade.
McNerd: Mas os relatórios das suas missões não se encontram disponíveis para mim.
Lagrange: É perfeitamente normal. Estive a trabalhar com os serviços secretos da aliança.
McNerd: Percebo. para além de si, só tenho mais um membro da tripulação suspeito, a sua amiga NIA. A ficha dela tem vários dado que eu sei serem falsos.
Lagrange: Alguma queixa sobre ela?
McNerd: Para ser mesmo honesto, muitos homens há volta dela distraem-se. Eu próprio quis saber onde ela andou a minha vida toda. Para meu espanto, o computador diz-me que ela foi minha colega de turma na...
Lagrange: Subcomandante, ela não é só minha amiga, é minha namorada. E os problemas na ficha dela têm bons motivos.
McNerd: Sua namorada?
Lagrange: Alguma coisa contra?
McNerd: Não senhor! Mas não pode dar-me alguma justificação para estes dados?
Lagrange: Já que vai servir comigo, vou partilhar consigo um segredo que espero que se mantenha segredo.
McNerd: Pode contar comigo senhor. Nada do que me contar sairá destas portas.
Lagrange: NIA é um androide.
McNerd: Um androide? Nunca vi um modelo daqueles.
Lagrange: Nem verá. Não são fabricados em nenhum sítio conhecido neste universo.
McNerd: Então de onde veio?
Lagrange: Da anomalia espacio-temporal onde perdi o meu cargueiro há quatro anos.
McNerd: Ela é mesmo sua namorada, ou é algum tipo de disfarce?
Lagrange: É mesmo minha namorada!
McNerd: Perdão senhor... Mas ela é um andróide!
Lagrange: Até eu lhe ter dito, o senhor nem suspeitava.
McNerd: Verdade... mas.
Lagrange: Não vou debater ética consigo. Apenas quero que mantenha sigilo e a deixe em paz.
McNerd: Sim senhor.
Lagrange: Promete-me?
McNerd: Sim senhor.
Lagrange: Para além de si, apenas pessoal qualificado da agência, o Imperador e Troy sabem. Agora que já sabe, há alguma questão?
McNerd: Agora que me contou, prefiro não fazer mais questões.
Lagrange: Óptimo. Limite-se a fazer o seu trabalho, traga-me apenas assuntos relacionados com as nossas missões, e problemas sérios com o pessoal, tal como lhe compete.
McNerd: Sim senhor.
McNerd saiu.
"Contei que és uma IA a McNerd" - disse David , via nanites, a NIA.
"Porquê?"- Perguntou NIA.
"O idiota que fez a tua ficha devia estar bêbado. De acordo com o que lá está foste colega do subcomandante McNerd."
"Estou a ver... Olha, não queria incomodar-te com isto, mas, há pouco eu e Ítaca passámos pela minha cabine. Alguém escreveu «Aberração» com um marcador vermelho no meu espelho."
"O quê?"
"Solo e Troy estão aqui comigo."
"Vou já para aí. Deixo McNerd ao comando."

"Obrigado David."
Lagrange entra na ponte de comando, pede a McNerd que fique ao comando e corre em direcção à cabine de NIA.
Entretanto,  à porta da cabine de NIA, Solo examinou a porta e o corredor. Depois, voltou para dentro da cabine.
Solo: A entrada não foi forçada. Existe uma câmara no corredor, mas a experiência diz-me que não devemos encontrar nada por lá.
NIA: Eu já disse ao David.
Troy: Nano-comunicações?
NIA: Nano-comunicações.
Nisto Lagrange chega à cabine e abraça NIA.
Lagrange: Solo, diz-me que já tens algo.
Solo: Espero que a câmara deste corredor tenha estado a funcionar. A porta não foi violada.
Lagrange: Com que objectivo fizeram isto? E o que é que querem dizer com "Aberração"?
NIA: Eu não sou humana. Supostamente  só nós os quatro... e o subcomandante McNerd é que sabemos disso. Por outro lado, McNerd está fora de suspeitas porque acabou de saber e ainda não desceu a este piso, Troy estava comigo e tal como Solo não sabia onde é a minha cabine.
Solo: E, eu estava na nossa cabine até Troy ter me pedido para cá vir.
Lagrange liga-se via nanites a McNerd.
"Subcomandante, preciso que me verifique as entradas na cabine B12 e recorrendo às câmaras do corredor B, confirme essas entradas"
"Que se passa comandante?"
"Algum anormal entrou na cabine de NIA."
"Vou já comandante... De acordo com o nosso registo, NIA esteve aí uma hora antes de sairmos do espaço porto e voltou aí há doze minutos, onde tem estado até agora. Não há outras entradas. As câmaras confirmam as entradas, e uma análise feita pela IA da nave mostra que mais ninguém entrou."
"Obrigado subcomandante. Mantenha-me informado".

