terça-feira, 15 de outubro de 2013

Recentemente dei comigo a ler um pdf num tablet.
Para minha surpresa, a leitura até foi bem agradável....
Mas o que realmente é surpreendente, é que o texto era meu:

Histórias do Universo 25.

Dado que a leitura até foi agradável, (raramente consigo ler tão distraídamente algo meu)... tenho de conseguir arranjar tempo para corrigir gralhas e partilhar aqui mais episódios das histórias.

Ou será que preferem esperar por uma versão ebook?

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Blog não está morto.. :)
Tive alguns problemas de saúde, com a história ( "HU25-O Almirante" já vai na 3ª versão e ainda deve sofrer mais algumas alterações...), e ainda, com o meu computador.


Na próxima parte assistiremos a mais algumas linhas do diálogo entre Temani e Mática e depois a história avançará

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Histórias do Universo 25
VI - O Almirante
( Parte 3 de 6 )

Quando os médicos estavam a fazer uma verificação ao teu estado de saúde notaram algo estranho no teu cérebro.. foram verificar e perceberam que tinha havido uma alteração na tua memória. O caso foi-me reportado e pedi a um dos nossos especialistas que verificasse.
Ele disse-me que a tua memória foi apagada por um processo tipicamente nosso, da frota real, e que isso significava que muito provavelmente tínhamos sido nós a apagar-te a memória.
Fui a uma das nossa bases de dados, e foi assim que descobrimos quem tu és de facto.
– Mas, o que foi que me apagaram da memória?
Protocolo Fénix Negra. A documentação tem um sistema de multi-encriptação real.
Céus... em que é que eu estive metido? Tu deves saber qualquer coisa para dizeres que foi a mania de que o mundo gira em torno do meu umbigo.
Sim, sei. Protocolo Fénix Negra.
Ou seja, não me vais dizer mais nada. Esclarecimento interessante.. estás a por-me com mais questões do que as que eu tinha.
– “Protocolo Fénix Negra” devia ser suficiente para ti.
Saber que fui recuperado após lavagem cerebral efectuada por inimigos não me deixa muito feliz.
Bem, foste apanhado porque ignoraste ordens e quiseste fazer tudo à tua maneira.
E vocês aceitaram um fénix negra?
A tua memória foi limpa. O almirante não gostou de ter-te entre nós. Considerou-te “uma variável aleatória a mais”.
Como é que eu vim parar às câmaras AS?
Quando te limparam a memória, devias ficar dois anos em animação suspensa.
Só que as coisas precipitaram-se e
estávamos a perder a guerra com Ferdol.
Foi então que o almirante teve de por o plano em marcha. Ainda não percebemos como é que a tua câmara foi trazida para junto das nossas.
Estou a ver... Posso saber como é que um civil chegou a almirante? E o porquê de me contares essa história da IA nivel H?
Vou resumir-te assim: conseguiram tornar a Mat3mática num ser humano. Não como robot ou IA... Ele foi o marido dela até ao dia em que a guerra a levou outra vez. Conseguiram salvá-la como ciborgue, mas ela acabou por ter de recorrer ao seu antigo corpo e voltou a ser uma IA.
A I.A. Nível H de nome Matemática que está lá em baixo. O título “Matemaníaco” é uma homenagem a ela.
Um homem e uma IA? Pá... isso...
Há cerca de um milénio que não tínhamos um caso destes. Mas agora que sabes que és um fénix negra, vais deixar de fazer perguntas?
Só uma: Antes de me terem apagado a memória... qual a gravidade do que eu fiz?
– Protocolo Fénix Negra.
Se calhar é melhor eu não saber... Mas não me respondeste como é que ele chegou a almirante.
Só precisas de saber que ele é o melhor homem para o lugar.
MC calou-se e olhou Isaacov nos olhos.
Obrigado comandante.
E saiu.
Entretanto, uma pequena nave, um caça, entra no Hangar de Ganymede.
A piloto, uma andróide, sai a correr em direcção ao almirante, e abraça-o.Este abraça-a de volta.
Tive muitas saudades tuas. Muitas vezes desejei vir cá tirar-te da câmara.
Para mim... só passaram uns meses. Ainda me custa a acreditar como vim me envolver nesta história maluca.
Sabes... salvámos um planeta.
– Tenho saudades do teu corpo humano.
Pode ser que um dia eu volte a ter um.
– Podes fazer melhor do que isso... previste toda esta catástrofe há séculos.. e ajudaste-nos a sobreviver..
Não conseguimos salvar toda a gente...
Se não nos ajudasses, não teria sobrevivido ninguém.
– Temani … eu não vou voltar a ter um corpo humano. Eu vou morrer.
– Hã? Eu tenho saudades dele. Não preciso dele. Preciso é de ti.
Eu sei – sorriu ela – mas não é isso. Quando eu previ tudo isto, também previ a minha morte.
Mática … Já morreste antes. Vais voltar?
Temo que desta vez possa ser definitivo...
Como vais morrer afinal?
Como da outra vez... de repente. Mas desta vez, não sobrará nada meu.
– Nem um backup? Nada? Eu não quero perder-te... Não estou preparado para isso.
Após a minha morte, serás imperador. Terás muitas mulheres...
– Não... se morreres, eu não quero mais ninguém.
Recordar-me-ás... nenhum desses relacionamentos sobreviverá à minha memória.
– Eu acho que dispensava saber disso...
Não dispensas não.
– Não?
Porque tu podes trazer-me de volta. E só tu me trarás de volta... um dia, se ainda me amares.


Continua, em breve.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Histórias do Universo 25
VI - O Almirante
( Parte 2 de 6 )

–Espera... missão de colonização como assim?
–Colonizar outro planeta.
–Um planeta? Queres tornar o reino num império! Tu tens autoridade para isso?
–É uma necessidade. Neste momento é como se eu fosse o rei.
–Só mais duas coisas: primeiro onde é que tens uma nave de colonização? E segundo, mas não menos importante, o que é que eu percebo disso?
–O processo está todo automatizado. Mas preciso de uma colónia de seres humanos. Sei das tuas qualidades de liderança. Aceitas ou não?
–Isto está a ser um ano de doidos... Fui destacado para Ganymede.. há um ataque surpresa que destrói todas as nossas forças, acordo quase 50 anos depois numa câmara de hibernação, sem memória de ter ido dormir. A hierarquia militar funciona até ao momento, mas liderada por um tipo, que sabe-se lá como foi escolhido. Um civil, com uma patente ou título dado pelo falecido rei está a comandar, e oferece-me justamente a mim uma missão de colonização.
Já agora, eu dei-me ao trabalho de verificar a tua patente... mas não confio na verificação. Tu tens acordos com as IAs.
– Isso é um não?
– É um “preciso de pensar”.
–Tens 10horas para pensar. Ao fim desse tempo a proposta passa a ordem e vai para outra pessoa.
Matemaníaco abandonou a sala.
MC olhou para o comunicador.
–CEAlfa-0 o Matemaníaco abandonou-nos. Posso perguntar-te o que sabes dele?
–É o almirante.
–Sim, que mais?
–Ele dá as ordens.
– Finalmente percebi a parte "artificial" da vossa inteligência..
MC percebeu que dali não ia conseguir nada.
Duas horas depois, MC está com Isaacov e outros homens numa sala com várias dezenas de câmaras AS onde muitos homens e mulheres dormem o longo sono.
– Senhor comandante... Quem é este “Matemaníaco”?
– MC, você agora pertence às forças de defesa reais. Como qualquer soldado deve cumprir ordens!
– Eu jurei lealdade ao nosso falecido rei. Não a um civil desconhecido que de repente torna-se a pessoa mais importante do reino.
– Sub-comandante MC, a sua questão é legítima. Posso contar-lhe o pouco que sei, e que começa com uma história que ouvi quando era jovem.
– Vai contar-me uma história?
– Veio de uma fonte confiável. Veio do meu falecido avô, que serviu nos hangares espaciais militares de Júpiter.
– Ah bom, mais uma teoria da conspiração...
– Mas afinal, está interessado ou não? Eu não conto teorias da conspiração, e garanto que esta história nunca ouviu.
– Perdão senhor. Sou todo ouvidos.
A História que contam na escola militar sobre a guerra das máquinas não se passou exactamente daquela forma.
Cerca de 288 anos após o suposto colapso da última IA- nível H, um grupo de tecno-arqueólogos entrou nas ruínas da cidade de G4Laxet.
Vinham em missão para a extinta Organização dos Sistemas Unidos da Galáxia 1. Numa daquelas missões para determinar o perigo de contágio da ameaça a outros planetas se a quarentena fosse levantada.
Eram ruínas como outras milhares sobre o nosso planeta.
Ao fim de alguns dias, estavam prestes a declarar a cidade como segura, quando encontraram um andróide decapitado, com um corpo feminino. A cabeça parecia estar sobre uma poça de um metal prateado líquido. Veio-se a saber que a poça eram alguns milhões de milhões daquilo a que actualmente chamamos nanites. Inicialmente desprogramadas, mas ao entrar em contacto com as nanites na cabeça da dróide deu-se um processo de evolução na cabeça da dróide que a tornou independente do corpo. Ela falou com a equipa. Apresentou-se como sendo uma civil, vítima da guerra. Pensamos nos nossos civis, mas nunca nos ocorreu que houvessem IAs civís.
Naquela equipa, apenas a mulher que a encontrou, acreditou nela. Doutora Raquel Jovian.
A andróide disse chamar-se Mat3Mática. A equipa saiu da cidade, mas como toda a gente sabe, nada disto foi relatado
12 anos depois, toda a cidade foi reciclada, e naquele local plantou-se a floresta de Galaxet.
24 anos depois, a doutora foi atingida num tiroteio e dada como morta.
Só que misteriosamente voltou à vida. De acordo com o que sabemos hoje, foi restaurada com nanites.
– Nanites a trazer alguém de volta do mundo dos mortos é... inédito. Não há qualquer registo disso. Só lendas urbanas.
– O caso manteve-se em segredo, até dos familiares da doutora. Encontraram nanites na sua corrente sanguínea e temeu-se algum tipo de contaminação por um vírus das máquinas.
Mas ela lembrou-se do que se passou 24 anos antes naquela missão.
As nanites de Mat3Mática bloquearam-lhe a memória daqueles acontecimentos, apagaram as memórias dos outros membros da expedição, e até das câmaras de vigilância. Para todos eles foi apenas uma noite onde todos estavam cansados e dormiram. À doutora, ela deixou um grupo especial de nanites que lhe deram longevidade e o segredo mais bem guardado da história: o destino de Mat3mática.
– Tretas! Nanites imperiais há 600 anos?
– Pensei o mesmo durante muitos anos.
O que o fez mudar de ideias?
Depois da expedição, Raquel Jovian abandonou a tecno-arqueologia e casou com um agricultor, dos montes ibéricos, de nome Tycho Isaacov, meu antepassado directo.
Quando o meu avô morreu, eu e o meu pai visitámos a quinta desse meu antepassado.
Escondida, por detrás de um portal transdimensional estava uma cama de cristal com uma andróide decapitada e as tais nanites.
Para satisfazer o último desejo do meu avô, pusemos a mão nas nanites, e perdemos a consciência.
E isto que vou te dizer é incrível... mas eu sei o que vi.
Testemunhámos toda a vida da dróide Mat3Mática até ao dia em que foi decapitada, durante a guerra. Todos os segundos de 21 anos até ao dia em que foi brutalmente assassinada pelos seguidores de Dertrus Heiker.
Disse “assassinada” e não desligada.
Acompanhei 21 anos da vida dela. É difícil não me sentir de alguma forma...apegado.
– Se isso é verdade...
É verdade!
Porque me está a contar a mim?
Porque o almirante pediu.
– Ainda não percebi onde é que o almirante encaixa nesta história...E porque não conta ele próprio?
– MC,  só dois seres humanos vivos sabem disto, o outro está a salvar uma civilização planetária. Foi essa tua mania de que o mundo gira em torno do teu umbigo que fez com que te apagassem a memória.
–Que Que que... Como?

