Continua daqui. Pode ver um resumo da história até agora aqui.
– Escute! Se pudéssemos fazer mais alguma coisa por si já teríamos feito. Qualquer coisa que me diga não vai mudar isso. Olhe à sua volta. Com a quantidade de pacientes que temos acha mesmo que temos material para tudo? Nós temos feito o que podemos! Se algum dia regressarmos à civilização, qualquer hospital reconstroi-lhe a mão e esse pequeno bocadinho que perdeu do braço. Nem vai notar diferenças com a mão que perdeu. Aqui, não conseguimos mesmo fazer melhor do que aquilo que já tem.
– Eu sei que você, não consegue! Eu quero a opinião da Dra. Boavida.
– A Dra Boavida não se encontra cá. Mas se isso o fizer feliz, assim que ela voltar cá eu aviso-o.Depois de eu falar pessoalmente com ela.
– Está bem, mas exijo ser eu a falar primeiro com ela. Vou sentar-me aqui à espera.
– Por mim, se isso o fizer feliz, espere. Eu não sei quando é que ela volta. Pode demorar. Só peço que esteja preparado para ouvir uma resposta semelhante à que lhe dei.
– Eu espero.
Serguei sentou-se num banco frente à sua cama, olhando para Ross.
Ross encolheu os ombros e saiu.
Entretanto, longe dali, Laura e o pequeno grupo tinham parado para descansar num corredor iluminado artificialmente.
– Sem NIA, acha mesmo boa ideia prosseguirmos? – Perguntou Gonzalez.
– Neste preciso momento não temos nada a perder. – Respondeu Jovian.
– Eles disseram-nos que monitorizavam as nossas comunicações. – observou Gonzalez.
– Se monitorizam, até agora não moveram uma palha para nos ajudar. – disse Tretus.
– Não nos precipitemos. Nada de tirar conclusões sem conversarmos com eles. – Pediu Laura.
– Eu estaria mais confiante se tivéssemos um um caça e a rapariga robot. – Desabafou
– Sei que a pergunta parece estúpida. Por aqui vamos ter à cidade dos robots? – Perguntou Hic
– Não, temos um cruzador escondido lá em baixo. – Respondeu Laura
– O quê? Vocês tiveram uma nave escondida este tempo todo? – Perguntou, chocado Gonzalez.
– Se não tivéssemos esta nave guardada e abastecida, era muito improvável que chegássemos a Robótica.– Respondeu Laura
– Espere... já sabia que íamos precisar dela? Teve informações do futuro? Seja lá o que “futuro” significa nestes dias. – Perguntou Jovian
– A ordem de guardar esta nave veio da própria rainha. E antes que perguntem, PéNaCov tem conhecimento da existência deste cruzador, só não tem as autorizações necessárias para o por a andar.
Entretanto, em sua casa, Glorie dormia quando o comunicador começou a apitar e a acordou.
Olhou para NIA que dormia, e atendeu o comunicador, e deixou em modo de apenas audio.
– Sim?
– Sou eu, o Rui. Tenho más novidades para ti.
– Começo a habituar-me. Que se passa?
– O paciente PéNaCov teve alta mas recusou-se a sair. Disse ao chefe que quer a tua opinião porque sabe que tu és do futuro.
– Eu nem conheço o homem de lado nenhum. Só sei que aqui era comandante das forças de segurança. Onde foi que ele arranjou essa informação?
– Ele trabalhava para os serviços secretos da aliança. Sabe-se lá o que ele sabe.
– Estou a ver...
– Mudando de assunto, a rapariga que foi violada, está contigo? A Natália contou-me que é um andróide.
– Sim, é. Estava agitada. Dei-lhe um calmante e ela adormeceu.
– Deste um calmante a um andróide?
– Esta andróide não tem nada a ver com os andróides a que nos habituámos. Tem sentido de humor, ciúmes, se lhe fizeres um corte ela sangra, se ela correr, transpira. Se a magoares ela sente e chora. É … humana!
– Incrível.
– Há milénios que não tínhamos violações. Não sei como lidar com isto.
– Pelo que percebi, és a melhor pessoa para tratar do assunto. Nenhum de nós saberia o que fazer.
– Estão a bater-me à porta. Espera, vou ver o que se passa.
Glorie vai à porta.
Era um dos seguranças do edifício.
– Boa noite doutora. Os terroristas fizeram-nos um ultimato. Querem que lhes entreguemos este homem até amanhã, vivo ou morto ou bombardeiam todas as nossas instalações, começando pelo hospital. Peço desculpa, mas temos de revistar a sua casa.
E mostra-lhe uma foto de um Lagrange uns anos mais velho.
– Eu aqui só tenho uma amiga que não está bem, podem revistar à vontade. Por favor não a acordem.
– Com a sua licença.
Os homens entram e revistam tudo.
Glorie volta ao comunicador.
– Ouviste?
– Sim, ouvi. Deve ser por isso que estamos a ser invadidos pelos terroristas
“Eh tu! Desliga isso. Bzzz..”
A chamada caiu.
Glorie olhou para NIA. Um dos homens desabafou-a e voltou a abafá-la.
Glorie desligou o comunicador.
Passados alguns minutos, o chefe deles aproxima-se dela e diz:
– Mais uma vez peço desculpa.
– Porque é que os terroristas querem esse homem? E o que é que querem fazer com ele?
– Esta tarde eles mataram três homens à minha frente. Optei por não fazer perguntas. Mas eu não gostaria mesmo nada de estar na pele desse pobre coitado.
– Obrigado senhor Williams.
Assim que Glorie fechou a porta não conseguiu reter uma lágrima que saiu do seu olho direito.
(continua)
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