Solo: Desculpa a estupidez da questão, mas tenho de fazê-la: NIA, não tens tecnologia que te permita ajudar-nos a identificar o autor?
NIA: Eu não consigo ligar-me à IA da nave...É como se eu estivesse infectada com...
NIA desmaiou nos braços de Lagrange.
Lagrange apertou NIA, e depois deitou-a na cama.
Troy: Nunca a tinha visto desmaiar.
Lagrange: Eu já. As nanites dela devem estar a fazer manutenção.
Lagrange aperta a mão de NIA, mas não obtém qualquer tipo de comunicação com as suas nanites.
Lagrange: Que raios?
Solo: Que se passa?
Lagrange: as nossas nanites não estão a comunicar. Troy, conta-me exactamente tudo o que fizeram até chegar cá.
Troy: estivemos na tua sala de reuniões alguns minutos, depois passamos no bar para tomar um chá, e depois ela queria mostrar-me a sua cabine..
Lagrange: Que tipo de chá?
Troy: Belatasca. Porquê?
Lagrange: Só me está a ocorrer uma coisa: Protanerabacter.
Troy: O que é isso? Alguma bactéria hostil a androides?
Lagrange: Troy,  vê se ainda consegues as chavenas onde tomaram o chá.. de preferência ainda sujas. Não tenhas problemas em usar qualquer sistema da nave nem de sacar dos teus galões. Eu vou chamar uma equipa médica.
Solo: Uma equipa médica? Ela é uma andróide.
Uma rápida análise feita pela equipa médica mostrou que o chá estava limpo, não continha bactérias estranhas.
Mas a análise à tinta do marcador mostrou uma estranha ionização nas moléculas...
Ao comunicador com a equipa médica, Lagrange tem uma surpreendente revelação:
Lagrange: Porque é que me está a falar dessa ionização?
Dra Wolzin: Porque é o tipo de ionização típico de teletransportadores.
Lagrange: Mas nós não temos teletransportadores aqui, nem há registo de uma nave por perto!
Dra Wolzin: Estou a dar-lhe factos, não estou a dar-lhe explicações comandante.
Solo ao ouvir falar de teletransportadores, olhou aterrorizado para Troy.
Troy: que se passa?
Solo: Sabes porque é que os teletransportadores foram banidos?
Troy: Por algum motivo técnico?
Solo: porque alguém inventou uma forma silenciosa de matar com eles: Bastava teletransportar partes dos corpos das vítimas para fora delas.
Troy: Bárbaros! Achas que...
Solo: David, precisamos mesmo de uma RA a NIA.
Lagrange permitiu o exame... que de facto mostrou vários "furos" internos em NIA.
Lagrange não consegui evitar e chorou, frente a toda a gente.
Entretanto o cruzador estava prestes a aterrar no Espaçoporto imperial de Ria.
McNerd, tendo sabido do acontecido, avisou as autoridades locais de que estavam a investigar um crime a bordo, e que para de fuga do criminoso por teletransportador iria manter os escudos ligados até a situação estar resolvida.