continua, nas primeiras horas após o final do dia 18 de Julho
update: adiado para a tarde do dia 19

terça-feira, 2 de julho de 2013

Histórias do Universo 25
VI - O Almirante
( Parte 1 de 6 )

1899 CO.
Júpiter [1:39:4]

Uma frota com várias centenas de destruidores orbita Júpiter, após ter bombardeado todos os palácios e centros de investigação conhecidos. O rei faleceu nos bombardeamentos, e desconhece-se qualquer herdeiro ao trono.
O líder da frota atacante, Ferdol Universo, enviou um comunicado à população onde exige a rendição absoluta de todas as forças militares do planeta, avisando toda a gente que Júpiter agora faz parte do seu império.
No entanto, um jornalista conseguiu provas de que todos os que se renderam foram executados. E conseguiu fazê-las chegar aos sobreviventes.
Nos anos seguintes tentou-se, sem sucesso criar movimentos de resistência...

1945 CO
Ganymede, lua em torno de Júpiter [1:39:4]
Num bunker soterrado entre os destroços de uma colónia destruída, sobrevive, em animação suspensa uma pequena comunidade que escapou a destruição. Os anteriores reis de Júpiter planearam que em caso de invasão ou destruição se salvassem automaticamente um conjunto de pessoas pré-seleccionadas e aprovadas pelos serviços secretos do planeta.
Os primeiros sobreviventes acordam...


10 de Dezembro de 1945 CO, 15h00m
Junto a um super-computador estão dois jovens ligados em terminais separados.
– Que raio de nome de código é esse?
– Acredita MC, não é nome de código.
– O quê? Isso é mesmo o teu nome?
– Sabes que é contra as regras dar satisfações sobre isso. Agora preciso de saber se a sonda chegou a L1...
– Ainda faltam alguns segundos.
– Já devia ter chegado.
– Só começa a transmitir às 15h7min3seg.
– Tens razão... o meu relógio está adiantado.
– Outra vez? Passaste por algum campo super-gravitacional no caminho a pé para aqui?
– Para ser correcto, um campo desses atrasaria-me o relógio, nunca o contrário.
– Certo... Não tens sentido de humor?
– Sim, tenho. Mas tendo em conta que estamos numa missão em que o mínimo descuido pode denunciar a nossa pequena comunidade, eu dispenso o sentido de humor, caro MorteCerta.
– Ó Mate... posso abreviar o teu ID para Mate? Não me digas que não achas piada ao meu ID!
Mate vira-se para MC e vê uma sequência de caracteres no ecrã dele.
– Transmitiu!
– Está a desencriptar... Achas mesmo que ela fica segura ali?
– Com a quantidade de destroços espalhada... todos esperamos que sim.
– Informação descarregada. Desligar CSC.
Os computadores começaram a desligar-se, e ambos saíram dali a correr.
Em poucos minutos chegaram ao salão principal do bunker.
– Comandante Isaacov, o CSC recebeu a transmissão...
– Perdoe-me senhor, mas não seria mais eficiente o salão ser na sala do CSC?– peguntou MC
Isaacov sorriu.
– O consumo energético daquela sala e do computador são extremamente altos...ainda não nos podemos dar a esse luxo. As câmaras AS são prioritárias.
Agora deixem-me ver esse datapad.
MC entregou o datapad a Isaacov.
Bom, Matemaníaco, o seu plano funcionou. Temos um mapa com a disposição de todas as naves inimigas na vizinhança.
MC voltou-se para Matemaníaco e mexeu os lábios sem emitir um som: “Teu plano?”
–Parece-me exagerado haverem tantas naves inimigas em órbita, tantos anos depois.
Precisamos de saber o que se passa no planeta.
– O pelotão Alfa-0 deve entrar em contacto amanhã.– respondeu MC
– Pessoalmente, desde a guerra das IAs que não confio em máquinas, mas seguirei o plano.-- Disse Isaacov.
– Você ainda nem tinha nascido comandante. Já passaram nove séculos! Não estamos aqui para debater filosofia nem história. Mas não foram só as máquinas que já tiveram os seus líderes negros na história... No nosso caso, tivemos seres humanos a exterminar seres humanos. Eles apenas tiveram um mau líder...– Respondeu Matemaníaco.
Fez-se silêncio, até MC o interromper:
Esperem... porque é que vocês os dois foram buscar IA's para conversa? Estão a dizer-me que o pelotão alfa-0 é …
– Um pelotão de IAs tipo 4 – Respondeu Matemaníaco.
– Vocês os dois já sabiam disto?-- Perguntou MC
Ali o almirante Matemaníaco não só sabe, como é o responsável pela versão actual deste plano.
– Almirante?
– Nunca fui militar na vida, mas o rei Afonso achou que dar-me a patente asseguraria a execução do plano.
– E só me dizes isso agora? Porque raios estás a usar um traje civíl? Estão a mangar comigo?
Isaacov reponde a MC:
– Oh, asseguro que não.

Ganymede, Bunker Real 2132, junto ao CSC

11 de Dezembro de 1945 CO, 15h00m
Ó Mate! Enquanto esperamos o contacto, podes explicar-me porque é que sendo tu almirante, estamos a receber ordens do Isaacov?
– Não, não podes MC.
– Presumo que também não me vais dizer quem realmente és tu. Elaboraste um plano para sobreviver ao fim do mundo. Deves ser alguém importante.
– Não elaborei o plano sozinho, Sou apenas um numa equipa.
– Estás a dizer que há mais almirantes não militares por aí?
Mate pressiona um botão no seu terminal e vê-se uma imagem tridimensional de Júpiter surgir no meio da sala.

Ouve-se uma voz metálica:
BR2132, daqui CEAlfa-0. As forças hostis abandonaram o planeta há 20 anos e, como previsto, As equipas beta trataram da limpeza e reconstrucção do planeta. Junto com a imagem holográfica de Júpiter, enviei, como originalmente planeado as mais recentes estatísticas do planeta.
Casualidades: 21 352 842 123
Sobreviventes conhecidos sobre o planeta : 23 121
Sobreviventes que abandonaram o planeta: 2532
Sobreviventes graças ao plano Fénix: 45 232 321 432

IAs nível 4 em Júpiter 843 316
IAs nível H em Júpiter: 3
forças inimigas sobre o planeta: 0

Espera lá Mate, deve haver truque. Se eles abandonaram o planeta, o que são aquelas naves ali?
– Naves capturadas, prontas a ser desmanteladas. Vamos precisar de recursos para reconstruir o planeta...
– Como é que sabes disso? Quem te garante que eles não estão ali à nossa espera? Como conseguiram salvar tanta gente? Em bunkers?
– Graças à Matemática, uma das IAs nível H actualmente em Júpiter. Várias cidades ficaram desfaseadas com o nosso universo. Para elas o tempo parou, e para os atacantes, elas desapareceram da face do planeta..
– Preferia que tivessem aplicado isso às naves atacantes...Aquele número de casualidades é assustador. E... Matemática?... IA nível H? Céus!
– MC... eu preciso de ver o relatório completo. Prometo um dia explicar-te tudo o que conseguir. Aquele número de mortos incomoda-me imenso.

Voltando-se para o comunicador, Matemaníaco diz.
CEAlfa-0, daqui BR2132, almirante-honoris Matemaníaco. Como o seu computador deve indicar recebemos a mensagem. Antes de eu a ler, pode resumir-me o que se passou para Ferdol abandonar o nosso planeta?
– Senhor. De acordo com os registos históricos partilhados pela equipa Alpha-1101 o império desmoronou-se após a morte do imperador.
Voltando-se para MC, Matemaníaco pergunta
MC, sabes porque é que és o meu parceiro?
– Porque tive a infeliz ideia de me alistar na frota astral?
– Sei que o teu verdadeiro nome é Malkor Certis, e sei quem és, e não me venhas com tretas. Confirmei a informação..
MC olhou para Matemaníaco.
Não sei quem és, mas já que sabes quem sou, permite-me que te diga que acho ridículo ter um gigantesco plano para o caso de um Armagedão no planeta e não ter defesas nem uma rota capaz de fazer frente ao inimigo.
– O plano começou a ser arquitectado após a guerra das IAs.. teve 9 séculos de melhoramentos e correcções. Apenas foi activado quando toda a nossa frota foi destruída. A desconfiança das IAs sempre evitou que recorrêssemos a elas para termos uma frota capaz. Achas mesmo que uma frota de naves sem IACs consegue fazer frente a uma frota daquelas que nos atacou?
Sê realista..
– Mas existem IAs à face do planeta neste momento.
– Sim, existem...são IAs recuperadas e reactivadas da guerra das IAs.
–Até IA's nível H? Uma IA nível H não é …?
– Sim, é, uma IA muito inteligente.
– Dertrus Heiker wra uma IA nível H. Foi responsável pela morte de milhões de seres humanos!
– O que eu disse ao comandante Isaacov também serve para ti MC. E olha. Hoje aqueles 3 salvaram milhões. Ainda devemos precisar de energia para trazer várias cidades de volta... mas já os podemos considerar salvos.
–Eu sinceramente espero que estejas correcto ao confiar nas máquinas.
–MC, se já acabaste, quero dizer-te que és o meu escolhido para liderar a primeira missão de colonização do nosso reino...A missão é minar recursos que são necessários à reconstrucção de Júpiter e ao regresso das cidades dessincronizadas.


