No hospital, os piratas revistavam todos os doentes, médicos, enfermeiros.
O computador central estava desactivado. Assim que viu o hospital a ser invadido, o próprio Ross deu a ordem de despejar o stock de protanerobacters existente no laboratório em cima do CPU central e nos sistemas de backup.
Não se podia entrar nem sair do hospital.
Perguntaram a PéNaCov, se tinha visto Lagrange. Respondeu que não o via há dias, desde o bombardeamento.
A Ross foi apontada uma arma.
– Temos aqui algumas centenas de pessoas. Algumas chegaram cá desfiguradas. Ele pode ser qualquer um deles. Eu sinceramente não tenho memória para me lembrar de toda a gente, nem posso garantir se ele é ou não um dos desfigurados.
– Sabe, eu posso acabar com os seus pacientes todos e o caso fica resolvido.
– Mas não fica com a certeza de o ter eliminado.
– Não se preocupe... Se dentro de cerca de 11 horas ele não aparecer, toda esta região é bombardeada e destruída, começando pelo seu hospital, com os seus preciosos pacientes..
– Posso perguntar porque procuram esse homem?
– Porque o queremos morto! Aqui quem faz as perguntas sou eu!
O pirata empurrou Ross para o chão.
– Está bem chefe? – Perguntou-lhe o dr. Joaquim
– Não, não estou bem, mas vou sobreviver. Precisamos de pedir à Cristina para esconder o paciente num sítio seguro e pouco provável de ser encontrado. Acabo de partir o meu comunicador – sussurrou Ross.
– Encontrei o Rui inconsciente com o comunicador dele destruído.
– Temos de salvar o paciente... avisa a Cris.
O Joaquim levantou-se e foi para uma cabine já revistada.
Vários piratas armados estavam nos corredores.
Ross levantou-se e foi em direcção a PéNaCov, que estava na sala de espera. Sentou-se ao lado dele.
– Este senhor Lagrange parece ser muito importante. Tive o sr. Óxinol a perguntar-me por ele, depois houve a história que me contou e agora isto.
– Ele está aqui?
– Está em coma, lá em cima numa sala de acesso limitado.
– Em coma?
– Levou uma valente sova.
– As nanites dele não funcionam?
– O senhor também sabia que ele tem nanites?
Usando o seu comunicador, Joaquim pediu a Cristina que escondesse Lagrange e que não deixasse os piratas que deviam estar a aproximar-se saber que ele estava ali.
Alguns minutos depois, os piratas armados chegaram ao quarto e não viram ninguém. A cama estava feita, e o equipamento desligado..
– Com esta nave sobre-lotada esta cama está num sítio de acesso reservado e vazia. Aqui há gato...
– Gato nenhum. Este quarto está reservado a doentes que tenham necessidades especiais. – respondeu Cristina.
– E onde estão eles?
– O último paciente que tivemos aqui faleceu há dois dias.
Os três piratas que ali estavam revistaram tudo, não encontraram nada e saíram.
Cristina enviou mensagem escrita para Joaquim.
“Paciente está salvo. Aguardo novas instrucções.”
Os piratas continuaram a vasculhar o destruidor.
Ross continuava sentado ao lado de PéNaCov
– Disse que Glorie é bisneta dele?
– Sim é.
– Suponho que não seja uma coincidência ela e ele estarem cá?
– Não é. Ela veio cá sabendo que iria se encontrar com ele.
– Como é que se consegue vir até cá propositadamente mas não se consegue sair daqui?
– Não sei. Não sou cientista... Sou apenas um agente que perdeu a mão direita.
– Pode me dizer alguma coisa sobre as nanites dele?
– São nanites imperiais avançadas.
– São exclusivas para o pessoal que trabalha com um imperador?
– A partir de 2030CO são recomendadas a todos os cidadãos dos impérios. A partir de 2070CO são raros os humanos que não têm.
– Como é que sabe disso? É de que época?
– Sou da sua época. Sei porque antes da Hara ter sido nomeada rainha, tive acesso a bases de dados de várias épocas. Depois entreguei-lhe todas .. mas não esqueço o que li. Recentemente tive acesso a um outro texto com cerca de dez mil anos que conta a nossa história.
– Isso é de doidos. Espero que lhe façam avaliações psicológicas regularmente.
– Sim, é obrigatório na minha profissão.
Joaquim chega e senta-se ao lado de Ross.
– Senhor, parece que o paciente está seguro por enquanto.
– Agora precisamos de decidir o que fazer até acabar o prazo..
O pirata responsável pela invasão do hospital aproximou-se de Ross.
– Como eu não nasci ontem saber porque foi que inutilizaram todo o sistema informático da nave.
– Não sei do que fala – Respondeu Ross.
– É verdade senhor. Os computadores estão doidos. – Interrompeu Joaquim – E já estão assim há algumas horas.
– E só me dizem isso agora?
– Deixem-se de teatro.– interrompeu o pirata, sacando da arma e apontando-a à cabeça de Ross.
Os outros piratas olharam para Ross.
– Eu sou o chefe médico, mas não passo de um médico. Falem com o pessoal do sector de informação. Eles podem dar-lhes respostas que eu não tenho
– Não me vou vou dar a esse trabalho. Se o tal Lagrange não aparecer, dentro de algumas horas isto é tudo destruído e não me faz diferença. Só quero que vocês saibam que eu sei que me estão a esconder alguma coisa, e por isso mesmo, vou manter um pequeno grupo de homens aqui.
Guardou a arma, e foi falar com outros piratas.
– Onde está o Rui? – Perguntou o Ross
– Estava deitado no chão, frente a um comunicador na sala de reuniões. Um dos terroristas deixou-o inconsciente, mas não tem danos permanentes – Respondeu Joaquim.
– E o nosso paciente?
– A Tina escondeu-o na tubagem do sistema de ventilação e tapou a entrada com um armário vazio.– Sussurrou Joaquim.
– Agora só temos de resolver a situação de os tipos nos irem bombardear se o homem não aparecer..
– Entreguem-lhes Lagrange – respondeu PéNaCov.
(continua)