(continua)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Histórias do Universo 25
I - O comandante que se apaixonou por uma inteligência artificial
( Parte 2 de 4 )

Troy deixou Solo sozinho na sua cabine e foi à sala de reuniões do comandante. Lá estava Lagrange sentado sozinho.
Troy: Onde está NIA?
Lagrange: Pedi-lhe que me deixasse conversar contigo sozinho. Ela passa por cá dentro de meia hora.
Troy: Que se passa? Algum problema entre os dois?
Lagrange: O problema é complicado.
Troy: Conta-me.
Lagrange: Há quatro anos, pouco antes de conhecer NIA, conheci uma futura bisneta biológica minha...
Troy: Parabéns David!
Lagrange: A NIA é um andróide  Ela não vai ser a bisavó dessa mulher. É biologicamente impossível. Mais:... a minha bisneta é a responsável por eu travar conhecimento com NIA.
Troy: E ela não te disse quem será a bisavó?
Lagrange: Não. O que me tira o sono é saber que vou ficar sem NIA.
Troy: Já tiveste muitos relacionamento na vida. O que torna NIA diferente? E quem te garante que já não tens um filho de outra mulher?
Lagrange: Eu já me dei ao trabalho de investigar todas as minhas ex's... A NIA é diferente. Eu não consigo imaginar a minha vida sem ela.
Troy: Que diz ela sobre isso?
Lagrange: O mesmo que disse Glorie.
Troy: Glorie?
Lagrange: A minha bisneta. Ela disse que eu devia viver a minha vida sem me preocupar com o que eu sei do futuro. Que eu devia viver o presente... Tentei. Mas começo a ter dificuldades em dormir.
Troy: Gostarias de ter um filho?
Lagrange: Sim, gostaria muito... com NIA.
Troy: Se não for com NIA não queres?
Lagrange: Se não for com ela, sinto que estou a traí-la, por isso não quero.
Troy: Mesmo artificialmente?
Lagrange: Mesmo artificialmente.
Troy: Do ponto de vista de muita gente, ela não passa de uma boneca. Porquê ela, e não uma mulher de carne e osso?
Lagrange: É ela que eu quero...
Troy: Estou a ver. Nunca olhaste para NIA como uma boneca?
Lagrange: Tu consegues olhar para ela como uma boneca? Ou mesmo como um robot?
Troy: Não, sabes que sempre considerei NIA uma pessoa. Uma amiga! No teu caso, o conselho de Glorie é um bom conselho. Só que o teu subconsciente não quer ignorar o que aprendeu.
Lagrange: Não gosto da ideia de o meu destino já estar escrito. Detesto informações sobre o meu futuro.
Troy: Se bem me lembro das palestras de Mecânica Temporal a que assisti, o teu futuro não está escrito... podes mesmo mudar esse suposto futuro e ele torna-se numa realidade alternativa.
Lagrange: Isto é um caso tremendamente complicado, e nunca antes estudado. Aquele ponto de encontro no espaço tempo é um ponto de encontro de vários pontos da mesma linha temporal. Disto eu tenho a certeza absoluta.
Troy: Também não gosto dessa ideia de ter um destino escrito. Seja como for, Lagrange, não podes deixar que isso te impeça de viver a tua vida. Todos nós sabemos que tanto nós como as pessoas à nossa volta vamos morrer um dia. Isso não nos impede de nos relacionarmos com elas.
Lagrange: pois...
"Chamo comandante Lagrange à ponte de comando"