Continua, em breve

Nesta história do Universo 25 visitamos, pela primeira vez, o passado de Júpiter 1:39:4...e do futuro Imperador Matemaníaco..

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Embora tenha tido de fazer um intervalo forçado, não se preocupem porque em breve as histórias vão continuar..

Há questões que serão resolvidas em breve
ACL:
-Porque é que a cidade de robotica não fez nada após o bombardeamento da cratera?
-Quando será que Lagrange recupera os sentidos?

HU25
-Será que NIA alguma vez recuperará os sentidos? Se sim, será que Lagrange esperará até esse dia?
-Como correrá a visita ao império de Poeta?

STL: O imperador de outro universo
- A viagem da USS Lusitânia mal começou. Que aventuras os aguardam?

sábado, 30 de março de 2013

Star Trek: Lusitânia
O imperador de outro universo
Capítulo I - Bem vindo a bordo.
Parte I

Baseado no Star Trek criado por Gene Rodenberry.

Estaleiros espaciais de Utopia Planitia, Marte
USS Lusitânia, (NCC-72401 A)
Diário do capitão. Data estelar 57000.911 
A minha primeira missão nesta nave é uma missão um pouco invulgar. Mandaram-nos investigar o que pode vir a ser a saída de mais um wormhole estável no quadrante gama.
Não me sinto muito confortável em entrar no quadrante gama depois de dois anos de guerra com o Dominion. Aliás, como consta na minha ficha na Starfleet, perdi a minha nave anterior, a USS Santa Maria na segunda batalha de Chin'toka, batalha onde tivemos uma pesada derrota e morreram muitos homens bons.
Não me sinto à vontade com este novo acordo de paz, e ainda menos em aproximar uma tripulação nova e talvez inexperiente de território anteriormente inimigo.
Ordens são ordens, e não vou começar mal o meu comando desta nave.

O capitão ouviu uma tosse e virou-se para a porta.
Estava lá o primeiro oficial  Philip Botwright.
– Bom dia capitão. Acho que a sua porta deve ter algum problema. Estava aberta quando cheguei.
– Já estava aí há muito tempo?
– Só o suficiente para ouvi-lo dizer que não se sente à vontade com esta missão.
– Pois... Posso saber o que pensa desta missão? Tem permissão para dizer mesmo o que pensa.
– Eu estava em São Francisco, na sede da Starfleet na altura do ataque dos Breen. Também não me considero a melhor pessoa para este cargo nesta missão.
– Penso que não devem haver muitos oficiais que pudessem se sentir à vontade com esta missão. Todos perdemos familiares e amigos nesta guerra. 
A almirante T'Krau recomendou-o para este posto. Não conheço muitos humanos com recomendações de oficiais vulcan.
– Há cinco anos, submeti Academia, uma tese sobre a estabilidade de wormholes sob os efeitos dos campos gravitacionais de um sistema estrelar.
– Estou a ver. 
Peça alguém da engenharia para ver o que se passa com essa porta, e  seja bem vindo a bordo.

Philip despediu-se e saiu, mas a porta não se fechou.
– E a nave é nova... – murmurou o Capitão Cunha.

Philip saiu dos aposentos do capitão e foi directo para a secção de engenharia.
– Tenente Jin, qual é o estado da nave?
– Bom dia senhor. As actualizações de última hora provocaram alguns erros que estarão corrigidos dentro de duas horas.
– Erros?
–Até agora nada de muito preocupante. Portas internas e turbo-elevadores.
– Não tenho razões de queixa dos turbo-elevadores, mas fez-me impressão ver o capitão Cunha de porta aberta. Que actualizações são essas?
– Já tratamos da porta dos aposentos do capitão. A starfleet ordenou a instalação de um novo tipo de escudos e novas formas de optimização de energia. As ordens vieram assinadas pela almirante Janeway. Nunca vi nada que se pareça a algumas destas especificações. Felizmente, aqui conseguimos ter as especificações prontas em poucas horas.
– Quantas?
– Estará pronta dentro de cerca de uma hora e 43 minutos.
– Obrigado senhor Jin.
– Não precisava de vir cá de propósito senhor.
– Embora eu conheça bem o design desta nave, é a minha primeira missão a bordo de uma nave da classe Nova. Estou a familiarizar-me com a nave. 
– Seja bem vindo a bordo, comandante.
Philip saiu da engenharia e foi para a enfermaria.
– Ah, comandante Botwright. Finalmente veio fazer o check-up?
– Sim doutora.
– Coloque-se ali à frente da holo-câmara.
– Holo-câmara?
– Foi uma técnica de diagnóstico aperfeiçoada a bordo da USS Voyager.
Philip colocou-se à frente da câmara e foi fotografado.
– Já está!
– Posso pedir-lhe a opinião sobre uma coisa?
– Sabe que sim.
– Em seis anos a primeira nave estrelar que sirvo sem holodeck. Acha que isso pode interferir na moral da tripulação?
– Foi necessário converter os espaços destinados a holodecks em laboratórios holográficos. Mas como somos uma nave de exploração destinada a pequenas missões, não deve haver problema.
Se esta a pensar na USS Equinox, não tem de se preocupar. Seja como for, temos uma alternativa muito decente aos holodecks. Tome.
– O que é isto?
– É um estimulador sináptico. 
– Não é uma coisa limitada?
– Esta versão é o último grito em entretenimento. Interage com o computador da nave e permite correr programas originalmente criados para holodeck, e não exige a reserva de um holodeck
– Isto é seguro?
– Acha mesmo que eu lhe dava uma coisa que não fosse segura?
– Peço desculpa. Não quis insinuar nada. Obrigado dra. Wang
– Mais alguma coisa comandante?
– Não senhora. Obrigado.
Philip saíu e foi para o convés 8, para os seus aposentos, onde deixou o estimulador sináptico, e depois regressou à ponte.

(Continua)

quarta-feira, 27 de março de 2013

Star Trek: Lusitânia - Introdução

Olá a todos. Em breve sairemos por uns tempos das histórias de David Lagrange e faremos uma visita à Federação Unida dos Planetas.
No século XXIV, pouco depois da assinatura do tratado de paz com o Dominion, e depois do regresso da USS Voyager ao quadrante Alfa, enquanto a Enterprise-E estava em reparações numa doca espacial perto da Terra e o Capitão William Riker chegava à USS Titan, o capitão Anastácio da Cunha foi colocado ao comando da USS Lusitânia, uma nave da classe Nova.



Na primeira aventura, a Uss Lusitânia foi enviada numa missão de exploração ao quadrante Gama, a um sítio onde rezam as lendas, surgem naves a partir do nada.

Esta é uma homenagem ao universo Star Trek, e a primeira aventura, uma homenagem a um colega da TASCA do oGame.

segunda-feira, 18 de março de 2013

As aventuras de Capitão Lagrange
Capítulo IV
Os Piratas
( Parte 10 )

Continua daqui. Pode ver um resumo da história até agora aqui.

– Perdão?
– A foto que nos mostraram é de um Lagrange pelo menos dez anos mais velho do que o que conhecemos. Isso significa que é uma foto do Lagrange no futuro. Portanto, ele vai sobreviver a isto.
– Não me leve a mal mas eu prefiro ter a opinião de algum especialista em mecânica temporal sobre o assunto, e duvido que seja o senhor.
– Estou a ver. Parece-me estranho deixarem-nos conversar, mesmo que em voz baixa.
– Concordo. Não estão a fazer um grande trabalho a assustar-nos. Se não fossem os 3 corpos que temos ali na morgue, eu não os levaria a sério.
– Três corpos?
– Mataram publicamente três sobreviventes da Esperança na última tarde, enquanto faziam exigências.
– Então... qual é a ideia deles?
Um dos piratas aproximou-se deles e apontou a arma a PéNaCov.
– Eu sei quem és. Tu vens connosco.
– E se eu me recusar?
O pirata disparou a arma, destruindo a outra mão de PéNaCov, que começou a gritar de dor. Todos olharam.
Ross e Joaquim apressaram-se a socorrer Serguei.
– Felizmente estamos num hospital. Senhores doutores, volto daqui a meia hora, e esse homem vem connosco.
Longe dali, o pequeno grupo liderado por Laura chegou a uma grande caverna que mais parecia um armazém com o cruzador ao centro.
A nave tinha muitos vestígios e cicatrizes de batalhas. Nem se conseguia ver a sua matrícula.
– Aquilo ainda funciona? – Perguntou Jovian decepcionado.
– Há uma coisa que me anda a incomodar desde que falaste no cuzador... Precisamos de uma equipa especializada para o fazer voar e à excepção ali do capitão Jovian do cabo Gonzalez e talvez de ti, nenhum de nós sabe grande coisa sobre o funcionamento de uma nave. – Disse Tretus a Laura.
– Muitus, confia em mim.
À volta da nave estavam alguns contentores. Uns abertos, outros fechados, e nos abertos ainda viam-se componentes.
– Há comida por aqui? – Perguntou Hic.
– Existe um duplicador quântico no cruzador. – Respondeu Laura.
Todos começaram a olhar-se. Duplicadores quânticos eram domínio da ficção científica. E estavam na lista de tecnologia “proibida”, isto é, tecnologia que só poderia ser pesquisada ou utilizada com licença imperial e só em sítios autorizados, e era fácil compreender porquê. Um duplicador quântico era uma máquina que podia criar réplicas de qualquer coisa viva ou não viva existente.
– Um duplicador quântico? – Perguntou Jovian.
– Tal como o tele-transportador que estava na sua Arquimedes, foi encontrado lá em cima no campo de destroços.
– O que é que isso tem a ver com comida? – perguntou Hic
– Temos vários padrões de comida gravados na memória interna. Aquilo duplica comida.– Respondeu Laura.

Quando chegaram ao cruzador, a porta principal abriu-se.
Laura pediu aos companheiros que esperassem, e entrou. Passados alguns minutos saiu e pediu para entrarem
Ao entrarem, ouviram:
“Bem vindos ao cruzador Analítico. Sou o Januárius, a IAC desta nave..Peço que passem pelos scanners para serem identificados e autorizados a circular..”
Olharam uns para os outros e começaram a entrar.
Passaram pelos scanners, e identificaram-se ao Januárius. Depois foram levados ao mini-refeitório onde receberam uma refeição servida por avatares do Januárius.
– Comida feita no duplicador quântico? – Perguntou Gonzalez
“Sim”– Respondeu Januárius.
– Tens aqui muita tecnologia que nunca vi. Januárius, posso saber em que data entraste em serviço? – Perguntou Jovian.
“Fui activado em 2779 CO no hangar da lua NIA“
– NIA? Como a NIA do Capitão David Lagrange? – Perguntou Gonzalez.
“Sim.”
– Só “sim”? Eu quero mais informação!
“Lamento. Protocolo Tempus activado.”
– É o protocolo de protecção contra informação do futuro determinado pela rainha Hara.– Disse Tretus.
– Laura, esta IA tem acesso a informação do nosso futuro? – Continuou Tretus
– Sim, foi por isso a rainha proibiu o acesso de PéNaCov a ela – Respondeu Laura
– Pensei que todas as bases do futuro estivessem na Esperança – Disse Tretus.
– Era logisticamente impossível e insensato. A rainha preferiu manter esse mito, mantendo este local secreto e protegido. – Respondeu Laura
– A mim, o que continua a fazer confusão, é terem conseguido esconder uma nave! E a tripulação desta nave? O que lhe aconteceu?– Perguntou Jovian
– Nunca teve. Esta nave e completamente controlada pela sua IAC. Mesmo estes robots que vocês vêm aqui são avatares, extensões da IAC.– Respondeu Laura.
– Por falar em Lagrange...Há notícias dele? – Perguntou o segurança Dorn.
– A Jo ligou-me há algumas horas quando fizemos a pausa. Foi alvejado e levou uma sova. Uma enfermeira e uma desconhecida levaram-no. Os terroristas andam à procura dele e ameaçaram destruir toda a colónia se ele não for entregue em quatorze horas. Ainda faltam nove horas e alguns minutos.
– E só nos contas isso agora? – Pergunta Tretus.
– A missão tem de continuar.
– Mas agora, não temos nem NIA nem o David. Só ali o Gonzalez. – Respondeu Tretus.
– Eu já não contava com ele desde que decidiu voltar para trás. Mas não se preocupem. Ainda temos algumas cartas para jogar...

(continua)

domingo, 17 de março de 2013

Limpando ACL...

Um dos motivos porque tenho adiado a continuação das histórias neste blog tem sido porque tenho estado a rever e a reescrever algumas partes dos textos, para corrigir vários erros de natureza gramatical.

Em particular todo o capítulo IV de "As aventuras de Capitão Lagrange" tem estado debaixo do meu olho, e em breve, com tempo, introduzirei as correcções aqui nos textos do blog.

Se compararem o pdf com os primeiros capítulos, com os textos escritos no blog já encontrarão várias correcções.

Atenção, as alterações são apenas gramaticais (e ortográficas) e não alteram a história contada.

Peço desculpa pelos erros. Isto começou por ser um passatempo e não algo que eu levava a sério.
Os erros reflectem um pouco o excesso de tempo que passo com livros técnicos noutros idiomas.

Até à próxima
Matemaníaco

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

As aventuras de Capitão Lagrange
Capítulo IV
Os Piratas
( Parte 9 )

Continua daqui. Pode ver um resumo da história até agora aqui.
No hospital, os piratas revistavam todos os doentes, médicos, enfermeiros.
O computador central estava desactivado. Assim que viu o hospital a ser invadido, o próprio Ross deu a ordem de despejar o stock de protanerobacters existente no laboratório em cima do CPU central e nos sistemas de backup.
Não se podia entrar nem sair do hospital.
Perguntaram a PéNaCov, se tinha visto Lagrange. Respondeu que não o via há dias, desde o bombardeamento.
A Ross foi apontada uma arma.
– Temos aqui algumas centenas de pessoas. Algumas chegaram cá desfiguradas. Ele pode ser qualquer um deles. Eu sinceramente não tenho memória para me lembrar de toda a gente, nem posso garantir se ele é ou não um dos desfigurados.
– Sabe, eu posso acabar com os seus pacientes todos e o caso fica resolvido.
– Mas não fica com a certeza de o ter eliminado.
– Não se preocupe... Se dentro de cerca de 11 horas ele não aparecer, toda esta região é bombardeada e destruída, começando pelo seu hospital, com os seus preciosos pacientes..
– Posso perguntar porque procuram esse homem?
– Porque o queremos morto! Aqui quem faz as perguntas sou eu!
O pirata empurrou Ross para o chão.
– Está bem chefe? – Perguntou-lhe o dr. Joaquim
– Não, não estou bem, mas vou sobreviver. Precisamos de pedir à Cristina para esconder o paciente num sítio seguro e pouco provável de ser encontrado. Acabo de partir o meu comunicador – sussurrou Ross.
– Encontrei o Rui inconsciente com o comunicador dele destruído.
– Temos de salvar o paciente... avisa a Cris.
O Joaquim levantou-se e foi para uma cabine já revistada.
Vários piratas armados estavam nos corredores.
Ross levantou-se e foi em direcção a PéNaCov, que estava na sala de espera. Sentou-se ao lado dele.
– Este senhor Lagrange parece ser muito importante. Tive o sr. Óxinol a perguntar-me por ele, depois houve a história que me contou e agora isto.
– Ele está aqui?
– Está em coma, lá em cima numa sala de acesso limitado.
– Em coma?
– Levou uma valente sova.
– As nanites dele não funcionam?
– O senhor também sabia que ele tem nanites?
Usando o seu comunicador, Joaquim pediu a Cristina que escondesse Lagrange e que não deixasse os piratas que deviam estar a aproximar-se saber que ele estava ali.

Alguns minutos depois, os piratas armados chegaram ao quarto e não viram ninguém. A cama estava feita, e o equipamento desligado..
– Com esta nave sobre-lotada esta cama está num sítio de acesso reservado e vazia. Aqui há gato...
– Gato nenhum. Este quarto está reservado a doentes que tenham necessidades especiais. – respondeu Cristina.
– E onde estão eles?
– O último paciente que tivemos aqui faleceu há dois dias.
Os três piratas que ali estavam revistaram tudo, não encontraram nada e saíram.
Cristina enviou mensagem escrita para Joaquim.
“Paciente está salvo. Aguardo novas instrucções.”
Os piratas continuaram a vasculhar o destruidor.
Ross continuava sentado ao lado de PéNaCov
– Disse que Glorie é bisneta dele?
– Sim é.
– Suponho que não seja uma coincidência ela e ele estarem cá?
– Não é. Ela veio cá sabendo que iria se encontrar com ele.
– Como é que se consegue vir até cá propositadamente mas não se consegue sair daqui?
– Não sei. Não sou cientista... Sou apenas um agente que perdeu a mão direita.
– Pode me dizer alguma coisa sobre as nanites dele?
– São nanites imperiais avançadas.
– São exclusivas para o pessoal que trabalha com um imperador?
– A partir de 2030CO são recomendadas a todos os cidadãos dos impérios. A partir de 2070CO são raros os humanos que não têm.
– Como é que sabe disso? É de que época?
– Sou da sua época. Sei porque antes da Hara ter sido nomeada rainha, tive acesso a bases de dados de várias épocas. Depois entreguei-lhe todas .. mas não esqueço o que li. Recentemente tive acesso a um outro texto com cerca de dez mil anos que conta a nossa história.
– Isso é de doidos. Espero que lhe façam avaliações psicológicas regularmente.
– Sim, é obrigatório na minha profissão.
Joaquim chega e senta-se ao lado de Ross.
– Senhor, parece que o paciente está seguro por enquanto.
– Agora precisamos de decidir o que fazer até acabar o prazo..
O pirata responsável pela invasão do hospital aproximou-se de Ross.
– Como eu não nasci ontem saber porque foi que inutilizaram todo o sistema informático da nave.
– Não sei do que fala – Respondeu Ross.
– É verdade senhor. Os computadores estão doidos. – Interrompeu Joaquim – E já estão assim há algumas horas.
– E só me dizem isso agora?
– Deixem-se de teatro.– interrompeu o pirata, sacando da arma e apontando-a à cabeça de Ross.
Os outros piratas olharam para Ross.
– Eu sou o chefe médico, mas não passo de um médico. Falem com o pessoal do sector de informação. Eles podem dar-lhes respostas que eu não tenho
– Não me vou vou dar a esse trabalho. Se o tal Lagrange não aparecer, dentro de algumas horas isto é tudo destruído e não me faz diferença. Só quero que vocês saibam que eu sei que me estão a esconder alguma coisa, e por isso mesmo, vou manter um pequeno grupo de homens aqui.
Guardou a arma, e foi falar com outros piratas.
– Onde está o Rui? – Perguntou o Ross
– Estava deitado no chão, frente a um comunicador na sala de reuniões. Um dos terroristas deixou-o inconsciente, mas não tem danos permanentes – Respondeu Joaquim.
– E o nosso paciente?
– A Tina escondeu-o na tubagem do sistema de ventilação e tapou a entrada com um armário vazio.– Sussurrou Joaquim.
– Agora só temos de resolver a situação de os tipos nos irem bombardear se o homem não aparecer..
– Entreguem-lhes Lagrange – respondeu PéNaCov.


(continua)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

As aventuras de Capitão Lagrange
Capítulo IV
Os Piratas
( Parte 8 )

Continua daqui. Pode ver um resumo da história até agora aqui.