Troy: Parece que precisam de ti. Vai.
Lagrange: Obrigado pela conversa.
Lagrange saiu e deixou Troy na sala.
Algum tempo depois, entra NIA.
NIA: Olá.Ítaca. Onde está o David?
Troy: Chamado à ponte de comando. Senta-te. Aproveitamos para conversar.
NIA: Está bem.
Troy: Diz-me uma coisa... Tu tens um prazo de validade?
NIA: Prazo de validade?
Troy: Sim. Vais morrer?
NIA: Não sei. Com este corpo e nanites com boa manutenção eu posso viver indefinidamente.
Troy: Como é que te sentes, sabendo que Lagrange terá uma bisneta?
NIA:Troy deixou Solo sozinho na sua cabine e foi à sala de reuniões do comandante. Lá estava Lagrange sentado sozinho.
Troy: Onde está NIA?
Lagrange: Pedi-lhe que me deixasse conversar contigo sozinho. Ela passa por cá dentro de meia hora.
Troy: Que se passa? Algum problema entre os dois?
Lagrange: O problema é complicado.
Troy: Conta-me.
Lagrange: Há quatro anos, pouco antes de conhecer NIA, conheci uma futura bisneta biológica minha...
Troy: Parabéns David!
Lagrange: A NIA é um andróide  Ela não vai ser a bisavó dessa mulher. É biologicamente impossível. Mais:... a minha bisneta é a responsável por eu travar conhecimento com NIA.
Troy: E ela não te disse quem será a bisavó?
Lagrange: Não. O que me tira o sono é saber que vou ficar sem NIA.
Troy: Já tiveste muitos relacionamento na vida. O que torna NIA diferente? E quem te garante que já não tens um filho de outra mulher?
Lagrange: Eu já me dei ao trabalho de investigar todas as minhas ex's... A NIA é diferente. Eu não consigo imaginar a minha vida sem ela.
Troy: Que diz ela sobre isso?
Lagrange: O mesmo que disse Glorie.
Troy: Glorie?
Lagrange: A minha bisneta. Ela disse que eu devia viver a minha vida sem me preocupar com o que eu sei do futuro. Que eu devia viver o presente... Tentei. Mas começo a ter dificuldades em dormir.
Troy: Gostarias de ter um filho?
Lagrange: Sim, gostaria muito... com NIA.
Troy: Se não for com NIA não queres?
Lagrange: Se não for com ela, sinto que estou a traí-la, por isso não quero.
Troy: Mesmo artificialmente?
Lagrange: Mesmo artificialmente.
Troy: Do ponto de vista de muita gente, ela não passa de uma boneca. Porquê ela, e não uma mulher de carne e osso?
Lagrange: É ela que eu quero...
Troy: Estou a ver. Nunca olhaste para NIA como uma boneca?
Lagrange: Tu consegues olhar para ela como uma boneca? Ou mesmo como um robot?
Troy: Não, sabes que sempre considerei NIA uma pessoa. Uma amiga! No teu caso, o conselho de Glorie é um bom conselho. Só que o teu subconsciente não quer ignorar o que aprendeu.
Lagrange: Não gosto da ideia de o meu destino já estar escrito. Detesto informações sobre o meu futuro.
Troy: Se bem me lembro das palestras de Mecânica Temporal a que assisti, o teu futuro não está escrito... podes mesmo mudar esse suposto futuro e ele torna-se numa realidade alternativa.
Lagrange: Isto é um caso tremendamente complicado, e nunca antes estudado. Aquele ponto de encontro no espaço tempo é um ponto de encontro de vários pontos da mesma linha temporal. Disto eu tenho a certeza absoluta.
Troy: Também não gosto dessa ideia de ter um destino escrito. Seja como for, Lagrange, não podes deixar que isso te impeça de viver a tua vida. Todos nós sabemos que tanto nós como as pessoas à nossa volta vamos morrer um dia. Isso não nos impede de nos relacionarmos com elas.
Lagrange: pois...
"Chamo comandante Lagrange à ponte de comando"