– Escute! Se pudéssemos fazer mais alguma coisa por si já teríamos feito. Qualquer coisa que me diga não vai mudar isso. Olhe à sua volta. Com a quantidade de pacientes que temos acha mesmo que temos material para tudo? Nós temos feito o que podemos! Se algum dia regressarmos à civilização, qualquer hospital reconstroi-lhe a mão e esse pequeno bocadinho que perdeu do braço. Nem vai notar diferenças com a mão que perdeu. Aqui, não conseguimos mesmo fazer melhor do que aquilo que já tem.
– Eu sei que você, não consegue! Eu quero a opinião da Dra. Boavida.
– A Dra Boavida não se encontra cá. Mas se isso o fizer feliz, assim que ela voltar cá eu aviso-o.Depois de eu falar pessoalmente com ela.
– Está bem, mas exijo ser eu a falar primeiro com ela. Vou sentar-me aqui à espera.
– Por mim, se isso o fizer feliz, espere. Eu não sei quando é que ela volta. Pode demorar. Só peço que esteja preparado para ouvir uma resposta semelhante à que lhe dei.
– Eu espero.
Serguei sentou-se num banco frente à sua cama, olhando para Ross.
Ross encolheu os ombros e saiu.

Entretanto, longe dali, Laura e o pequeno grupo tinham parado para descansar num corredor iluminado artificialmente.
– Sem NIA, acha mesmo boa ideia prosseguirmos? – Perguntou Gonzalez.
– Neste preciso momento não temos nada a perder. – Respondeu Jovian.
– Eles disseram-nos que monitorizavam as nossas comunicações. – observou Gonzalez.
– Se monitorizam, até agora não moveram uma palha para nos ajudar. – disse Tretus.
– Não nos precipitemos. Nada de tirar conclusões sem conversarmos com eles. – Pediu Laura.
– Eu estaria mais confiante se tivéssemos um um caça e a rapariga robot. – Desabafou
– Sei que a pergunta parece estúpida. Por aqui vamos ter à cidade dos robots? – Perguntou Hic
– Não, temos um cruzador escondido lá em baixo. – Respondeu Laura
– O quê? Vocês tiveram uma nave escondida este tempo todo? – Perguntou, chocado Gonzalez.
– Se não tivéssemos esta nave guardada e abastecida, era muito improvável que chegássemos a Robótica.– Respondeu Laura
– Espere... já sabia que íamos precisar dela? Teve informações do futuro? Seja lá o que “futuro” significa nestes dias. – Perguntou Jovian
– A ordem de guardar esta nave veio da própria rainha. E antes que perguntem, PéNaCov tem conhecimento da existência deste cruzador, só não tem as autorizações necessárias para o por a andar.

Entretanto, em sua casa, Glorie dormia quando o comunicador começou a apitar e a acordou.
Olhou para NIA que dormia, e atendeu o comunicador, e deixou em modo de apenas audio.
– Sim?
– Sou eu, o Rui. Tenho más novidades para ti.
– Começo a habituar-me. Que se passa?
– O paciente PéNaCov teve alta mas recusou-se a sair. Disse ao chefe que quer a tua opinião porque sabe que tu és do futuro.
– Eu nem conheço o homem de lado nenhum. Só sei que aqui era comandante das forças de segurança. Onde foi que ele arranjou essa informação?
– Ele trabalhava para os serviços secretos da aliança. Sabe-se lá o que ele sabe.
– Estou a ver...
– Mudando de assunto, a rapariga que foi violada, está contigo? A Natália contou-me que é um andróide.
– Sim, é. Estava agitada. Dei-lhe um calmante e ela adormeceu.
– Deste um calmante a um andróide?
– Esta andróide não tem nada a ver com os andróides a que nos habituámos. Tem sentido de humor, ciúmes, se lhe fizeres um corte ela sangra, se ela correr, transpira. Se a magoares ela sente e chora. É … humana!
– Incrível.
– Há milénios que não tínhamos violações. Não sei como lidar com isto.
– Pelo que percebi, és a melhor pessoa para tratar do assunto. Nenhum de nós saberia o que fazer.
– Estão a bater-me à porta. Espera, vou ver o que se passa.
Glorie vai à porta.
Era um dos seguranças do edifício.
– Boa noite doutora. Os terroristas fizeram-nos um ultimato. Querem que lhes entreguemos este homem até amanhã, vivo ou morto ou bombardeiam todas as nossas instalações, começando pelo hospital. Peço desculpa, mas temos de revistar a sua casa.
E mostra-lhe uma foto de um Lagrange uns anos mais velho.
– Eu aqui só tenho uma amiga que não está bem, podem revistar à vontade. Por favor não a acordem.
– Com a sua licença.
Os homens entram e revistam tudo.
Glorie volta ao comunicador.
– Ouviste?
– Sim, ouvi. Deve ser por isso que estamos a ser invadidos pelos terroristas
“Eh tu! Desliga isso. Bzzz..”
A chamada caiu.

Glorie olhou para NIA. Um dos homens desabafou-a e voltou a abafá-la.
Glorie desligou o comunicador.
Passados alguns minutos, o chefe deles aproxima-se dela e diz:
– Mais uma vez peço desculpa.
– Porque é que os terroristas querem esse homem? E o que é que querem fazer com ele?
– Esta tarde eles mataram três homens à minha frente. Optei por não fazer perguntas. Mas eu não gostaria mesmo nada de estar na pele desse pobre coitado.
– Obrigado senhor Williams.
Assim que Glorie fechou a porta não conseguiu reter uma lágrima que saiu do seu olho direito.

(continua)

Reescrevendo ACL e HU25

Para evitar possíveis atritos legais com a GameForge, estou a reescrever os primeiros capítulos de ACL e HU25, limpando todas as possíveis referencias ao oGame, para poder submeter os textos para publicação.

Manterei a designação "Universo 25" para o universo e haverá uma explicação para a designação em ACL.

A 8ª parte do capítulo IV de ACL está quase pronta, e tenciono postá-la ainda hoje.
Existe uma nova sondagem na página de sondagens. Assim que me for possível trato das cores daquilo.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Acordo, ortografia e caos

Antes de mais, quando falo em caos neste blog, não me refiro à matemática teoria do caos .
O chamado Acordo Ortográfico tem gerado muito desacordo entre os cidadãos de expressão portuguesa, e a situação não é para menos. O Acordo está a impor uma evolução que não é natural na língua, e criou uma 3ª variante da Língua Portuguesa.
Já tínhamos O português de Portugal e o português do Brasil, mas agora, para além dessas duas temos o "Português acordês".

Pergunto se será normal sermos o único país no mundo com alfabeto latino onde se escreve "Egipto" sem p, ou seja, "Egito", como já vi em telejornais nacionais.

Este acordo tem vários problemas. Em vez de gerar uma unificação na língua está a fazer o contrário.
Não reconheço, em Portugal, autoridade a nenhuma instituição para nos impor uma nova grafia.
Ter o estado a impor o AO como obrigatório a mim parece-me uma decisão ditatorial.
E o estado português é um estado que tem sido mal gerido, mal governado e cometido erros bem graves ao longo dos últimos anos.
Serei obrigado a aceitar que queiram impor-me leis artificiais arquitectadas por supostos intelectuais que mais parecem pessoas que devem ter tido graves problemas com a disciplina de Português?
É o mesmo estado que me rouba diariamente, que me impõe um suposto acordo que foi mal cozinhado, em que parece que simplesmente atiraram os ingredientes para dentro de uma panela e esqueceram-se de a aquecer depois, dando-nos a comer os ingredientes crus.

Nas TVs, jornais e internet o "Acordo" muda conforme quem escreve. Isto é grave.
Sou matemático. O meu conhecimento da língua é limitado, visto que estou habituado a livros geralmente técnicos, e já raramente os leio em português, mas mesmo assim, há uma coisa que me incomoda. No Brasil, "Integral" (o conceito matemático) tem um substantivo feminino. Em Portugal, é masculino. Com o acordo, o Integral passa a ser hermafrodita?

Aqui, neste blog, quando escrevo histórias, confesso que não me importo muito com o português. O meu objectivo é apenas contar uma história.
À conta desse descuido, um leitor mais atento poderá encontrar alguns (ou mesmo muitos) erros de várias naturezas, que acabei por herdar do caos linguístico que foi gerado pela imposição mal pensada de um acordo, também ele mal pensado e mal divulgado.

Tenho corrigido e continuo a corrigir vários textos para a grafia e o português pré-AO, mas não o tenho feito no blog.
As versões corrigidas poderão ser lidas um dia no futuro, em livro.

Não tenho qualquer problema em reescrever as histórias em português do Brasil se for necessário. Mas não me imponham este AO por favor.

Agradeço a todos os leitores e visitantes habituais do blog as visitas e as opiniões.

PS:Penso que terei de alterar as previsões de datas dos próximos textos.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Histórias do Universo 25
V - O erro do Imperador
( Parte 4 de 4 )

– Portanto, também tenciona ocultar essa informação ao imperador Poeta.
– Por favor, deixe a minha mente em paz!
– Não pense que gosto de fazer isto. Seja como for, obrigado pelo cumprimento.
– Cumprimento?!
– Acha-me atraente.
– Não faça isso! Por favor!
– Está bem. Se quer a minha opinião, é um erro pedir ajuda ao imperador Poeta e não lhe contar das nanites.
– Portanto, acha que eu errei ao ocultar isso do senado, e que é errado não contar ao Poeta. Permita-me discordar. A ignorância é uma felicidade!
– Para além de Lagrange, alguém naquela frota sabe disso?
– Espere lá! O David Lagrange sabe?
– Ele era o homem dela. Não é totalmente descabido pensar que ela lhe contou.
– Você sabe que ele era o homem dela?
– Se você não se roesse de inveja dele, provavelmente eu não teria visto isso nos seus pensamentos.
– Vamos parar com isto! – disse eu num tom enfurecido – A minha mente é privada. Não tem o direito de a invadir sem a minha permissão. Foi para isto que me pediu que viesse aqui?
– Como eu disse isto é um dom e ao mesmo tempo uma maldição. Em primeiro lugar tenho de deixar-lhe um alerta.
Até hoje o senhor foi o homem que li mais facilmente. Imagine se algum dos outros impérios metesse um espião telepata na sua corte.
Em segundo,compreendo que oculte coisas ao senado. Mesmo sabendo o que se passa na cabeça das pessoas, muitas vezes é muito complicado montar o puzzle. Compreendo que quer tentar salvar a sua amiga... e só agora percebi que precisa mesmo de ter a certeza que não é possível trazê-la de volta para poder permitir que a desmontem para estudo. E também compreendo como é que o império pode benificiar da tecnologia.
Em terceiro lugar. Eu ainda não estou preparada para estar no senado conseguindo ver as mentes de toda a gente. Achei que conseguiria, e que este dom seria um trunfo, mas agora vejo que as coisas podem não ser tão simples.
– Há quanto tempo tem esse … “dom”?
– Desde que nasci.
– E ainda está assim tão indisciplinada em relação a ele?
– Eu nasci e cresci na ilha da mancha vermelha. Lá as pessoas são mais simples e honestas. Aqui na capital é que as pessoas escondem o que sentem, mentem, manipulam.
– Agora compreendo. O sistema achou que eras perfeita para o cargo. Pelo que vi lá dentro e aqui, não vou discordar. Vou pedir a uma amiga minha, a minha conselheira Ítaca Troy que passe por cá e a ajude a orientar-se. Pode contar-lhe tudo. Ela é de confiança.
– Troy... também gosta muito dela.
– Por favor, tente não ver tanto o que está na mente das pessoas.
– Desculpe. Não foi por mal.
– Como é que lida com as outras pessoas?
– Eu mantenho-me isolada o máximo que posso. E esforço-me por ignorar o que vejo. Sabe... Este grupo de senadores tem as pessoas mais honestas da cidade.
– Obrigado por partilhar isso. Está a dizer-me que o sistema faz aquilo para que foi criado!
– Por isso é que acho que é errado ocultar-lhes informação dessa natureza.
– Está a dizer-me que não ocultou o seu dom deles?
– Eles sabem. Caius acha que eu estou preparada para o senado, mas não para a cidade.
Por favor, mande-me a sua amiga Troy. Pelo que a sua mente me mostrou, ela pode ser mesmo a pessoa ideal para me ajudar.


Andrómeda tinha sido nomeada para substituir Tiago, um senador que tinha atingido a idade da reforma. Era a primeira vez que havia uma substituição desta natureza no senado. Foi-me apresentada aquando da substituição, mas esta era a primeira vez que eu falava só com ela.

Quando regressei ao palácio, Tinha Troy à minha espera.
– Como foi o senado?
– O habitual. Quero pedir-te um favor.
– Um favor? Diga lá!
– Preciso que avalies psicologicamente uma telepata, e, se passar na tua avaliação, que a prepares para um dia ser minha conselheira.
– Tenciona despedir-me?
– Não, nada disso. Apenas dar-te uma colega de trabalho.
– Quem?
– A senadora Andrómeda.
Troy olhou-me.
– Está descontente comigo?
– Não! Só quero corrigir um erro meu.
– Um erro seu? Nunca me dei conta de erros seus.
– Andrómeda até me acusou de vários. Só que não os considero erros. São riscos necessários.
– Acusou-o? É ousada!
– É uma telepata indisciplinada. Preciso que a ajudes a disciplinar a mente.
– E esse tal erro seu?
– Tenho estado a sobrecarregar-te de trabalho, que, mesmo estando habilitada, muitas vezes não faz parte das funções. Esse tem sido o meu erro. O incidente com NIA, fez com que tu e Solo perdessem as férias em Ria.
– Isso foi decisão nossa! NIA era nossa amiga!
– Sim, eu sei. Como funcionários da corte, e pelo bom trabalho realizada vão ter direito a mais tempo livre. Se Andrómeda passar na tua avaliação estarás a treinar uma futura colega de trabalho.
– Ela vai ser simultaneamente conselheira e senadora?
– Ela ainda não sabe. Mas quando abandonar o senado será minha conselheira.
– Como pode ter tanta certeza?
– Eu sou o imperador.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Histórias do Universo 25
V - O erro do Imperador
( Parte 3 de 4 )

Seguiu-se uma acesa discussão. Mesmo tendo  esclarecido que se tratava de uma missão não oficial do império, e portanto, fora das competências do senado, perguntaram-me se seria sábio deixar os homens de um império já tremendamente evoluído por as mãos em tecnologia daquela natureza. Era um risco que eu não só estava disposto, como precisava de tomar.
O pior é que, eu ainda sabia de uma coisa que não tinha lhes havia contado, nem contei.
Mas havia uma pessoa que passou a sessão toda com os olhos fixos em mim, que me olhava como se soubesse.
Assim que a sessão terminou, Andrómeda continuou a olhar-me fixamente e ao contrário dos outros senadores não saiu do local.
Ouvi a sua voz na minha mente.
“Eu sei.”
Pensei que fosse apenas a minha imaginação, sorri-lhe e saí. Ao chegar à porta, voltei a ouvir na minha mente.
“Volte para trás e enfrente-me.”
Virei a cabeça para trás. Ela continuava a olhar fixamente para mim.
Então, voltei para trás. Pedi aos meus guarda-costas para me esperarem.
Voltei a entrar no senado. Já todos tinham saído, excepto ela.
– Está tudo bem consigo?– Perguntei.
– Não estava a imaginar.– Disse-me ela em voz baixa.– Eu sou telepata. Eu sei o que não nos contou.
– Como?
Ela olhou-me nos olhos.
“Por favor. Aqui, tudo o que dissermos fica gravado...”
Ouvi-a claramente, mas sua boca estava fechada.
Olhei à volta e não vi mais ninguém.
“Não, não está mais ninguém aqui e não se trata de nenhuma forma tecnológica de nanocom. Por favor, vá ter ao meu gabinete.”
E saiu enquanto eu olhava para ela. Seria possível? Uma telepata no senado?
Tornei a sair e pedi aos meus guarda-costas que me levassem ao gabinete da senadora Andrómeda, que, para ser honesto eu não sabia onde era.
Levaram-me. Bateram à porta. Ela abriu, e eu entrei, deixando os homens lá fora.
– Aqui nada fica gravado. Nem mesmo com encriptação, e eu sinto-me mais segura.
– Como é que...?
– Eu sou mesmo uma telepata. O seu precioso sistema que escolhe as pessoas para o senado, seleccionou-me. E sim, eu sei o que nos ocultou.
– Sabe?
– Sim, eu sei das nanites do sistema de regeneração da sua amiga NIA.
– O que têm as nanites da NIA?
– Não se faça desentendido comigo. Eu estou a ver a sua mente enquanto falamos. Preciso mesmo de lhe dizer verbalmente?
– Por favor, faça-me a vontade.
– Num hangar suficientemente evoluído, aquelas nanites permitem construir frotas enormes e poderosas muito rapidamente.  As nanites de NIA, em número suficiente, num dos nossos hangares conseguem fazer com que se fabrique uma enorme frota de estrelas da morte em segundos, e... o corpo de NIA tem a capacidade de produzir essas nanites.
Sim! Ela sabia! Aquele era um segredo que apenas era conhecido por mim e por NIA. A equipa especial que passou três anos com os holo-esquemas dela, para a tentar evoluir a nossa tecnologia teve imensas dificuldades em compreender o funcionamento básico daquele andróide. Acreditar que os homens do Poeta passariam pela mesma dificuldade era uma aposta... Ou seja, a missão poderia ser um grande erro.
Andrómeda aparentemente, tinha simplesmente extraído a informação de mim.
– Talvez tivesse sido mais correcto destruir o que resta de NIA. Não é preciso ser uma telepata para saber que teve uma paixoneta pela andróide! Mas não está à espera de convencer o resto do universo de que não tem interesse naquelas nanites!
Eu estava mesmo sem palavras. E ainda incrédulo.
– Cometeu um erro grave! Contou-nos muita coisa, mas ocultou-nos uma informação fundamental.
– Eu não estou a confirmar nem a negar o que diz.
– Não precisa. Para mim é suficiente saber que lhe disse isto na cara. Você é o imperador, você faz o que quer e entende. Não gosto, mas aprendi a respeitar e até comecei a admirar o seu trabalho. Tem sido respeitável com todos nós e feito verdadeiros milagres na evolução do império.
– Essas nanites não foram capazes de a reanimar. Acho que não são assim tão especiais.
– Eu sei tudo o que lhe passou pela mente enquanto estivemos lá dentro. As horas que passou a decidir se devia ou não salvar NIA. Se não seria mais seguro para todos ter,  por exemplo, cremando o seu corpo ou tê-lo enviado para uma estrela. Até estou a ver que aquelas nanites são resistentes às protanerobacters de Cronos! 
Eu compreendo porque preferiu salvá-la, sacrificado o que lhe parecia ser lógico.
Mas, sendo eu uma cidadã deste planeta, um membro do senado, não posso concordar com a missão de salvamento.
– As suas habilidades telepáticas constam do seu processo?
– Constam sim senhor. Nunca as escondi.
– Gostaria de trabalhar como minha conselheira?
– Não seria apropriado. Eu estou no senado.
– Abandone o senado, eu preciso de uma conselheira com os seus talentos.
– Telepata?
– É a primeira telepata que conheço.
– Eu sei. Também sei que está a imaginar o potencial de uma telepata nos serviços secretos, na agência da aliança, entre os seus seguranças, ou mesmo como imperatriz.
– Como é que faz isso?
– É um dom. mas não fuja ao assunto. Porque é que não nos contou sobre as nanites?

Eu nem precisei de abrir a boca. Os motivos vieram-me imediatamente à cabeça e ela viu-os.
Eu era um livro aberto para esta mulher!


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Histórias do Universo 25
V - O erro do Imperador
( Parte 2 de 4 )

– Caros senhores, todas as vossas questões são relevantes. Não tenho respostas para tudo. As questões sobre os DRH a mim incomodam-me imenso, por eu próprio as ter colocado às nossas forças de segurança. A investigação está entregue aos serviços secretos da aliança, que estão a trabalhar em estreita colaboração com os nossos.
Assim que eu estiver na posse de um relatório com respostas, o presidente Arfen receberá uma cópia que partilhará convosco.
Senadora Andrómeda, a prisão em Phobos está munida de um escudo que devia ser seguro contra teletransporte, mas mesmo assim, o teletransporte foi efectuado. Pensamos que os DRH podem estar a usar uma nova versão da tecnologia. Temos os centros mais avançados do império a utilizar a nossa rede intergaláctica de pesquisas na exploração dessa mesma tecnologia.
Até termos mais informação, não há nada que possamos fazer a não ser esperar que os centros arranjem uma solução.
Senadora Belalinda! As naves enviadas não representam 0.01% da frota astral do nosso império. A verdadeira dimensão da frota é segredo da FAI. Como membro do senado já devia saber que, se lhes pedir essa informação, ela é-lhe dada.
Partilho da sua preocupação que vejam a missão como uma missão hostil, mas tendo em conta a tecnologia contida naquelas naves, recusei-me a enviar a missão sem protecção.
Senador Caius, a caixa de cristal, estava destinada a mim. Não é um mero caixão. É uma caixa de preservação temporal, que está na minha posse desde que uso o título de imperador. Após a minha morte um guardião colocará lá o meu corpo e levá-lo-á para uma pirâmide noutra dimensão.