Troy: Parece que precisam de ti. Vai.
Lagrange: Obrigado pela conversa.
Lagrange saiu e deixou Troy na sala.
Algum tempo depois, entra NIA.
NIA: Olá.Ítaca. Onde está o David?
Troy: Chamado à ponte de comando. Senta-te. Aproveitamos para conversar.
NIA: Está bem.
Troy: Diz-me uma coisa... Tu tens um prazo de validade?
NIA: Prazo de validade?
Troy: Sim. Vais morrer?
NIA: Não sei. Com este corpo e nanites com boa manutenção eu posso viver indefinidamente.
Troy: Como é que te sentes, sabendo que Lagrange terá uma bisneta biológica?
NIA: Eu gosto dela. Incomoda-me saber que é de outra mulher. Mas não tenho informações suficientes para poder julgar se sairá de uma traição, de um relacionamento anterior, ou de alguém que ele conhecerá depois da minha destruição. Prefiro viver cada dia ignorando isso.
Troy: Ele já tinha me dito. Vou ter de pedir-te que o faças dormir o tempo necessário. Ou com nanites ou com medicação.
NIA: Ele é o comandante desta nave! Como queres que ele tenha um sono decente? Eu tento que as nanites dele compensem todo o tipo de faltas, mas mesmo as nanites têm os seus limites.
Troy: A frota imperial tem missões longas de guarda de cargueiros... algumas que duram meses. Eu posso pedir ao imperador que ponha Lagrange numa dessas missões.
NIA: Eu gostaria muito. Só que não quero fazer nada nas costas dele.
Troy: Fala com ele. Depois diz-me qualquer coisa.
NIA: Obrigado Ítaca. Aproveita bem as tuas férias.
Troy: Obrigado. Podes acompanhar-me num chá?
NIA e Troy sairam em direcção ao bar.
Alguns minutos depois, o subcomandante McNerd, sentado numa cadeira na ponte de comando passou os olhos pela ficha de NIA. Parte do ficheiro estava marcada como "Secreto" e requeria uma autorização muito superior à sua.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Histórias do Universo 25
I - O comandante que se apaixonou por uma inteligência artificial
( Parte 1 de 4 )


Ilha do Natal, Planeta Júpiter [1:39:4], 1 de Dezembro de 2016 CO, 5h47m
Troy acordou ao lado do seu marido, Solo. Sorriu, beijou-o e saiu da cama. Ainda a dormir, ele não deu por nada.
Troy foi à janela e olhou para a lua Ganymede. Pressionou um botão e na mesma janela apareceram os horários dos hipercomboios para o Espaçoporto Imperial.

Espaçoporto Imperial, Planeta Júpiter [1:39:4], 1 de Dezembro de 2016 CO, 6h00m
Do outro lado do planeta, no Espaçoporto Imperial, dentro do seu novo Cruzador, na cabine do comandante, Lagrange olhava para a lista de pessoal que ia servir consigo. Era a sua primeira missão na frota imperial desde que tinha regressado do ponto de convergência no Espaço-tempo onde foram parar muitas naves de diversos pontos da história. Desde o regresso, tinha servido na Força astral da aliança e sido destacado para algumas missões nos serviços secretos. Regressar ao seu planeta de origem e voltar a servir o imperador era uma sorte bem rara.
 Tinha uma tripulação jovem. Para muitos era a primeira missão oficial.
O seu primeiro oficial era o subcomandante Hal McNerd, que foi piloto de caças pesados durante dois anos, e combateu muitas e honrosas batalhas pela frota imperial.
Para Lagrange, pela primeira vez em muitos anos, parecia tudo estar a correr bem: Carreira, familia, amigos, saúde. No entanto, havia uma coisa que o incomodava. Estava apaixonadíssimo por NIA, uma IA que tinha conhecido no tal ponto de convergência do Espaço-tempo. Isso tirava-lhe o sono porque também tinha conhecido uma sua bisneta biológica, do futuro, que naturalmente não podia ser descendente de NIA.
Já tinha abordado o assunto com NIA, e até mesmo com a tal bisneta, que recusou-se a dizer-lhe quem era a sua bisavó...
O comunicador tocou. Era NIA.
-Olá David. Mais uma noite de insónias?
-Sim amor... podias ter usado nanites.
-Isto não pode continuar. Precisas de dormir. Eu estou a pensar em pedir ajuda à Troy.
-Achas mesmo necessário? Basta-te ajustar as minhas nanites.
"Sim, eu posso fazer isso. Mas Troy, além de nossa amiga é uma profissional... que nunca tentaste seduzir.