Assim que disse estas palavras vários senadores levantaram os braços.

– Meus senhores, ainda não respondi a todas as questões colocadas. O segredo da caixa está bem seguro, e apenas Lagrange e Hamilton sabem dele. Mais ninguém sabe o que a caixa é, nem a conseguem sequer abrir.
Cedi a minha caixa porque pareceu-me ser a única forma segura de preservar NIA.
Senhores senadores, NIA é minha amiga pessoal, e admito que durante algum tempo estive fascinado por ela.
A missão, é o meu contributo numa tentativa de salvamento de uma amiga.

Andrómeda levantou o braço, enquanto todos os outros senadores começaram a conversar entre si.
Olhei para Arfen e fiz sinal afirmativo com a cabeça.

– O Imperador cede a palavra à senadora Andrómeda.
– Sua magnificiência, está a dizer-nos que usou a frota para motivos pessoais. Sendo imperador, tem toda a autoridade e legitimidade para fazê-lo. Poderia ter simplesmente nos enviado um comunicado.
Porque é que está aqui? Certamente não foi para dar-nos detalhes sobre o seu, esperemos que longíquo, funeral ou reapresentar-nos a NIA, pois já o tinha feito há dois anos, e mesmo a informação do uso de teletransportadores pelos DRH, poderia vir por mensagem holográfica encriptada. Mas não, teve mesmo a necessidade de vir cá. O que é que ainda não nos contou? É tudo senhor presidente.
Fez-se silêncio.
Arfen olhou para mim mas eu não lhe fiz sinal nenhum.
– Sua magnificiência, vai responder à senadora Andrómeda?
– Sim, Arfen, vou responder.
Cara Andrómeda, até hoje, vocês nunca me pediram satisfações sobre as movimentações da FAI. Esta missão, fê-los mudar isso. Alguma coisa vos chamou a atenção, e eu preciso de saber o quê.
Por outro lado, não quero que o senado se sinta como um organismo que não é respeitado pelo imperador.
Os DRH têm tecnologia superior à nossa. Isso torna-os assunto sério e merecedor da minha presença aqui.
Todos vocês conheceram pessoalmente NIA, e por isso esquecem-se de um facto: Ela tem uma IA aperfeiçoada a partir de uma construída no nosso futuro, e um corpo fabricado com tecnologia alienígena, por IAs extremamente evoluidas. Ela é tecnologia superior!
– Nos últimos milhares de anos já existiram biliões de andróides indistinguíveis de seres humanos. Até que ponto ela é tecnologia superior? – Perguntou Andrómeda.
– Senhora senadora antes de se dirigir ao Imperador, tem de seguir o protocolo – Interrompeu Arfen.
– Tenho holo-esquemas dela que foram examinados pelos melhores peritos do império. Em muitos aspectos ela tem um corpo superior ao nosso. Quem o fez conhecia muito bem a nossa anatomia e melhorou-a em NIA. Não temos tecnologia capaz de reconstruir as partes que foram teletransportadas para fora do organismo dela dentro do seu organismo.
É um pouco como se de repente lhe removessem esferas de massa do seu cérebro. Teria uma morte quase instantânea. Foi isso que aconteceu a NIA. Como se trata isso? Ainda por cima num corpo muito desconhecido pela nossa ciência e tecnologia?
Preocupa-me que o que foi retirado a NIA esteja a ser estudado pelos DRH.
NIA está longe de ser um mero andróide. Ela tem veias, artérias onde correm fluidos e nanites muito mais evoluídas do que qualquer coisa que tenhamos visto.
Assim que me calei fez-se silencio. Todos os senadores olhavam para mim.
Andrómeda olhou para Arfen.
– Mais alguma questão senadora?
– Obrigado presidente, Obrigado Imperador. Estou satisfeita com as suas respostas. Pode dar-nos então detalhes da missão? Se não temos tecnologia para a recuperar, em que é que consiste a missão de Lagrange?
– Levará NIA ao império cientificamente mais evoluído do nosso universo, o do imperador Poeta.
(continua)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Histórias do Universo 25
V - O erro do Imperador
( Parte 1 de 4 )


Sala de reuniões do senado Imperial, Júpiter [1:39:4]

15 de Janeiro de 2017 CO, 10h00m
– Bom dia a todos, está aberta a 7265ª sessão diária do senado imperial. Hoje, contamos com a presença de sua magnificência o Imperador Matemaníaco I.
Recordo aos representantes dos nove planetas que dada a natureza dos assuntos de hoje a sessão está a ser gravada com encriptação fractal multidimensional nível 20, como previsto no artigo XCIX da 1ª constituição do Império.
A presença do imperador foi pedida porque...
Eu sabia porque estava ali sentado.
Há precisamente 20 anos autorizei a criação do senado como um dos mecanismos de apoio na gestão de todo o território. Ao longo dos anos foram-se criando interesses e tive de impor-lhes algumas regras. Afinal, apesar de tudo o imperador era eu!
Para garantir um senado honesto e sem vícios e com amor à pátria todos eles que ali estavam tinham sido seleccionados entre as pessoas mais honestas do povo, dessa lista algumas foram eleitas pelo sistema justo concebido até hoje, sem qualquer campanha eleitoral. Os seus percursos de vida eram publicamente divulgados na Internet-U sem invadir a vida privada, e eram eles que serviam para os eleitores decidir quem queriam para representante.
Cada um deles recebia o salário mínimo, em regime de exclusividade. Todos seus os bens, movimentos e acções são constantemente monitorizados, tal como os das suas famílias, por uma rede de IAs, conhecido como o SAHI (Serviço Artificial de Honestidade Imperial ).
O SAHI mantém a privacidade e a lealdade dos 27 senadores, e de todos os seus antecessores, e age em caso de traição.
Chamaram-me porque autorizei uma missão num pequeno grupo de naves militares, numa situação anómala, e da qual sabiam muito poucos detalhes, tal como muitas outras antes. No entanto, era a primeira vez que me convocavam nestas circunstancias.
A notificação foi-me entregue antes de ontem e era clara. Eu podia responder por escrito, por video, ou holovídeo. Preferi vir cá pessoalmente e encriptar a gravação da sessão. O assunto era sério e tinha de se manter afastado do conhecimento do público

– Obrigado pela sua presença, magnificência. Decerto para dar-nos conhecimento do que está por trás do lançamento de uma pequena frota não havia necessidade de ter se deslocado cá. Poderia ter simplesmente enviado uma comunicação.
– Obrigado Arfen. Meus senhores, eu vim cá porque o assunto é sério, e está relacionado com um caso anterior. Está neste momento a entrar-vos no correio um email que auto apagar-se-á assim que esta sessão terminar.

O email que tinham recebido continha partes do processo imperial Mat20122012coA2Z3S5.
No centro da sala, surge um holograma de NIA, e uma voz artificial começou a ler o email.

“No dia 20 de Dezembro de 2012CO, a andróide NIA foi acolhida como cidadã do império.
Nasceu no planeta Cronos, no sistema Bertrixt, fora do espaço-tempo do nosso universo.
A IA é uma versão aperfeiçoada de uma IA construída no final deste século, mas ligada pela primeira vez, lá, em Cronos, na mente do Comandante David Lagrange da nossa Frota Astral.
O corpo que tem, foi-lhe construido pelos habitantes de Robótica, uma cidade em Cronos.
De acordo com os testemunhos de alguns sobreviventes encontrados à deriva numa das nossas explorações espaciais, mais tarde confirmado pelo centro de pesquisas de Achenar239, é uma combinação de tecnologia alienígena com tecnologia do nosso futuro.
Trabalhou durante dois anos na biblioteca do palácio imperial, em Achenar239, e depois com autorização do próprio imperador concorreu à academia astral, onde após apenas dois anos brilhantes graduou-se com honras. Foi colocada sob o comando de David Lagrange, no cruzador CRZMAT27112012-001, como oficial de tecnologia sem posto militar.
No dia 1 de Dezembro de 2016CO, durante uma viagem para Ria, sede do Império de Aivota foi vítima de uma tentativa de assassinato com teletransportador por um membro dos DRH.
Após o regresso a Júpiter, ainda no hangar, o próprio imperador cede um caixão de cristal onde a fecham, até ser encontrada uma solução.
No dia 11 de Janeiro de 2017CO o imperador cedeu a David Lagrange, uma pequena frota constituída por dez caças pesados, doze cargueiros grandes, um cruzador, uma nave de batalha, um interceptor, um bombardeiro e um destruidor.
A 12 de Janeiro, depois da nomeação e transporte dos últimos oficiais, a frota parte numa missão de natureza científica para tentar reconstruir NIA.”

O holograma desligou-se.
O senador Caius levantou o braço.
Arfen, presidente do senado olhou para mim, e eu “disse que sim” com a cabeça.
–Tem a palavra o senador Caius.
– Obrigado senhor presidente. Obrigado sua magnificência. O seu holovídeo responde a muitas questões mas deixou-me muitas outras. Porquê um caixão de cristal? E porquê cedido pelo imperador? Como entrou um dos DRH numa nave imperial? E desde quando têm eles acesso a teletransportadores? E finalmente, a informação que nos deu sobre a missão do comandante Lagrange sabe a pouco. Qual a importância desta missão para o império? Obrigado.
Haviam outros braços levantados.
Arfen olhou para mim, e eu acenei negativamente a cabeça.
– Peço a todos os senhores senadores que tiverem questões para por ao senhor imperador que mantenham os braços no ar.
Passo a palavra ao senador Julio César.
– Obrigado senhor presidente. Obrigado sua magnificência, pode dizer-os se neste momento os DRH representam uma ameaça significativa para o império, para a aliança, ou para o Universo?
E porque colocou a missão nas mãos de Lagrange e não de alguém mais capaz? Obrigado.
– Passo a palavra à senadora Andrómeda.
Obrigado senhor presidente, obrigado Imperador.
Não me agrada saber que os DRH usam teletransportadores como armas, e sei que recentemente, na colónia prisional de Phobos um membro dos DRH escapou, recorrendo a essa tecnologia. O que é que está a ser feito para controlar os ataques com teletransportadores? Obrigado.

Continuei a ouvir perguntas de mais dez membros do senado.
Todas pertinentes. Eu não era obrigado a responder a nada, e a algumas questões nem podia responder. A outras, não sabia como o fazer.
(continua)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

As aventuras de Capitão Lagrange
Capítulo IV
Os Piratas
( Parte 7 )

Continua daqui. Pode ver um resumo da história até agora aqui.

Várias horas depois, quando NIA acordou, Glorie estava encostada à parede, a dormir.. NIA acordou-a.
– Hum? Olá... Como te sentes?
– Melhor... Obrigado pelo que fez por mim.
– Fiz a minha obrigação.
– Isso inclui dormir aqui?
– NIA, sabes que és um ser único...e muito importante para o David.
– Como está o David?
– Está internado, mas desta vez não me dão acesso a ele porque deixei-o fugir da primeira vez.
– Eles sabem?
– Não. É procedimento normal por parte do chefe. Ele nunca deixa uma equipa ter a oportunidade de cometer os mesmos erros. Eu não gosto nem concordo, mas é ele quem manda.
– Pode sempre dizer-lhe que é bisneta do paciente.
– Sim, posso. Mas não devo. Não confio nele como pessoa. Mas ele é um excelente médico.
– A Glorie também deve ter os seus dotes? Como me livrou das bactérias tão rapidamente?
– Com um upgrade de instrucções às tuas nanites. Agora és imune. Precisas de um banho e de beber muita água nas próximas horas..
– Curou-me muito rapidamente, sendo eu um andróide. Poucos médicos saberiam o que fazer comigo.
– Desde a universidade que programo código de nanites médicas. As tuas não são muito diferentes.
– Eu ainda sei tão pouco sobre o meu corpo.
– É um corpo impressionante.
– E as minhas feridas?
– Respondem a regeneradores como os seres humanos. Nem sequer cicatrizes tens..
– Obrigado. O David tem várias... Não usaram regeneradores nele?
– Gostas muito dele, não gostas?
– Ás vezes penso que é o meu único amigo. Os homens do PéNaCov trataram-me como se eu fosse um objecto. O David fez com que eu me sentisse especial. Mas se calhar, ele tem razão. Eu sou um objecto. Uma máquina!
– Não NIA. O teu corpo pode ser uma máquina. Tu, és uma pessoa.
– Sou uma imitação de uma pessoa... você acabou de me conhecer, Não tem dados suficientes..
– NIA eu conheci-te durante toda a minha vida. A minha mãe adora-a... e eu também. És uma pessoa.
– Conhece-me do futuro?
– Sim, conheço. Estou proibida de te dar detalhes. Só que, eu preciso que tu acredites em ti como pessoa!
– Foste tu que deste as minhas nanites ao David. Conhecíamo-nos antes disso?
– As tuas nanites vieram da fábrica de nanites de Júpiter, e estiveram na minha posse, até finalmente a expedição ter-me trazido para aqui. Tu nasceste quando as nanites foram activadas pela primeira vez nele. A NIA que eu conheci, és tu, o teu futuro quando saires daqui.
NIA olhou Glorie nos olhos durante alguns segundos.
– Não sei como explicar... mas eu sei que falas a verdade. Quem te proibiu de me dares informações sobre o meu futuro?
– Departamento de geometria hiperespacial, secção de mecânica espacio-temporal no centro de pesquisas planetário de Júpiter. Não o planeta Júpiter original, o planeta sede do império.
– Mas pudeste dizer ao David que és bisneta dele!
– Eu tive de dizer-lhe! Não o queria a assediar a sua própria bisneta!
– Podes dizer-me se eu sou tua bisavó?
– NIA, tu e ele são pessoas de espécies distintas. Eu sou bisneta biológica dele.
– Isso é um não?
– Não é um sim.
NIA calou-se e olhou para Glorie...
– Ele gosta de mim.
– É normal. Foste feita “à medida” dele. Tu és nova neste mundo cá fora. Mas, porque perguntas?
Gostas dele?
– .. Um homem abusou de mim...
NIA começou a chorar.
Glorie Abraçou-a.
– Já passou. NIA.
– Podemos estar a viver no caos, mas prometo-te que vai ser feita justiça.
– O único homem que eu quero que se aproxime de mim... é o homem certo.
Glorie acabou por acalmar NIA, e saiu com ela.
Nessa noite NIA dormiu em casa de Glorie

No Hospital destruidor, Ross deu alta a PéNaCov..
– Neste momento, não temos forma nem de lhe regenerar esse braço e mão perdidas, nem mesmo com uma solução ortoprotésica. Estamos mesmo a precisar de pessoal para reparar o nosso equipamento.
– Eu compreendo senhor doutor. E os médicos do futuro, partilham da sua opinião?
– Médicos do futuro? Não, todo o nosso pessoal veio da faixa 2000co-2020co... Não sobreviveram médicos de outras eras.
– Então lamento informá-lo que há uma pessoa da sua equipa a enganá-lo. Há uma médica da sua equipa que é de um século mais à frente.
– Tem uma imaginação muito fértil..
– Acha? Glorie L. Boavida era médica do militar David Lagrange não era?
– Isso é informação confidencial...
– Sim, e a informação de que ela é bisneta dele e ajudou-o a fugir, injectando-o com nanites imperiais da época dela também deve ser secreta.
– Sei quem é o senhor. Só está aqui porque a sua equipa médica faleceu no bombardeamento! Tem a certeza do que diz?
– Sim tenho... Li num blog.
– Num quê?
– Eu e os meus homens tivemos acesso à informação. Acho que precisa de poder confiar no seu pessoal.

(continua)

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

As aventuras de Capitão Lagrange
Capítulo IV
Os Piratas
( Parte 6 )

Continua daqui. Pode ver um resumo da história até agora aqui.

Assim que o Dr. Ross se afastou, Rui dirigiu-se discretamente a uma cabine que havia sido tornada numa sala para descanso dos médicos, pegou no seu comunicador móvel e ligou a Natália.
Natália tinha tirado as luvas e estava a limpar as mãos.
Glorie estava sentada a auscultar NIA, que dormia.
O seu comunicador móvel começou a vibrar.
Natália, pega no comunicador e vira-se para Glorie.
– É o doutor Matos.
– Atende. Deve ter informações sobre o David.
“Sim? Olá Natália. Como estão as coisas por aí?”
“Por aqui, já fizemos o nosso trabalho. A rapariga adormeceu. E por aí, como está o senhor Lagrange?”
“Está cheio de hematomas, vários orgãos danificados... em suma, não está muito melhor do que quando o vimos pela primeira vez.”
“As nanites dele não funcionam?”
“Ele tem o organismo infectado por aquelas bactérias que afectam nanites, mas uma versão nova. Não conseguimos usar o nosso equipamento electrónico nele. Tivemos de recorrer ao equipamento de radiação. Fomos proibidos de lhe administrar antibióticos.
Diz à Glorie que o chefe desta vez vai tratar dele pessoalmente, e restringiu a lista de pessoal que terá acesso a ele, à equipa 3. O paciente foi mandado lá para cima..”
“Está bem, eu digo...”
“E Natália... um beijo para ti”
Natália desligou o comunicador.
– E então?
– O sr. Lagrange foi mandado lá para cima. O dr. Ross restringiu o acesso ao paciente equipa 3.”
– Acesso restrito?
Glorie parou alguns minutos para pensar.
– E como é que ele está?
– O doutor parecia um pouco agitado..
– Não, o David!
– Ah.. O dr. Lagrange “não está muito melhor do que quando o vimos pela primeira vez”, está infectado com batérias que afectam nanites, mas o Dr. Ross proibiu a administração de antibióticos.
– Devem ser das que abandonam o organismo sozinhas, não te preocupes. Assim que as protaneras estiverem em minoria, o David recupera rapidamente. Não me agrada é a ideia de o Dr. Ross ter acesso àquelas nanites.
– Bem Dra. Boavida... Temos uma frota de piratas sobre as nossas cabeças...tem mesmo de pensar nas nanites?
– Aquelas nanites são ... ela – Respondeu Glorie apontando para NIA.
– Desculpe... agora não percebi.
– Ela originalmente era uma IA que servia de interface e geria as nanites do David. Foi transferida para este corpo que ela tem agora, deixando as nanites a ser geridas por algo diferente.
– Uma IA a gerir nanites? Tipo... uma voz interior?!
– Sim.
– Isso é de doidos!
– Sim Natália, é! Aquilo é tecnologia que veio do futuro do Dr. Ross, tal como eu, e modificada por seres mais avançados que qualquer um de nós aqui.
– Como é que sabe isso tudo? O sr. Lagrange pode ser seu bisavô mas...
– Como eu disse... ela é família.
– Família? Ela é um androide, e a Glorie é 100% humana!
– Não seja tão literal Natália! Não precisa de saber tudo! Não confia em mim?
– Sabe que sim...
– Agora, só mesmo se lhe fizerem um exame exaustivo é que percebem que ela não é humana.
Assim que ela acordar... avise-me. Ela vai para casa comigo. Eu já estou fora da minha hora de serviço.
– A minha acabou há cinco minutos.
– Podes ir Natália.
– Se precisar, use o nanocom Dr.a Boavida...
Natália saiu.
Glorie sentou-se frente a NIA, sorriu e disse baixinho:
– A vida pode dar muitas voltas. Só que isto ultrapassa qualquer coisa que eu possa ter imaginado, Nini.!

Entretanto, a bordo do interceptores que aterrou no centro da cratera, dois piratas aproximam-se de uma cama onde estava o pirata que agrediu Lagrange.
– Meu palerma! Tivemos o Lagrange na mão...
– Os anormais que me salvaram deviam ter acabado o trabalho antes de me salvar. Obriga-os a limpar condutas de plasma magnético à mão.
– Já foram castigados... pelo próprio chefe.
– Sabes que não podes te exaltar! Porque não lhe deste simplesmente um tiro?
– Se eu pudesse tinha dado! Não estão a falar com um amador sabem?
– Sim, só com um palerma que teve um ataque cardíaco na altura errada..
– Como se houvesse uma certa...
– O chefe deseja-te as melhoras e mandou-nos voltar lá abaixo, desta vez para acabar de vez com esse (---censurado---)


(Continua)