-Ela vai de férias com Solo. Não temos o direito...
-Se vou ser a responsável pela degradação da tua saúde, prefiro abandonar-te, e assim tudo encaixa.
-Não digas isso nem a brincar. Eu vou lutar por ti.

Estação de Hipercomboios, Ilha de Natal, Planeta Júpiter [1:39:4], 1 de Dezembro de 2016 CO, 7h32m
Troy e Solo entram no Hypercomboio em direcção ao Espaçoporto imperial. Solo levava na mão uma mala de viagem.
-NIA ligou-me há pouco. Pediu-me uma consulta para ela e Lagrange, enquanto estivermos a bordo do cruzador.
-Há uns anos se me dissesses isso eu pedia-te que lhe sugerisses que o largasse... Agora, ele gosta mesmo dela. E ela "não é real".
-Como não é real? Tu já a viste. Ela fisicamente é uma mulher, e não fala como uma IA. Fala como um ser humano. Imagina que de repente descobrias que eu sou uma androide. isso mudaria o que sentes por mim?
-Não é a mesma coisa. Conhecendo Lagrange, ela era provavelmente uma boneca que se prostituía, e ele roubou a ao dono..
-Não sejas mauzinho.
-Pelo que ele me contou, quando começaram a namorar, ele já sabia que ela era uma IA. Eu não consigo imaginar-me nessa situação.
-Já viste como ela é linda?
-A sério? Não notei. Só tenho olhos para ti.
-Sabes que não sou ciumenta. Admite lá.
-Está bem, eu admito. Ela é uma das mulheres mais bonitas que já conheci.
-Estás a ver, classificaste-a de "mulher".
-Devia ser crime criarem  robots indistinguíveis de humanos...Queres que te dê uma hora livre de mim para a tal consulta?

Espaçoporto Imperial, Planeta Júpiter [1:39:4], 1 de Dezembro de 2016 CO, 10h30m
O hipercomboio acaba de chegar. Uma escolta recebe Troy e Solo, e acompanha-os até ao cruzador, onde são recebidos pelo próprio comandante.
-Sejam bem vindos a bordo. É uma honra transportar um capitão da guarda imperial, e uma conselheira do Imperador.
-Deixa-te de tretas Lagrange. Já nos conhecemos há anos, e ainda na semana passada estivemos reunidos! - Respondeu Solo.
Lagrange abraçou Troy e depois Solo, e riu-se:
-Sim, mas nunca voaram comigo.
-Olha que ainda estamos a tempo de mudar de ideias... Da ultima vez que comandaste uma nave do imperador ela perdeu-se numa anomalia espacial...
- Eu prometo ter mais cuidado com esta nave!

Após a recepção, o casal foi para a sua cabine, e a pequena frota de um cruzador e um cargueiro grande partiu em direcção a Ria.
Era uma viagem de 1h 29min 38 seg.
(continua)

domingo, 25 de novembro de 2012

Introdução

Olá a todos, bem vindos ao meu novo Blog.
É um blog essencialmente de histórias.
Para quem seguia as minhas histórias no blog "A TASCA no universo 25", as histórias vão continuar aqui, mas com algumas características novas:

  • "As aventuras de Capitão Lagrange" continuarão a partir do capítulo IV.
    Disponibilizarei em breve os primeiros 3 capítulos em pdf
  • As "Histórias dos Impérios da TASCA" serão substituídas pelas "Histórias do universo 25", e deixam de estar limitadas aos universos da aliança TASCA, isto é, passam a ter histórias de qualquer império..

Para os novos leitores: aqui, vão ser contadas aventuras que contêm acção, ficção científica, humor, não tendo necessariamente todos estes géneros ao mesmo tempo.
Haverá dois tipos de histórias: As longas, que podem requerer a leitura de capítulos anteriores, e as curtas, onde a acção geralmente passa depressa, e não requerem a leitura de outras histórias.
No entanto, as curtas poderão estar de alguma forma interligadas com as longas, de formas que só mesmo quem segue as longas perceberá.

Espero que gostem e que de vez em quando deixem um comentário.

Matemaníaco